Conclave: entenda como é o ritual de escolha de um novo papa

Quando um Papa morre ou renuncia, uma assembleia de cardeais estabelecida por regras rígidas acontece para escolher o sucessor, denominada como conclave. Neste ritual, os cardeais se isolam para evitar pressões externas até a definição do novo líder à frente da Igreja Católica.

O passo a passo do Conclave

A palavra "conclave" vem do latim, "cum clavis", e significa precisamente "fechado à chave". O sistema de fechar os cardeais teve início no Concílio Lyon II (1274).

O camerlengo assume a administração da Igreja Católica durante o período de Sé Vacante. Essa fase corresponde entre a morte ou renúncia de um papa e a escolha de seu sucessor. Ele é o responsável por cuidar do sigilo da votação e elabora um relatório com o resultado.

Após a morte de um papa, tradicionalmente, os cardeais eleitores costumam esperar quinze dias para dar início ao conclave. O prazo foi estipulado pela "Universi Dominici Gregis", uma Constituição Apostólica publicada por João Paulo 2º em 1996, que trata das normas para a vacância da Sé Apostólica e a eleição do Romano Pontífice. Porém, antes de renunciar, o Papa Bento alterou as regras para permitir que se começasse mais cedo, se assim for o desejo dos cardeais.

No entanto, os cardeais podem adiar o início do processo. O Colégio dos Cardeais tem a faculdade de postergar o início da eleição por mais alguns dias, caso existam motivos graves.

O período máximo de espera, porém, é de 20 dias. Passado esse tempo desde o início da Sé vacante, todos os cardeais eleitores presentes no Vaticano são obrigados a proceder à eleição.

A eleição acontece dentro da Capela Sistina, no Vaticano. O voto é secreto e depositado em uma urna. O número de votos do escolhido não é divulgado.

Capela Sistina, parte do Palácio Apostólico e local onde são realizados os conclaves
Capela Sistina, parte do Palácio Apostólico e local onde são realizados os conclaves Imagem: Wikimedia Commons

Os cardeais são proibidos de qualquer tipo de comunicação com o exterior durante o conclave. Eles não podem enviar mensagens eletrônicas ou alimentar suas contas nas redes sociais. Em seguida, as portas são fechadas, as chaves retiradas, e o isolamento é assegurado pelo cardeal camerlengo no interior, e pelo prefeito da Casa Pontifícia no exterior.

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No início do conclave, os cardeais fazem um juramento de silêncio. Além dos cardeais, todos os funcionários do serviço que têm acesso a eles também deverão jurar que manterão segredo sobre tudo o que tiver relação com as reuniões, sob pena de excomunhão.

Podem votar todos os cardeais com menos de 80 anos. O número máximo de cardeais eleitores no processo é de 120.

Diversas nacionalidades participam do pleito. Não são apenas cardeais do Vaticano ou da Itália que compõem a eleição. Atualmente, há cardeais eleitores do México, da Índia, da França, da Ucrânia e do Brasil.

Para ser eleito, um cardeal precisará de pelo menos dois terços dos votos. Os cardeais não têm direito de se abster nem de votar em si mesmos.

A tradição diz que o primeiro dia tem apenas uma votação. Na sequência, acontecem duas votações matutinas e duas vespertinas na Capela Sistina. Duas vezes ao dia, uma depois de cada rodada, as cédulas são queimadas.

Não há um prazo específico para o conclave. Uma das maiores eleições da história foi a do papa Gregório 10º, em 1268. Na ocasião, a escolha do papa durou quase três anos. Na história moderna, os conclaves já não demandam tanto tempo. A eleição do papa Francisco, por exemplo, durou dois dias.

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Um repique de sinos de São Pedro se somará ao anúncio do evento, e assim tudo será mais claro para a imprensa e católicos que seguirão o evento. Se depois do terceiro dia nenhum candidato alcançar o mínimo exigido, a Constituição estabelece uma pausa de 24 horas, que será dedicada "à oração, ao colóquio (...) e a uma breve exortação espiritual".

Se ocorrerem outras sete votações inúteis, será feita outra pausa de um dia. O último ato do conclave é a pergunta que três cardeais fazem ao eleito: "Aceita sua eleição como Sumo Pontífice?". Após a resposta afirmativa, segue outra pergunta: "Quo nomine vis vocari?" ("Como quer ser chamado?").

Sala das Lágrimas, na Capela Sistina
Sala das Lágrimas, na Capela Sistina Imagem: Osservatore Romano/Reuters

Fumaça anuncia que novo papa foi eleito

Três cardeais são escolhidos para a contagem dos votos. A cor da fumaça que sairá da chaminé anuncia ao mundo o resultado. Preta, se ainda não houver uma decisão, e branca, se um novo papa tiver sido eleito.

Depois de ser parabenizado pelos cardeais, o sucessor escolhe livremente o seu nome. Na sequência, o escolhido se dirigirá a uma pequena sala contígua onde o esperam três hábitos papais (de tamanhos pequeno, médio e grande) para se vestir.

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O local é chamado de "Sala das Lágrimas". Explica-se: os eleitos, sem exceção, choram ali em relativa intimidade diante da magnitude da responsabilidade que acabam de assumir.

A tradição ainda prevê a ida do papa à sacada da basílica de São Pedro depois que o protodiácono anunciar aos fiéis: "Habemus papam!" (temos um Papa). Assim, o novo pontífice é apresentado à multidão reunida na praça de São Pedro, no Vaticano.

Morte do papa Francisco

Papa Francisco em aparição pública pela primeira vez após internação
Papa Francisco em aparição pública pela primeira vez após internação Imagem: Remo Casilli/Reuters

Vaticano confirmou a morte de Jorge Mario Bergoglio, 88, na manhã de hoje. Causa da morte ainda não foi informada, mas Francisco fez aparições públicas ao longo da semana, andando de Papamóvel e abençoando fiéis na manhã de ontem.

Ele estava em processo de recuperação de uma doença. O papa passou 37 dias internado em um hospital de Roma após um quadro de bronquite e pneumonia. Ao receber alta, ele foi orientado a repousar por dois meses.

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Apesar da orientação, Francisco fez uma sequência de aparições públicas na Semana Santa. Além de saudar fiéis, ele recebeu o vice-presidente dos Estados Unidos e visitou um presídio de Roma.

*Com informações da AFP

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