Qual foi o conclave mais demorado? Eleição papal já levou quase 3 anos
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O tempo médio dos conclaves dos últimos anos tem reduzido se comparado ao passado. O processo mais longo da história teve a escolha do papa Gregório 10º, que durou 34 meses.
O que aconteceu
A definição de um novo papa nem sempre foi rápida. A duração dos conclaves é condicionada ao contexto político de cada século. O processo mais longo da história teve a escolha do papa Gregório 10º, que durou 34 meses para a escolha.
Após a morte de Clemente 4º, em 1268, os cardeais se reuniram em Viterbo para eleger o novo pontífice. O conclave começou no dia 29 de novembro de 1268. Essa eleição papal ficou conhecida como "O Conclave de Viterbo", e o longo período gerou alguns desdobramentos.
A indefinição gerou impaciência na população e medidas drásticas. Primeiro trancaram as portas do Palácio Papal de Viterbo, depois racionaram a alimentação dos cardeais. Por fim, removeram parcialmente a cobertura do local. As divisões internas impediram que se formasse a maioria necessária para a escolha do novo pontífice.
Gregório 10º foi eleito em 1º de setembro de 1271. O episódio, inclusive, determinou o conclave como conhecemos nos dias atuais. Gregório 10º estabeleceu as normas da sequência do processo. No decorrer dos séculos, porém, houve alterações, mas sem eliminar a essência.
O conclave mais curto aconteceu em 1503. Júlio 2º foi alçado ao cargo apenas após 10 horas.
O processo tem sido aperfeiçoado no decorrer dos anos. Na década de 1970, o papa Paulo 6º estabeleceu o máximo de 120 cardeais eleitores no conclave. Em 1996, João Paulo 2º estipulou regras mais modernas, mas manteve as diretrizes da Constituição Ubi Periculum, que foi assinada por Gregório 10º.
Os conclaves não ultrapassaram cinco dias de duração no século 20. Os cardeais precisaram de três dias para a escolha de Paulo 6º, em 1963, com seis votações. Com João Paulo 1º, em 1978, foram dois dias, com quatro votações. O sucessor, João Paulo 2º, no mesmo ano, foi eleito em três dias, com oito votações.
- Papa Pio 10º (1903) - Cinco dias - votações: 7
- Papa Bento 15 (1914) - Quatro dias - votações: 10
- Papa Pio 11 (1922) - Cinco dias - votações: 14
- Papa Pio 12 (1939) - Dois dias - votações: 3
- Papa João 23 (1958) - Quatro dias - votações: 14
Século 21 tem conclaves com definições rápidas. Bento 16 (dois dias, com quatro votações) e Francisco (dois dias, com cinco votações).
A escolha pelo papa Francisco durou apenas cinco votações, em 2013. Os cardeais precisaram de cerca de 27 horas para definir o novo pontífice no último conclave realizado.
Passo a passo do conclave
Após a morte de um papa, tradicionalmente, os cardeais eleitores costumam esperar quinze dias para dar início ao conclave. Porém, antes de renunciar, o Papa Bento alterou as regras para permitir que se começasse mais cedo, se assim for o desejo dos cardeais.
Os cardeais também podem adiar o início do processo. O Colégio dos Cardeais tem a faculdade de postergar o início da eleição por mais alguns dias, caso existam motivos graves.
O período máximo de espera, porém, é de 20 dias. Passado esse tempo desde o início da Sé vacante, todos os cardeais eleitores presentes no Vaticano são obrigados a proceder à eleição.

A eleição acontece dentro da Capela Sistina, no Vaticano. O voto é secreto e depositado em uma urna. O número de votos do escolhido não é divulgado.
Os cardeais são proibidos de qualquer tipo de comunicação com o exterior durante o conclave. Eles não podem enviar mensagens eletrônicas ou alimentar suas contas nas redes sociais. Em seguida, as portas são fechadas, as chaves retiradas, e o isolamento é assegurado pelo cardeal camerlengo no interior, e pelo prefeito da Casa Pontifícia no exterior.
No início do conclave, os cardeais fazem um juramento de silêncio. Além dos cardeais, todos os funcionários do serviço que têm acesso a eles também deverão jurar que manterão segredo sobre tudo o que tiver relação com as reuniões, sob pena de excomunhão.
Podem votar os cardeais com menos de 80 anos. O número máximo de cardeais eleitores no processo é de 120.
Diversas nacionalidades participam do pleito. Não são apenas cardeais do Vaticano ou da Itália que compõem a eleição. Atualmente, há cardeais eleitores do México, da Índia, da França, da Ucrânia e do Brasil.
Para ser eleito, um cardeal precisará de pelo menos dois terços dos votos. Os cardeais não têm direito de se abster nem de votar em si mesmos.
A tradição diz que o primeiro dia tem apenas uma votação. Na sequência, acontecem duas votações matutinas e duas vespertinas na Capela Sistina. Duas vezes ao dia, uma depois de cada rodada, as cédulas são queimadas.
Três cardeais são escolhidos para a contagem dos votos. A cor da fumaça que sairá da chaminé anuncia ao mundo o resultado. Preta, se ainda não houver uma decisão, e branca, se um novo Papa tiver sido eleito.
Depois de ser parabenizado pelos cardeais, o sucessor escolhe livremente o seu nome. Na sequência, o escolhido se dirigirá a uma pequena sala contígua onde o esperam três hábitos papais (de tamanhos pequeno, médio e grande) para se vestir.
A tradição ainda prevê a ida do Papa à sacada da basílica de São Pedro depois que o protodiácono anunciar aos fiéis: "Habemus papam!" (temos um Papa). Assim, o novo pontífice é apresentado à multidão reunida na praça de São Pedro, no Vaticano.
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