Após Trump, será difícil mundo recolocar gênio na garrafa, diz professor
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A segunda passagem de Donald Trump pela Casa Branca deixará marcas na economia mundial difíceis de cicatrizar, como mostra a guerra tarifária entre Estados Unidos e China, avaliou Marcos Cordeiro Pires, professor de relações internacionais da Unesp (Universidade Estadual Paulista), em entrevista ao UOL News hoje.
Nos capítulos mais recentes da série de aumentos de taxas de importação entre os dois países, o governo dos EUA estabeleceu uma carga tributária de 145%. A China respondeu com uma nova retaliação, e a alíquota passou de 84% para 125%. "Não há vencedor em uma guerra de tarifas", declarou o presidente chinês Xi Jinping.
Olhando com o pouco de informação que temos, é muito difícil recolocar o gênio na garrafa. Esse é um problema sério. A confiança é um artigo muito difícil de se conquistar, mas muito fácil de se perder. Quando se perde, demora muito para se restabelecer.
Uma questão sobre a qual tentamos encontrar alguma racionalidade na política de Trump é saber o que ele espera ao quebrar essa globalização, com um papel para o dólar, e conseguir obter uma reorganização para a produção continuar nos EUA.
Isso é muito sério. Da mesma forma que as sanções da Rússia em 2022 criaram uma desconfiança muito grande em relação ao dólar, esse tipo de política errática pode colocar a desconfiança no meio da comunidade internacional. Marcos Cordeiro Pires, professor da Unesp
Na visão de Pires, Trump trouxe a desconfiança para as relações internacionais. Ele citou a Europa como um dos casos de ruptura.
O relacionamento entre a União Europeia e os EUA não será mais o mesmo. As desconfianças se espalharam muito, principalmente nas questões comerciais e de segurança.
No governo Biden, foi organizada uma comissão de alto nível entre UE e EUA para definir parâmetros em termos de tecnologia e de comércio. Ela tinha por objetivo tentar isolar o complexo comercial e tecnológico ocidental da China. Com menos de cem dias no cargo, Trump cria uma desconfiança e faz com que a Europa se volte para a China com uma perspectiva diferente.
Como a Europa reagirá? Ela vai virar de costas para a China, colocando em risco o interesse europeu para satisfazer o de Trump? Esse é o principal exemplo de um tiro que está saindo pela culatra, pelo menos até aqui. Marcos Cordeiro Pires, professor da Unesp
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