Quarto voo com brasileiros deportados dos EUA pousa em Fortaleza

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Um novo voo de brasileiros deportados dos Estados Unidos pousou em Fortaleza, no Ceará, na manhã de hoje. O grupo é composto por 127 passageiros, segundo o governo do estado.
O que aconteceu
O voo é o quarto com brasileiros que retornam dos EUA desde a posse de presidente Donald Trump, em 20 de janeiro. O primeiro chegou a Manaus e os outros três em Fortaleza. A previsão inicial era que a aeronave chegasse à capital cearense por volta das 9h, mas o voo atrasou e pousou por volta das 11h.
No grupo, estavam 97 homens e 30 mulheres. Segundo informações do governo do Ceará, havia nove crianças, um adolescente e um idoso. 76 passageiros devem seguir para Belo Horizonte, em Minas Gerais, na tarde deste sábado, enquanto 24 sairão por conta própria. 21 foram acolhidos em Fortaleza
Brasileiros devem passar por processo de triagem e receber serviços psicológicos e sociais. O governo do estado informou vai oferecer kits de higiene e alimentação aos passageiros. "O Governo do Estado do Ceará, por orientação do governador Elmano de Freitas, oferece todo suporte necessário para que essas pessoas sejam recebidas com dignidade e nas melhores condições possíveis", afirmou Socorro França, secretária estadual dos Direitos Humanos no estado.
A operação envolve ministérios do governo federal e governo do Ceará. O acolhimento vai contar com equipes das pastas da Justiça, dos Direitos Humanos, da Defesa, das Relações Exteriores e do Desenvolvimento Social, além de equipes da Secretaria de Direitos Humanos do Ceará (Sedih) e da Secretaria Estadual de Proteção Social (SPS).
Em janeiro, passageiros relataram condições degradantes, como uso de algemas e até 12 horas sem alimentação, em um dos voos. Os relatos motivaram críticas do governo brasileiro. Autoridades solicitaram a remoção das algemas ao receber os deportados, afirmando que a prática é incompatível com as normas locais. O episódio reacendeu debates sobre as diferenças culturais, jurídicas e políticas entre os dois países.
Os relatos motivaram críticas do governo brasileiro. Autoridades solicitaram a remoção das algemas ao receber os deportados, afirmando que a prática é incompatível com as normas locais. O episódio reacendeu debates sobre as diferenças culturais, jurídicas e políticas entre os dois países.
Uso de algemas no Brasil e nos EUA
Nos Estados Unidos, o uso de algemas é uma prática comum sob a política de "tolerância zero". De acordo com o advogado e professor de direito migratório, Vinicius Bicalho, a utilização das algemas nos EUA é justificada como uma forma de proteger a integridade dos detidos e das autoridades. "As autoridades justificam a prática dizendo que ela garante a segurança de todos os envolvidos e facilita o cumprimento da lei", afirmou.
Já no Brasil, a abordagem é diferente e visa situações de ameaça iminente. "As autoridades brasileiras evitam o uso de algemas em situações que não representem ameaça imediata. Isso reflete uma preocupação em evitar o constrangimento do detido, alinhada à proteção da dignidade humana", explicou o advogado.
No país, não há uma lei específica sobre o uso de algemas em deportações. O assunto é regulado pela Súmula Vinculante nº 11 do STF (Supremo Tribunal Federal). Essa regra determina que algemas só podem ser usadas em casos necessários, como para proteger a segurança do preso, da polícia ou de outras pessoas, ou para evitar fugas. Além disso, quem decide usar algemas precisa justificar a decisão por escrito, e o uso excessivo pode ser considerado abuso de autoridade. O Código de Processo Penal também reforça que o uso da força deve ser limitado ao necessário para conter a pessoa.
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