De segurança e perito químico a papa: a trajetória do pontífice argentino

O papa Francisco, morto aos 88 anos após sofrer um AVC e insuficiência cardíaca, teve uma trajetória curiosa e um caminho diverso até tornar-se pontífice. Além de ter tido uma namorada, Jorge Mario Bergoglio trabalhou como porteiro e segurança. Em março, ele havia completado 12 anos como líder da Igreja Católica.

O que aconteceu

Nascido na Argentina, mas de origem italiana. Jorge Mario Bergoglio nasceu em Buenos Aires, em 17 de dezembro de 1936, filho de imigrantes italianos do Piemonte e da Ligúria, que chegaram à Argentina em 1928.

De porteiro de boate à formação em Química e Filosofia. Bergoglio trabalhou como porteiro e segurança de uma discoteca "de fama não tão boa" - como ele mesmo já definiu em algumas entrevistas -, no bairro de Córdoba, em Buenos Aires. O papa também relata, sem detalhes, ter feito 'extras' como faxineiro para complementar a renda. Aos 19 anos, concluiu o curso de Perito Técnico em Química, na Escuela Industrial Hipolito Yrigoyen.

Jorge Bergoglio (à esquerda), fotografado ao lado do irmão Oscar, durante sua primeira comunhão, em 1942
Jorge Bergoglio (à esquerda), fotografado ao lado do irmão Oscar, durante sua primeira comunhão, em 1942 Imagem: Cortesia de Mari­a Elena Bergoglio/Reuters/La Gaceta

Amante do tango, costumava sair para dançar com uma namorada na juventude. Há relatos de que Bergoglio escrevia muitas cartas de amor para a jovem, mas não há registros oficiais.

Ingressou no seminário diocesiano de Villa Devoto em 1958. No mesmo ano, entrou para o noviciado da Companhia de Jesus, e morou e estudou no Chile até 1963. De volta a Buenos Aires, Bergoglio obteve a licenciatura em Filosofia, no colégio de São José, em San Miguel.

Entre 1964 e 1966 foi professor de literatura e psicologia. Ele lecionou nos colégios Imaculada, em Santa Fé, e do Salvador, em Buenos Aires. Já em 1967 passou a estudar Teologia no colégio de São José, onde formou-se em 1970.

De batina atrás do sofá, Jorge Bergoglio (centro), que se tornaria o papa Francisco, posa para esta foto de famí­lia registrada durante sua juventude em Buenos Aires
De batina atrás do sofá, Jorge Bergoglio (centro), que se tornaria o papa Francisco, posa para esta foto de famí­lia registrada durante sua juventude em Buenos Aires Imagem: Famí­lia Bergoglio/AFP

Em 1969, foi ordenado sacerdote na Argentina, e em 1973, foi eleito provincial dos jesuítas. No início dos anos de 1980, retornou ao campo universitário e, por seis anos, foi reitor do colégio de São José. Em 1986, passou um período na Alemanha, para concluir o doutorado.

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De volta ao país natal, em 1992 foi nomeado bispo titular de Auca e bispo auxiliar de Buenos Aires. Em 1998, tornou-se arcebispo principal da Argentina e foi nomeado cardeal em 2001. Em 2005, participou do conclave que elegeu o papa Bento XVI.

Após 55 anos de dedicação à igreja, Bergoglio foi eleito como 266° papa da história, e o primeiro sul-americano. Além do primeiro representante latino, foi o primeiro jesuíta, rompendo uma sequência de mais de 1200 anos sem um pontífice não europeu - o último havia sido Gregório III, morto em 741.

Optou por homenagear São Francisco de Assis, conhecido pela humildade e proteção aos pobres. Bergoglio foi o primeiro pontífice a escolher um novo nome, ao invés de seguir a ordenação histórica.

Interesse em literatura e amante do futebol

Papa Francisco é autor de uma série de livros. Entre os títulos estão "Laudato si" (2015) sobre mudanças climáticas, "Fratelli Tutti" (2020) sobre fraternidade global, e a autobiografia "Esperança" (2025). Além disso, como papa, ele é conhecido por, vez ou outra, redigir de próprio punho as respostas a correspondências endereçadas a ele.

Foto de arquivo mostra o então cardeal argentino Jorge Mario Bergoglio
Foto de arquivo mostra o então cardeal argentino Jorge Mario Bergoglio Imagem: Leonardo Zavattaro/AFP
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Apaixonado por futebol, papa Francisco é torcedor do San Lorenzo, de Buenos Aires. A bandeira vermelha e azul do clube está sempre com o pontífice, em sua bolsa preta - hábito que é retratado várias vezes no trabalho do artista Mau Paul, conhecido pelos grafites dedicados ao pontífice, pelas ruas de Roma.

Nas redes sociais, o pontífice acumula milhões de seguidores. Nos perfis geridos pela imprensa do Vaticano, o papa Francisco tem 9,8 milhões, enquanto no X tem perfis em italiano e português com cerca de 5,2 milhões cada. Já a página no Facebook possui aproximadamente 787 mil likes.

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