Teólogo diz que próximo papa não deve ser brasileiro: 'Pouco provável'

Após a morte do papa Francisco, é pouco provável que um brasileiro ou latino-americano seja escolhido como novo pontífice, afirmou o teólogo e historiador Gerson Leite de Moraes em entrevista ao UOL News, do Canal UOL.

De fato, me parece que o brasileiro não tem muita chance. O brasileiro aparece nas listas, há todo um desejo para que haja uma continuidade de um latino-americano à frente da Igreja Católica.

Mas me parece um pouco exagerado esperar a vitória de um brasileiro, um segundo latino-americano logo depois do papa Francisco, um papa que promoveu grandes reformas, reformas importantes, algumas delas que ainda precisam ser consolidadas.
Gerson Leite de Moraes, teólogo e historiador

O papa Francisco morreu na manhã de ontem (21) após sofrer um AVC (acidente vascular cerebral) e ter insuficiência cardíaca. O falecimento do líder da Igreja Católica aos 88 anos comoveu o mundo, levou à manifestação de autoridades e revelou, uma vez mais, o poder de influência que possui um pontífice.

Dois cardeais brasileiros figuram na lista de possíveis sucessores: o paulista Dom Sérgio da Rocha, 64, arcebispo de Salvador (BA) é o favorito, segundo especialistas em Vaticano. Já o ex-arcebispo de Teresina e Brasília Dom Sérgio também aparece entre os possíveis nomes para assumir o cargo.

Ao Canal UOL, no entanto, o professor Leite de Moraes explicou que sempre há mistérios no processo para a escolha de um novo papa, mas lembrou que o favoritismo de religiosos nas bolsas de aposta nunca é confirmado.

É lógico que, em se tratando de um conclave, nós estamos sempre diante de algo misterioso —até usando a figura da própria Igreja—. De fato, há um mistério muito grande nesse processo. Mas olhando para algumas possibilidades, algumas questões que envolvem a escolha do papa, me parece que um segundo latino-americano é algo pouco provável.

É importante também frisar que, nesse processo de escolha dos papas, aquele que entra papável geralmente sai cardeal. Então é importante levar isso em consideração. Na bolsa, apostas, aqueles que geralmente se destacam, geralmente não levam. Gerson Leite de Moraes, teólogo e historiador

Professor: 'Ter papa europeu pode fortalecer imagem da região em momento delicado'

O professor disse que o Santo Padre pode fortalecer a imagem da Europa —em um momento delicado, atacada pela "megalomania" do presidente americano Donald Trump— num momento de crise na geopolítica internacional.

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É difícil você chegar a condição de papa: antes de mais nada, um homem, e isso exclui as mulheres. Você tem que ser uma pessoa ligada à igreja, ser um homem com uma lista de trabalhos muito significativos em prol da igreja, você tem que acender e acumular capital religioso, cultural, político, eclesiástico dentro da igreja, ter a sorte necessária de ser nomeado cardeal.

E depois tudo isso ainda, entre um colegiado com mais de 100 pessoas, atualmente com 135, ser escolhido entre esses. É um processo, é um vestibular muito difícil de ser, de ser êxito, de obter.

No passado, nós tivemos brasileiros que estavam em destaque em algum momento, mas, na atualidade, me parece que a conjuntura política internacional não favorece a figura do brasileiro. Por quê? Por exemplo, em que medida a geopolítica vai determinar o pensamento desses cardeais. Nós temos, por exemplo, uma Europa que agora se vê numa situação bastante delicada.

Então, ter um papa europeu nesse momento, seja ele espanhol, seja ele francês, seja ele um italiano, não me parece um absurdo. Me parece, inclusive, uma jogada bastante interessante para fortalecer a Europa nesse xadrez intrincado da geopolítica internacional. Gerson Leite de Moraes, professor e teólogo da Universidade Presbiteriana Mackenzie

Cortella: papa tem impacto na vida de todos, mesmo que você não queira

No UOL News, o professor, filósofo e ex-carmelita Mario Sergio Cortella afirmou que um pontífice não possui dinheiro nem exército, mas tem um impacto simbólico na vida de muita gente, mesmo que as pessoas não queiram.

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Usando aí uma frase antiga: o papa é pop, isto é, impacta aquilo que ele tem, aparece de alguma forma na vida das pessoas. Mario Sergio Cortella, professor e ex-carmelita

Para Cortella, o líder da Igreja Católica, com cerca de 1,3 bilhão de seguidores, é uma figura de comando que influencia o dia a dia das pessoas.

Pessoas que se declaram conectadas ao mundo católico e, portanto, que têm alguma ligação, inclusive, de comando ou mesmo de obediência relativa ao papa, dá um bilhão e meio de pessoas. Um bilhão e meio de pessoas é um número significativo para você imaginar que tem alguma interface com uma figura de comando, como é o caso de um papa.

Cortella: 'Eu queria ser o primeiro papa brasileiro'

Ao Canal UOL, Cortella disse ainda que chegou a entrar para o convento da Ordem dos Carmelitas Descalços e que o seu objetivo era se tornar "o primeiro papa brasileiro".

Quando eu era menino em Londrina, que é a minha cidade de origem, eu decidi, na minha simples humildade, que eu ia ser o primeiro papa brasileiro. E quando eu entrei na universidade para fazer filosofia, em 1973, eu entrei concomitantemente num convento. Nele, eu fiquei por três anos. E depois eu decidi que iria seguir com a carreira acadêmica. Mario Sergio Cortella, professor e ex-carmelita

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Assista à entrevista:

Onde e quando será o funeral de Francisco

O funeral do papa Francisco será realizado no próximo sábado, informou o Vaticano. A cerimônia começa às 10h, no horário local de Roma (5h no horário de Brasília) e será aberta ao público.

A data e demais detalhes foram decididos em uma reunião de cardeais hoje. O arcebispo irlandês Kevin Joseph Farrell, que ocupa o cargo de Carmelengo, consultou bispos, presbíteros e diáconos para acertar a liturgia fúnebre. As reuniões dos cardeais são presididas pelo cardeal decano, o italiano Giovanni Battista Re.

A celebração acontece no átrio da Basílica de São Pedro. A missa das Exéquias, como é chamada, será presidida pelo cardeal Giovanni Battista Re, decano do Colégio Cardinalício.

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Ao final, acontecem os ritos da Última Commendatio e da Valedictio — despedidas solenes que marcam o encerramento das exéquias — e, em seguida, o caixão será levado novamente para o interior da Basílica de São Pedro e, de lá, transferido para a Basílica de Santa Maria Maior, onde será realizada a cerimônia de sepultamento.

O UOL News vai ao ar de segunda a sexta-feira em duas edições: às 10h, com apresentação de Fabíola Cidral, e às 17h, com Diego Sarza. Aos sábados, o programa é exibido às 11h e 17h, e aos domingos, às 17h.

Onde assistir: Ao vivo na home UOL, UOL no YouTube e Facebook do UOL. O Canal UOL também está disponível na Claro (canal nº 549), Vivo TV (canal nº 613), Sky (canal nº 88), Oi TV (canal nº 140), TVRO Embratel (canal nº 546), Zapping (canal nº 64), Samsung TV Plus (canal nº 2074) e no UOL Play.

Veja a íntegra do programa:

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