Arqueólogos descobrem parte secreta e mais antiga da Muralha da China

Escavações realizadas por uma equipe de arqueólogos no distrito de Changqing, na China, evidenciaram a existência de uma seção da Grande Muralha da China, conhecida como Muralha de Qi, jamais explorada antes. Ela teria sido construída 300 anos antes das demais partes da imponente estrutura.

O que aconteceu

Nova seção da Muralha fez parte da Dinastia Zhou Ocidental. Segundo os especialistas que participaram do processo de escavação, as ruínas datam do final da Dinastia Zhou Ocidental (1046 a.C. - 256 a.C.), englobando também o início do Período da Primavera e Outono (770 a.C. - 476 a.C.).

Área tem cerca de 1.100m² na Vila de Guangli. As escavações foram realizadas pelo Instituto Provincial de Relíquias Culturais e Arqueologia de Shandong no final de 2024, quando os especialistas utilizaram métodos multidisciplinares e tecnologia avançada para classificar a descoberta.

Foram coletados artefatos tradicionais, bem como espécimes como sílica vegetal e ossos de animais. Além disso, colheram amostras para luminescência opticamente estimulada (OSL) e datação por carbono-14, produzindo uma riqueza de descobertas arqueológicas. As informações foram divulgadas pelo periódico Global Times.

Escavações na Muralha de QI
Escavações na Muralha de QI Imagem: Jinan Daily/Global Times

A escavação revelou evidências significativas de vários períodos da construção. A equipe desenterrou grandes estruturas de terra batida, estradas, encostas, fundações residenciais, trincheiras e poços de cinzas, bem como paredes que datam de várias fases do desenvolvimento da muralha Zhang Su, líder do projeto do Instituto Provincial de Relíquias Culturais e Arqueologia de Shandong.

Estruturas podem ser divididas em duas fases: inicial e final. As mais antigas têm cerca de 10 metros de largura e podem ter sido construídas durante a Dinastia Zhou (1046 a.C. - 256 a.C.). Já as construídas mais adiante, na fase final, fazem parte do Período dos Estados Combatentes (475 a.C. - 221 a.C.) e contam com mais de 30 metros de largura.

Com 641 km, a construção pode ter sido feita para proteger o Reino de Qi de invasões. Além dessa nova perspectiva sobre a idade da Muralha, os arqueólogos também encontraram fundações semi-subterrâneas de duas residências que datam da Dinastia Zhou. A descoberta sugere que o local pode ter sido um pequeno assentamento para defesa do rio local.

Sítio arqueológico de Changqing, onde foram encontradas antigas casas e o pedaço mais antigo da Grande Muralha da China de que se tem notícia
Sítio arqueológico de Changqing, onde foram encontradas antigas casas e o pedaço mais antigo da Grande Muralha da China de que se tem notícia Imagem: Divulgação/Instituto de Relíquias Culturais e Arqueologia da Província de Shandong
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Nossa descoberta arqueológica empurra a data de construção da Grande Muralha de volta para o período Zhou Ocidental, estabelecendo-a como a mais antiga Grande Muralha conhecida na China. Ela marca um avanço significativo na arqueologia chinesa e é um marco no esclarecimento das origens e do desenvolvimento da pesquisa da Grande Muralha Liu Zheng, coautor do estudo

Antigo assentamento ligado à cidade de Pingyin também foi descoberto. A 1,5 km ao norte da Muralha de Qi, ele é descrita em textos históricos como uma fortaleza do Reino de Qi por zelar pelo transporte e segurança nas fronteiras.

O traçado, a localização e a infraestrutura associada da Grande Muralha de Qi reflete o planejamento militar avançado do Reino de Qi e a resposta estratégica a ameaças externas. Sua conexão próxima com Pingyin indica que a muralha servia não apenas como mecanismo de defesa, mas também tinha um papel estratégico em controlar rotas-chave de transporte Zhang Su, ao Global Times.

Muralha da China é uma das sete maravilhas do mundo. Construída ao longo de mais de dois milênios, a muralha recebe um público estimado em cerca de 10 milhões de visitantes anualmente.

Errata:

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  • A muralha não é visível do espaço a olho nu. Para enxergá-la, é preciso fazer a observação a partir da órbita baixa da Terra, abaixo de 2 mil quilômetros. Ainda assim, na maioria das situações é necessário o auxílio de instrumentos.

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