'Que tipo de vida estamos vivendo?' Gaza sofre com bloqueios de Israel

Para pressionar grupo palestino Hamas nas negociações de cessar-fogo, Israel deixou de fornecer energia elétrica à única usina de dessalinização em Gaza neste domingo. O país também suspendeu a entrada de mercadorias no território.

O que aconteceu

A falta de energia foi denunciada pela Autoridade Palestina nesta segunda-feira. O Ministério de Relações Exteriores afirmou que a decisão representa "uma escalada no genocídio, nos deslocamentos forçados e no desastre humanitário em Gaza".

Corte afeta principalmente uma estação de tratamento de águas residuais. Segundo a Autoridade Palestina, a usina produzia 18 mil metros cúbicos de água por dia para a população nas áreas central e sul da Faixa de Gaza. Israel já havia cortado o fornecimento de energia a Gaza no início da guerra.

Mohammad Thabet, porta-voz da usina de distribuição de energia de Gaza, afirmou que as pessoas da área serão privadas de água limpa e saudável. "A decisão é catastrófica, os municípios agora serão obrigados a deixar a água de esgoto fluir para o mar, o que pode resultar em riscos ambientais e de saúde que vão além dos limites de Gaza", declarou Thabet à Reuters.

Ação se soma à suspensão das importações de alimentos, medicamentos e combustível, realizada na semana passada. O Hamas descreve a medida como "punição coletiva" e insiste que não será forçado a fazer concessões nas discussões.

Ghada al-Rakab, de 40 anos, está desalojada e vive em uma barraca em Khan Younis. Mãe de seis filhos, ela conversou com a Reuters e afirmou que está lutando para garantir suas necessidades básicas.

Que tipo de vida estamos vivendo? Sem eletricidade, sem água, sem vida, nem sequer vivemos uma vida adequada. O que mais resta na vida? Que Deus nos leve e nos dê descanso Ghada al-Rakab

Preços de alimentos essenciais e combustíveis subiram em Gaza. Muitas pessoas foram forçadas a racionar suas refeições.

Seis das 22 padarias que ainda podem funcionar em Gaza fecharam após ficarem sem gás de cozinha. "As padarias restantes podem fechar em uma semana ou mais se ficarem sem diesel ou farinha, a menos que a passagem seja reaberta para permitir o fluxo de mercadorias", afirma Nasser Al-Ajrami, chefe do sindicato dos padeiros de Gaza.

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A UNRWA (agência da ONU para refugiados palestinos) afirmou que a decisão de suspender a ajuda humanitária ameaça a vida dos civis que vivem na região. Ele disse que a maioria dos 2,3 milhões de habitantes de Gaza depende de ajuda.

Em uma coletiva de imprensa, o comissário-geral da UNRWA, Philippe Lazzarini, alertou sobre o risco de crise de fome em Gaza se Israel continuar a bloquear a entrada de ajuda. "Acho que quanto mais avançarmos (com os bloqueios de ajuda), mais veremos o impacto aumentar sobre a população. E, obviamente, o risco... é que voltemos à situação que vivemos meses atrás, com o agravamento da fome na Faixa de Gaza", afirmou Lazzarini.

(Com AFP e Reuters)

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