'Coisa linda': Trump elogia 'tarifaço' um dia após entrada em vigor


Do UOL, em São Paulo
06/04/2025 21h26
Um dia após seu pacote de tarifas para 185 países entrar em vigor, o presidente dos EUA, Donald Trump, chamou hoje a medida de "coisa linda" em uma publicação em sua rede, a Truth Social.
O que aconteceu
"Elas já estão valendo e são uma coisa linda de se ver". Na postagem, Trump voltou a afirmar que os americanos possuem "enormes déficits financeiros com China, União Europeia e muitos outros" e disse que as tarifas "estão trazendo dezenas de bilhões de dólares para os EUA".
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Trump criticou Joe Biden. O presidente chamou o antecessor de sonolento e atribuiu ao governo dele os déficits, que promete "reverter rapidamente".
Único jeito de curar o déficit é com tarifas, afirmou o republicano. "Algum dia as pessoas vão perceber que as tarifas, para os Estados Unidos da América, são uma coisa muito bonita!", concluiu Trump.
Tarifas entraram em vigor ontem
Uma tarifa adicional de 10% passou a ser imposta sobre todas as importações de todos os parceiros comerciais dos Estados Unidos. Isso pode parecer estranho, já que Trump apresentou uma tabela com números diferentes para diversos países. Porém, segundo a ordem executiva, até a próxima quarta-feira, todos os países terão essa mesma tarifa —exceto aqueles que foram alvos de ações específicas anteriormente, como México e Canadá.
Taxa do Brasil é de 10%, e não haverá alterações por enquanto. Missão brasileira pretende viajar aos EUA na semana que vem para retomar discussões para tentar rever valores.
No dia 9 de abril, o aumento das tarifas vai chegar até os valores anunciados por Trump, alguns arredondados. É o caso do Camboja, que terá tarifas de 50%, e não 49% como apresentados pelo presidente no evento na Casa Branca. A lista, disponibilizada como anexo à ordem executiva, inclui apenas os países que cobram mais de 20% de tarifas dos Estados Unidos. Então, o Brasil está fora dela.
Uso da palavra "adicional" no texto da ordem executiva indica que taxas serão somadas às existentes atualmente. Texto do governo americano usa a expressão "tarifa adicional ad valorem" quando menciona a reciprocidade. A expressão, do latim, significa "conforme o valor". Por exemplo: o café não torrado brasileiro é taxado em 9%. Se essa lógica for a real, passará a ter alíquota de 19%.
Se um parceiro comercial retaliar os EUA com tarifas sobre exportações ou outras medidas, Trump pode modificar as tarifas. Autorização está prevista na ordem executiva. Agora, caso um parceiro comercial tome medidas significativas para corrigir acordos comerciais não recíprocos e se alinhar aos EUA em questões de segurança econômica e nacional, o presidente pode reduzir ou limitar as tarifas impostas.
Canadá e México estão fora, neste primeiro momento, das tarifas recíprocas. Os países já tiveram determinações baixadas por Trump em vários itens, e as medidas que começaram a valer ontem não incluem os produtos vendidos pelos dois países, que sequer foram citados na tabela mostrada pelo presidente ou no anexo da ordem executiva.
Outros produtos não entram na tarifa recíproca porque já foram listados em outras ordens executivas desde 20 de janeiro. Isso inclui o aço e alumínio —com taxas de 25%, alimentos, medicamentos e bens essenciais, automóveis e peças automotivas —que tiveram tarifas próprias de 25% iniciadas na quinta-feira, cobre, semicondutores, artigos de madeira e minerais cítricos.
Casa Branca diz que mais de 50 países buscam negociação
Países estão buscando negociar porque "entendem que arcam com boa parte das tarifas", afirmou Kevin Hassett, diretor do Conselho Econômico Nacional da Casa Branca. Ele disse acreditar que o impacto sobre os consumidores americanos será pequeno e negou que as medidas tenham relação com pressões sobre o Fed (Federal Reserve) para reduzir juros.
Taiwan e Vietnã estão entre os países que já buscam diálogo com os EUA. O presidente de Taiwan, Lai Ching-te, propôs iniciar negociações com base em "tarifas zero", nos moldes do acordo entre EUA, Canadá e México. Apesar de ter sido incluído nas tarifas (com taxa de 32%), o setor de semicondutores —principal produto de exportação da ilha— foi poupado.
Lai Ching-te afirmou que Taiwan não adotará retaliações e prometeu manter os investimentos de empresas taiwanesas nos EUA. Exemplo da TSMC, que anunciou um novo aporte de US$ 100 bilhões. O governo da ilha também deve ampliar compras de produtos agrícolas e industriais dos americanos.
Já o Vietnã, que enfrentará tarifa de 46% a partir de 9 de abril, pediu pelo menos 45 dias para se adequar. O líder vietnamita, To Lam, enviou uma carta a Trump pedindo diálogo e afirmou que pretende viajar a Washington no fim de maio para tratar do assunto.
*Com informações da Reuters e da AFP