Juíza suspende ordem de Trump que proibia pessoas trans nas Forças Armadas

Uma juíza federal bloqueou hoje a ordem executiva do presidente dos EUA, Donald Trump, que proibia a participação de pessoas transgênero nas Forças Armadas. Mais cedo, o republicano sofreu outro revés após um juiz determinar que o governo pare de adotar novas medidas para fechar a Usaid, agência norte-americana de ajuda internacional.

O que aconteceu

Juíza Ana Reyes atendeu a um pedido de liminar feito por pessoas transgênero na ativa ou em processo de alistamento, segundo a CBS News. Porém, a magistrada suspendeu os efeitos da decisão até a próxima sexta-feira (21) para, explicou a juíza, dar tempo ao Departamento de Justiça apelar contra a determinação.

Decisão foi tomada após Reyes realizar audiências no início do mês em que questionou o governo sobre as justificativas para a ordem executiva. "A ironia cruel é que milhares de militares transgêneros se sacrificaram — alguns arriscando suas vidas — para garantir aos outros os direitos de proteção igualitária, que a a proibição militar busca negar a eles", escreveu a juíza.

Proibição está encharcada de animosidade, classificou a juíza. "Sua linguagem é descaradamente humilhante, sua política estigmatiza pessoas transgênero como inerentemente inaptas, e suas conclusões não têm relação com os fatos", criticou Reyes.

Tratamento para pessoas trans nas Forças Armadas será encerrado. A suspensão da ordem acontece um dia após o governo Trump anunciar que encerraria a ajuda a militares no processo de transição de gênero. "Se os veteranos quiserem tentar mudar de sexo, poderão fazê-lo com seu próprio dinheiro", disse ontem Doug Collins, secretário do departamento encarregado pela assistência.

Jennifer Levi, uma das principais advogadas no caso, comemorou a determinação da juíza. "As conclusões factuais inequívocas do tribunal expõem como essa proibição visa especificamente e enfraquece nossos corajosos membros do serviço que se comprometeram a defender nossa nação. Dada a avaliação clara do tribunal, estamos confiantes de que essa decisão permanecerá forte na apelação", afirmou.

Desolada com ordem de Trump

A coronel Bree Fram serviu no Exército dos EUA por 22 anos. Ela nunca imaginou que poderia terminar a carreira assim: por uma ordem do presidente Donald Trump que proíbe pessoas transgênero nas forças armadas.

Durante a campanha no ano passado, Trump criticou a população trans e, ao assumir em janeiro, assinou uma ordem declarando essas pessoas como inaptas para o serviço militar. O Pentágono anunciou que removeria os militares trans e evitaria novos recrutamentos.

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Estou desolada pela perda, não apenas por mim, se chegar a esse ponto, mas por todos nós Bree Fram, em entrevista à AFP

"Acredito que todos queremos poder tirar o uniforme no momento e lugar que escolhemos", disse Fram. "Quando é o seu próprio governo que diz que você precisa tirá-lo porque de alguma forma não é apto para o serviço militar, é doloroso", acrescentou.

As políticas sobre as pessoas trans no serviço militar sofreram um vaivém nos últimos anos. O Exército as permitiu pela primeira vez em 2016, durante o segundo mandato do democrata Barack Obama. Foi então que Fram declarou publicamente ser uma mulher trans.

Mas Trump assumiu o poder um ano depois e lançou suas primeiras medidas para proibi-las. Um tuíte do republicano em 2017 caiu como um raio, afirmou Fram. "A reação inicial foi de choque."

O democrata Joe Biden levantou as restrições em 2021. No entanto, Trump foi reeleito no ano passado com a promessa clara de que voltaria a cortar seus direitos.

*com informações da AFP

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