Homem gasta mais de R$ 1 milhão para restaurar farol de 123 anos nos EUA

O americano Rich Cucé, do estado da Pensilvânia (EUA), já investiu mais de R$ 1,1 milhão em um projeto ambicioso: viver e restaurar o Farol da Ilha Hooper, em Maryland, e toda a Baía de Chesapeake — o maior estuário dos EUA.

O que aconteceu

O governo dos EUA colocou o farol a leilão em 2022. Apesar de parecer incomum, frequentemente a Guarda Costeira e a Administração de Serviços Gerais, órgão da administração federal, disponibilizam antigos faróis históricos para a venda ao público — e alguns deles custam uma pechincha, como já revelou uma reportagem do UOL.

Farol construído em 1902 entrou para o Registro Nacional de Locais Históricos em 2002. A construção foi arrematada por Cucé 20 anos depois, por US$ 192 mil (cerca de R$ 1,1 milhão).

Sonho antigo. Segundo a WBOC, afiliada local da rede de tevê CBS, Cucé é pintor industrial — é dele a empresa Blastco — e queria comprar um farol há anos para restaurá-lo, o que o levou a vender propriedades para reunir o dinheiro.

Cucé fundou o The Lighthouse Centers após adquirir o primeiro farol. A organização trabalha atualmente na restauração de três faróis: além daquele na ilha Hooper, o Craighill Channel Lower Range Front Light, no porto de Baltimore, e o Wolf Trap Lighthouse, na porção inferior da baía de Chesapeake, já no estado de Virgínia, são parte do pacote. Os dois são ainda mais antigos que o primeiro; o mais velho deles completou 151 anos.

O farol da ilha Hooper em 1961, quando serviço de monitoramento costeiro foi automatizado
O farol da ilha Hooper em 1961, quando serviço de monitoramento costeiro foi automatizado Imagem: Divulgação/Guarda Costeira dos EUA

Proposta é dar aos faróis interiores confortáveis, como os de uma casa. No entanto, segundo o site da organização The Lighthouse Centers, eles deverão funcionar como centros educacionais sobre a vida marinha, preservação ambiental e a história da região. Por isso, doações para custear o avanço das obras — além das visualizações de vídeos no canal do Youtube do centro — também servem como fontes de financiamento.

Sempre fui um ambientalista e não há nada mais importante que nossas hidrovias, nossos barômetros do que está acontecendo com o ambiente. Por isso que criei o slogan 'restaure o farol, restaure a baía'. Porque este é o objetivo. Primeiro temos que restaurar o farol porque, caso contrário, não temos de onde trabalhar. Depois vamos começar nossos esforços de restauração para salvar a baía [de Chesapeake]. Rich Cucé à emissora WBOC, em 2023

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Cucé disse que recebeu um enorme apoio da comunidade da ilha Hooper. Ele tem avançado no projeto e o seu primeiro farol já tem banheiro — o que o permite ficar longas horas trabalhando na restauração. A ideia é que ele se torne totalmente habitável em breve, como mostrou uma reportagem do programa "Domingo Espetacular" (RecordTV), para facilitar ainda mais o avanço do projeto em estadias maiores em alto mar.

Parte da estrutura do farol da ilha Hooper, em madeira, durante sua construção em 1901
Parte da estrutura do farol da ilha Hooper, em madeira, durante sua construção em 1901 Imagem: Divulgação/Guarda Costeira dos EUA

Farol da ilha Hooper chegou a ser habitado por quase 60 anos no passado. Faroleiros, que trabalhavam na operação e manutenção da estrutura, viviam por lá. Com a automatização dos processos em 1961, ele deixou de ser habitado e estava praticamente abandonado — o que explica o péssimo estado de conservação antes da compra de Rich Cucé.

Último andar deverá receber observatório. Além disso, haverá serviço de comidas e bebidas para os visitantes que subirem ao topo para admirarem a vista das águas da baía. O investimento total do projeto é estimado em cerca de R$ 7 milhões; faróis deverão usar fontes de energias renováveis, como painéis de energia solar.

Farol da ilha Hooper
Farol da ilha Hooper Imagem: Reprodução/Facebook
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Thomas, um dos filhos de Richard, já é seu parceiro no projeto. A dupla estima que o custo de manutenção de um dos faróis, após o fim das obras, será de US$ 50 mil a US$ 100 mil por ano — o que inclui um barco para fazer o trajeto até o farol. Eles planejam custear estes valores com eventos e visitas turísticas à estrutura, que deverá ser financeira e ambientalmente sustentável, segundo a CNBC.

Obrigações de quem compra um farol

Compradores são obrigados a cooperar com a manutenção da operação pela Guarda Costeira. Afinal, os faróis devem continuar a guiar quem navega pela costa do país.

Há ainda critérios de preservação histórica. Ou seja, o novo proprietário não pode descaracterizar o farol, que muitas vezes tem mais de um século de existência e pode ter participado de missões importantes ao longo do período.

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