Progressista, papa Francisco também criou polêmicas com frases homofóbicas

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Apesar das medidas progressistas, papa Francisco também ocupou o noticiário por falas homofóbicas. Em maio de 2024, segundo a imprensa italiana, ele orientou que bispos não aceitassem padres abertamente gays porque já existe "viadagem demais" nos seminários. Na ocasião, ele pediu desculpas e um porta-voz do Vaticano afirmou que o papa nunca teve a intenção de ofender ninguém.
Ele teria repetido a expressão homofóbica em junho de 2024. De acordo com a imprensa italiana, o pontífice afirmou que havia um "ar de viadagem no Vaticano" em uma reunião com padres romanos. Ele chegou a recomendar que jovens com "tendência homossexual" não recebessem permissão para entrar em seminários.

Na época, o Vaticano apenas disse que o papa reiterou a necessidade de acolher as pessoas homossexuais na Igreja, mas recomendou cautela em relação à admissão delas em seminários.
Ainda segundo a imprensa italiana, o papa Francisco disse, em outra reunião fechada, que "fofocar é coisa de mulher". "Temos calças, por isso temos de dizer coisas", teria afirmado.
Falas sobre denúncias de abusos sexuais de sacerdotes
O ponto mais baixo do pontificado do Papa Francisco, ele mesmo reconheceu, foi sua viagem ao Chile, em 2018, quando foi questionado pela imprensa sobre denúncias contra o bispo Juan de la Cruz Barros Madrid. Barros teria acobertado abusos cometidos pelo padre Fernando Karadima a partir da década de 1980.
Francisco, em uma reação imediata, declarou que "não havia provas" contra Barros - fala que, conforme descreveu uma das vítimas, Juan Carlos Cruz, foi chocante. Posteriormente, ao se reunir com vítimas, o pontífice reconheceu seu erro, pediu perdão, iniciou uma ampla reforma no episcopado chileno, demitindo bispos e reorganizando dioceses. Mais tarde, nomeou Cruz membro da Pontifícia Comissão para Proteção de Menores, um organismo no Vaticano.

A experiência chilena, entretanto, foi uma conversão do papa Francisco ao que chamou de "tolerância zero" com abusos sexual e moral perpetrados por membros do clero. Além de facilitar o afastamento de sacerdotes acusados - entre eles o poderoso cardeal americano Theodore McCarrick - e criar novas organizações de pesquisa, formação e escuta sobre o tema, algo que Bento 16 já havia iniciado, seu principal objetivo foi o de criar regras claras para toda a Igreja e instituir a obrigatoriedade da legislação em todos os níveis eclesiais.
Em 2019, ele convocou um encontro histórico: 190 representantes de todo o mundo, no Vaticano, discutiram "A proteção dos menores na Igreja". No encerramento do evento, que buscou aumentar a consciência sobre o problema, o papa disse: "Se apenas um único caso de abuso - que já é uma monstruosidade - for detectado na Igreja, ele será tratado com a máxima seriedade. Irmãos e irmãs: na raiva justificada do povo, a Igreja vê o reflexo da ira de Deus, traída e esbofeteada por essas pessoas consagradas desonestas, [os abusadores]." Após o encontro, Francisco também criou e ajustou regras para toda a Igreja, em 2019 e 2023. Ele acrescentou que "é necessária uma conversão contínua e profunda dos corações" de todos na Igreja.
Um papa progressista
Ao longo do seu pontificado, o papa Francisco foi interpretado como um líder religioso mais progressista do que seus antecessores. Em abril de 2023, o Vaticano anunciou que permitiria que mulheres e leigos pudessem votar no sínodo seguinte. O evento funciona como uma espécie de consulta do líder religioso sobre um assunto determinado.
Em agosto de 2023, ele disse que as mulheres transexuais também são "filhas de Deus". Na ocasião, o papa lembrou da primeira vez que recebeu um grupo no Vaticano. "Elas saíram chorando, dizendo que eu havia dado a mão a elas, um beijo... Como se eu tivesse feito algo excepcional com elas. Mas são filhas de Deus! Ele gosta de você assim".

Em novembro daquele ano, o Vaticano considerou que uma pessoa transexual pode ser batizada "como o resto dos fiéis" e apadrinhar pessoas e casamento na Igreja Católica, mas com condições. A nova abertura foi assinada pelo papa Francisco em resposta canônica a uma série de dúvidas sobre o tema apresentada pelo bispo brasileiro de Santo Amaro, José Negri.
Segundo o texto, um transexual, que também tenha sido submetido a tratamento hormonal e cirurgia de redesignação sexual, pode receber o batismo, nas mesmas condições dos demais fieis. Porém, não pode haver situações risco de gerar escândalo público ou desorientação nos fiéis. A decisão fica a critério dos padres, que devem ter prudência.
Em dezembro de 2023, o Vaticano autorizou a bênção a casais de pessoas do mesmo sexo e "em situação irregular" para a Igreja. O documento aprovado pelo papa, no entanto, deixa clara a oposição ao casamento homossexual. O documento reforça que o matrimônio "está diretamente ligado à união específica de um homem e uma mulher".
As medidas causaram reação na ala conservadora da Igreja Católica Romana. Um documento divulgado em fevereiro de 2024 define as sete prioridades de um próximo conclave, reunião para escolher o próximo papa, "para reparar a confusão e a crise criada" pelo atual pontificado.
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