Ataque dos EUA a porto de combustível do Iêmen mata pelo menos 74

Ataques aéreos dos Estados Unidos a um porto de combustível no Iêmen na quinta-feira (17) resultaram na morte de pelo menos 74 pessoas, segundo a mídia controlada pelos houthis. Mais de 100 ficaram feridas.

O que aconteceu

Pelo menos 171 pessoas saíram feridas nos ataques no porto de combustível de Ras Isa, disse a Al Masirah TV. Segundo o exército americano, a operação tinha como objetivo a destruição da instalação, na costa oeste sobre o Mar Vermelho, para cortar uma das fontes de combustível para o grupo militante Houthi.

Os ataques atingiram diversas regiões do país. A maioria dos bombardeiros, no entanto, miraram o entorno de instalações portuárias, relatou o site de notícias da Al Jazeera. Quatorze ataques atingiram Ras Isa.

"Os quatro primeiros ataques foram realizados enquanto as pessoas trabalhavam." O relato é do correspondente do site, Mohammed al-Attab. Os ataques pegaram os funcionários de surpresa, disse ele, incluindo os motoristas de caminhão que estavam no local durante o bombardeio.

Nós fugimos. As explosões vieram uma atrás da outra, e aí tudo pegou fogo.
Trabalhador do porto, a Al Masirah TV

A agência informou que cinco paramédicos foram mortos ao chegarem para prestar socorro. Imagens do canal mostravam pelo menos dez corpos carbonizados perto dos caminhões em chamas.

O porto é a principal porta de entrada de produtos no Iêmen. Cerca de 70% das importações do país e 80% de sua assistência humanitária passam pelos portos de Ras Isa, Hodeidah e as-Salif.

As forças americanas tomaram medidas para eliminar esta fonte de combustível para os terroristas apoiados pelo Irã e privá-los das receitas ilegais que financiaram os esforços houthis para aterrorizar toda a região durante mais de 10 anos
Comando Central dos Estados Unidos em comunicado

Horas após os ataques, o exército israelense disse ter interceptado um míssil lançado do Iêmen. Sirenes soaram em várias regiões israelenses, mas não houve relatos de vítimas ou danos, informou a BBC Internacional.

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"Crime de guerra"

Ataque dos EUA a porto de combustível do Iêmen
Ataque dos EUA a porto de combustível do Iêmen Imagem: "AFP PHOTO / HANDOUT / AL-MASIRAH TV

O grupo prometeu resistir. O oficial Mohammed Nasser al-Atifi disse à Al Marsirah TV que os "crimes do inimigo americano" não impedirão o povo iemenita de apoiar Gaza, mas "fortalecerão sua firmeza e resiliência".

Segundo o governo Houthi, que controla parte do país, o ataque foi um "crime de guerra". "Afirmamos que o ataque ao porto petrolífero de Ras Isa é um crime de guerra completo, já que o porto é uma instalação civil e não militar", disse em um comunicado.

Consideramos o governo dos EUA totalmente responsável pelas consequências resultantes de sua escalada no Mar Vermelho.
Houthis, em nota

Washington realiza bombardeios quase diariamente desde 15 de março para tentar acabar com o grupo. No mês passado, dois dias de ataques mataram mais de 50 pessoas, segundo autoridades houthis.

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O grupo teria lançado mais de 100 ataques contra embarcações supostamente israelenses. As ações seriam uma resposta à guerra de Israel em Gaza. A menos que o grupo cesse esses ataques, os Estados Unidos prometeram manter a ofensiva intensificada no mês passado na maior operação militar americana no Oriente Médio desde que Donald Trump assumiu a presidência, em janeiro.

Os Estados Unidos iniciaram uma operação contra os houthis sob o governo de Joe Biden. Desde novembro de 2023, os houthis lançaram dezenas de ataques com drones e mísseis contra embarcações que transitam pela hidrovia, dizendo que estavam mirando navios ligados a Israel em protesto contra a guerra em Gaza.

Eles interromperam os ataques às rotas de navegação durante um cessar-fogo de dois meses em Gaza. Embora tenham prometido retomar os ataques depois que Israel retomou seu ataque a Gaza no mês passado, não reivindicaram nenhum desde então.

Os houthis

O Iêmen foi devastado por uma guerra civil que começou há 10 anos. Quando os houthis tomaram o controle do noroeste do país, uma coalizão liderada pela Arábia Saudita, apoiada pelos EUA, interveio.

Os conflitos teriam deixado mais de 150 mil mortos. Cerca de 4,8 milhões de pessoas foram deslocadas e 19,5 milhões —metade da população— precisaram de alguma forma de ajuda.

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Desde novembro de 2023, os houthis têm atacado dezenas de navios mercantes. Eles utilizaram mísseis, drones e pequenos barcos no Mar Vermelho e no Golfo de Áden para afundar dois navios, apreender um terceiro e matar quatro tripulantes.

Com AFP e Reuters

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