OPINIÃO
Trump sofre pressão, mas só deve recuar por reação da Bolsa, diz professor
Do UOL, em São Paulo
12/03/2025 18h21
O presidente Donald Trump sofre pressão externa, mas "só irá recuar se a coisa apertar na Bolsa americana", avaliou o professor e economista Maurício Moura, da Universidade George Washington, em entrevista ao UOL News, do Canal UOL.
Os republicanos também estão pressionando o Trump e agora tem uma pressão, que, segundo o que apurei aqui, é a própria Bolsa de Valores, que está tendo uma semana bastante tensa.
Então, eu acho que, no caso do mercado financeiro, se a coisa na Bolsa apertar, a gente terá um recuo maior [do governo Trump]. Maurício Moura, professor da Universidade George Washington (EUA)
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Desde que assumiu o governo, em janeiro, Trump tem elevado tarifas para produtos de vários países, como Canadá, México, China e o próprio Brasil, entre outros. No caso chinês, as tarifas geraram retaliação de Pequim, que impôs sobretaxas sobre diversos produtos e empresas americanas.
As tarifas alfandegárias protegem a produção local, tornam os produtos estrangeiros mais caros, beneficiando a indústria nacional e garantindo maior competitividade para fabricantes domésticos, mas geram custos que são repassados ao consumidor final. Importadores incorporam esses encargos aos preços de venda, incluindo despesas com transporte e seguro.
Ao Canal UOL, o professor citou a conversa que teve com um senador republicano do estado americano de Maine.
Ele me disse que, por exemplo, no Maine, que produz muita lagosta, a lagosta pescada no Maine vai para o Canadá para ser processada e volta para os Estados Unidos. Então, pela situação atual, a lagosta está sofrendo 50% de tarifa.
Tirando especificamente o ovo, que aumentou muito de preço, e obviamente tem a ver com as tarifas, os outros produtos ainda não começaram a sofrer, porque muitos varejistas aumentaram o estoque dos produtos antecipando eventual tarifa. Então a gente não começou a sofrer isso no dia a dia. Maurício Moura, professor da Universidade George Washington (EUA)
Landim: 'Parte do governo quer entrar na OMC contra Trump'
No UOL News, a colunista Raquel Landim apurou que parte do governo Lula (PT) defende a ideia de entrar na OMC (Organização Mundial do Comércio) contra tarifas adotadas pelo presidente americano, Donald Trump, sobre o aço e alumínio brasileiros.
Existe uma parte do governo brasileiro que quer pelo menos entrar na OMC, mesmo que a OMC não tenha os dentes, para ganhar o respaldo político. Raquel Landim, colunista do UOL
Em fevereiro, Trump disse que países que foram beneficiados por exceções às tarifas impostas pelo próprio republicano em seu primeiro mandato —como é o caso do Brasil, que tem uma cota— aumentaram significativamente suas exportações para os EUA nos últimos anos.
Ontem, Lula enviou recado Trump e pediu para que o republicano falasse manso com ele, enquanto discursava em um evento, em Betim (MG). A declaração se dá em meio às negociações entre Brasil e Estados Unidos sobre tarifas. O governo brasileiro, intermediado pelo vice-presidente Geraldo Alckmin (PSB), tem tentado reduzir a imposição sobre o aço.
EUA impõem tarifa sobre aço brasileiro
Começa a valer hoje a taxa de importação de 25% sobre o aço e alumínio que são enviados pelo Brasil, Canadá e México aos Estados Unidos. A decisão do presidente Donald Trump foi ratificada na semana passada em discurso no Congresso.
Além do aço e alumínio, começam a valer hoje taxas de 25% de importação para outros produtos, como cobre e madeira serrada.
O Brasil deve sentir o efeito da taxação de forma expressiva. O país exporta principalmente produtos semiacabados —placas de aço e tarugos. Ao todo, aproximadamente US$ 6 bilhões (cerca de R$ 35 bilhões) em vendas podem ser impactados com a medida. Coreia do Sul, México e Canadá também saem perdendo.
Especialista: 'Brasil servir de barriga de aluguel para a China é inviável'
A justificativa utilizada pelo presidente americano, Donald Trump, de que o Brasil estaria usando as cotas cedidas pelos EUA para aumentar a exportação de aço vindo da China, de forma camuflada, seria uma prática inviável por várias razões, afirmou o ex-secretário de Comércio Exterior Welber Barral.
Em primeiro lugar, a produção de aço brasileira já é bastante grande e exporta muito porque tem competitividade. Em segundo lugar, porque o Brasil não tem vantagem tarifária nos Estados Unidos, quando comparado com a China. Quem tinha vantagem tarifária era o México e o Canadá.
E, em terceiro lugar, porque importar e exportar no Brasil é muito complexo. O Brasil tem uma burocracia ainda muito pesada na importação, além dos custos no imposto de logísticos, então, na prática isso não é viável. Welber Barral, ex-secretário de Comércio Exterior
A expressão "barriga de aluguel", utilizada pelo colunista do UOL Josias de Souza, se refere a uma prática bastante conhecida no mercado em que uma empresa de um país (neste caso, a China) exporta um produto para outro país (os EUA) usando uma terceira nação como intermediária (o Brasil). Isso pode ocorrer para evitar barreiras comerciais, aproveitar acordos estabelecidos ou camuflar a verdadeira origem. Pode ser considerada uma prática legal ou ilegal dependendo da regulamentação local.
Assista ao trecho no vídeo abaixo:
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