Família papal: Igreja já teve papa que foi filho de outro pontífice

Há cerca de 1.500 anos, a Igreja católica nomeava como papa o santo italiano Hormisda, cujo filho, São Silvério, também se tornou pontífice pouco mais de duas décadas depois do pai deixar o papado.

O que aconteceu

Natural de Frosinone, na Itália, Hormisda foi um sacerdote viúvo nomeado o 52º papa. Ele tornou-se bispo após a morte de sua esposa e assumiu o papado no ano de 514 por 9 anos, até 523, quando faleceu, segundo o Vatican News, portal oficial da Santa Fé.

Pontificado de Hormisda é recordado pela reconciliação entre as Igrejas de Roma e Constantinopla. Ainda de acordo com o Vatican News, que não divulga detalhes sobre a história do pontífice italiano, ele foi um dos responsáveis por encerrar uma disputa de crenças entre alas ortodoxas e católicas que durou cerca de 35 anos e marcou a história do cristianismo.

Quando casado, se tornou pai de Silvério, eleito 58º papa da Igreja de Roma, em 536. Segundo divulgado pelo portal da Com Shalom (Comunidade Católica Shalom), associação brasileira de fiéis critãos reconhecida pelo Vaticano em 2012, ao contrário do que relatam alguns escritos biográficos, Silvério não foi sucessor imediato do próprio pai. Entre os dois pontificados, outros haviam assumido a liderança da Igreja, entre eles, os papas João I, Félix III, João II e Agapito I.

Papado de Silvério durou pouco mais de um ano. Ainda segundo a Com Shalom, quando eleito para assumir a liderança da Igreja, Silvério era apenas um subdiácono, mas atuou como "um dos mais corajosos papas da história". Ele teria negado ordens de uma imperatriz bizantina que pretendia nomear "bispos hereges" e, por isso, foi preso duas vezes e abdicou do papado em novembro de 537. Pouco depois, faleceu, por problemas de saúde.

O que diz a Igreja sobre sacerdotes com filhos

Papas e padres não podem ter filhos. A Igreja Católica exige desde o século 12 que os sacerdotes vivam no celibato, o que significa que não podem casar-se nem ter filhos.

Vaticano já confirmou a existência de um protocolo para lidar com padres que tiveram filhos depois de terem jurado celibato. Em 2019, Alessandro Gisotti, porta-voz do papado, afirmou ao jornal The New York Times que o "princípio fundamental" do documento, criado apenas em 2017, é "proteger as crianças" que nasceram dessas relações. Sem entrar em detalhes sobre as diretrizes, Gisotti limitou-se a revelar que, de acordo com as regras, os padres que têm filhos são obrigados a deixar suas funções religiosas para "assumir a responsabilidade como pais, dedicando-se exclusivamente à criança".

Quando confrontado pela questão milenar, papa Francisco demonstrou abertura para que o celibato se tornasse facultativo em alguns casos. "Não é um dogma de fé", afirmou em 2018. "É uma regra de vida que eu aprecio muito e acredito que seja um dom para a Igreja. Não sendo dogma de fé, sempre temos a porta aberta", acrescentou.

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Já em janeiro de 2019, o papa classificou como "corajosa" uma declaração do papa Paulo 6º que defendia a regra. "Prefiro dar a vida antes de mudar a lei do celibato", dizia o pontífice. Depois, contudo, na mesma ocasião Francisco ressaltou: "Pessoalmente, penso que o celibato seja um dom para a Igreja e não concordo em permitir o celibato opcional. Permaneceria alguma possibilidade nos lugares mais distantes, como nas ilhas do Pacífico, mas é algo a se pensar quando há necessidade pastoral. O pastor deve pensar nos fiéis" (leia mais aqui).

*Com Deutsche Welle

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