Escolha do novo papa será rápida? Tempo dos conclaves está caindo

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Nos últimos dez conclaves, houve uma redução significativa no tempo para o ritual escolha dos papas — que já chegou a durar de 34 meses durante edição na idade média. De 1903 a 2013, o tempo médio para escolha do pontífice foi de apenas três dias, com o conclave mais longo tendo durado apenas cinco dias.
O que aconteceu
O conclave mais rápido aconteceu em 1939 para a escolha do italiano Pio XII, quando em menos de 24 horas os cardeais já haviam definido o escolhido. Nos últimos dez conclaves, registrou-se a tendência de redução do tempo médio para escolha de pontífice. Contudo, a reunião para escolher o próximo papa nem sempre foi rápida, para a escolha do papa Gregório X, por exemplo, foram 34 meses, no ano de 1271.
No início e metade do século passado, os conclaves duraram ao menos quatro dias. As reuniões do colégio cardinalício de 1903 e 1914 duraram quatro dias, enquanto o de 1922 durou cinco dias.
A partir daí, a tendência de redução do tempo médio se confirmou, com exceções em 1958, 1963 e 1978. Todos os outros conclaves duraram menos de três dias.
Conclaves do século XXI foram ágeis. Em 2005, o papa Bento XVI foi escolhido entre os dias 18 e 19 de abril. Em 2013, o papa Francisco foi oficializado entre os dias 12 e 13 de março.
- Conclave de 1903: 31 de julho a 4 de agosto de 1903 - 4 dias
- Conclave de 1914: 31 de agosto a 3 de setembro de 1914 - 4 dias
- Conclave de 1922: 2 a 6 de fevereiro de 1922 - 5 dias
- Conclave de 1939: 1 a 2 de março de 1939 - 1 dia
- Conclave de 1958: 25 a 28 de outubro de 1958 - 4 dias
- Conclave de 1963: 19 a 21 de junho de 1963 - 3 dias
- Conclave de agosto de 1978: 25 a 26 de agosto de 1978 - 2 dias
- Conclave de outubro de 1978: 14 a 16 de outubro de 1978 - 3 dias
- Conclave de 2005: 18 a 19 de abril de 2005 - 2 dias
- Conclave de 2013: 12 a 13 de março de 2013 - 1 dia
Nos últimos dez conclaves o número de eleitores mais que dobrou. Eram 62 cardeais eleitores em 1903, enquanto no último, em 2013, o número passou para 115. Em 2025, espera-se que 135 cardeais estejam presentes na escolha do próximo pontífice.
O conclave que definirá o próximo papa será o mais globalizado de todos os tempos, com 71 países sendo representados. A partir disso, mais idiomas, culturas e tradições se somam no evento que reúne cardeais de todo o mundo para a definição. No início do século passado apenas cardeais de 14 países participaram do conclave, com maioria absoluta da Europa.
Recorde de cardeais eleitores brasileiros em 2025. Neste ano, estão aptos a escolha sete cardeais do Brasil. Em 1903, início da série histórica, nenhum brasileiro votou. Em 2013, três participaram.
São três séculos de tradição do conclave. A reunião acontece na Capela Sistina, a portas fechadas. Durante a concentração, cardeais de todo o mundo discutem e votam nos seus preferidos para assumir a liderança do Vaticano. O processo é repleto de ritos tradicionais e o resultado só é conhecido após uma fumaça branca sair da chaminé.
O próximo conclave terá representação de todos os continentes do globo. Apesar de grande mudança em comparação a 1903, a maior fatia dos cardeais continua sendo da Europa.
Cardeais eleitores por continente:
- Europa: 53 cardeais eleitores
- América: 37 cardeais eleitores
- Ásia: 23 cardeais eleitores
- África: 18 cardeais eleitores
- Oceania: 4 cardeais eleitores
Passo a passo do conclave
Após a morte de um papa, tradicionalmente, os cardeais eleitores costumam esperar quinze dias para dar início ao conclave. Porém, antes de renunciar, o Papa Bento alterou as regras para permitir que se começasse mais cedo, se assim for o desejo dos cardeais.
Os cardeais também podem adiar o início do processo. O Colégio dos Cardeais tem a faculdade de postergar o início da eleição por mais alguns dias, caso existam motivos graves.
O período máximo de espera, porém, é de 20 dias. Passado esse tempo desde o início da Sé vacante, todos os cardeais eleitores presentes no Vaticano são obrigados a proceder à eleição.
O voto é secreto e depositado em uma urna. O número de votos do escolhido não é divulgado.
Os cardeais são proibidos de qualquer tipo de comunicação com o exterior durante o conclave. Eles não podem enviar mensagens eletrônicas ou alimentar suas contas nas redes sociais. Em seguida, as portas são fechadas, as chaves retiradas, e o isolamento é assegurado pelo cardeal camerlengo no interior, e pelo prefeito da Casa Pontifícia no exterior.
No início do conclave, os cardeais fazem um juramento de silêncio. Além dos cardeais, todos os funcionários do serviço que têm acesso a eles também deverão jurar que manterão segredo sobre tudo o que tiver relação com as reuniões, sob pena de excomunhão.
Para ser eleito, um cardeal precisará de pelo menos dois terços dos votos. Os cardeais não têm direito de se abster nem de votar em si mesmos.
A tradição diz que o primeiro dia tem apenas uma votação. Na sequência, acontecem duas votações matutinas e duas vespertinas na Capela Sistina. Duas vezes ao dia, uma depois de cada rodada, as cédulas são queimadas.
Três cardeais são escolhidos para a contagem dos votos. A cor da fumaça que sairá da chaminé anuncia ao mundo o resultado. Preta, se ainda não houver uma decisão, e branca, se um novo Papa tiver sido eleito.
Depois de ser parabenizado pelos cardeais, o sucessor escolhe livremente o seu nome. Na sequência, o escolhido se dirigirá a uma pequena sala contígua onde o esperam três hábitos papais (de tamanhos pequeno, médio e grande) para se vestir.
A tradição ainda prevê a ida do Papa à sacada da basílica de São Pedro depois que o protodiácono anunciar aos fiéis: "Habemus papam!" (temos um Papa). Assim, o novo pontífice é apresentado à multidão reunida na praça de São Pedro, no Vaticano.
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