Golpe e currículo fake: quem é George Santos, ex-deputado condenado nos EUA

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O ex-deputado republicano dos Estados Unidos George Santos, 36, foi condenado a sete anos e dois meses de prisão ontem. Ele é filho de brasileiros e se tornou o sexto deputado a ser expulso na história do Congresso americano, após um mandato conturbado envolto por polêmicas e mentiras.
Quem é George Santos?
Filho de imigrantes brasileiros e nascido em Nova York. O ex-deputado foi investigado pela Comissão de Ética da Câmara dos Representantes dos Estados Unidos após ter se envolvido em uma série de polêmicas.
Tem uma trajetória de mentiras. Segundo a imprensa local, ele teria mentido sobre ter formação superior e ter trabalhado em grandes bancos de Wall Street. Também, já disse que se formou com bacharelado em economia e finanças na Baruch College, em Manhattan. Uma biografia no site do comitê de campanha dos republicanos da Câmara ainda informa que ele estudou na NYU (New York University). Porém, nenhuma das instituições encontrou registros sobre ele.
Falso trabalho na Globo. O farmacêutico Yasser Rabello, que trabalhava como motorista de aplicativo e mora na Flórida, diz que já dividiu apartamento com George Santos em Nova York, em 2013. Ele contou que Santos teria afirmado que trabalhava no escritório da Globo em NY, depois de tirar uma foto no local. A informação, no entanto, já foi negada pela emissora.
Contradição sobre ter sido drag queen. Santos ainda se envolveu em uma controvérsia sobre já ter concorrido em concursos de beleza como drag queen. Dois conhecidos do deputado informaram à Reuters que ele participou de concursos no Brasil. Inicialmente, Santos declarou, no X, que os relatos eram "categoricamente falsos". Depois, reconheceu que já se vestiu com roupas femininas, acrescentando que na ocasião era jovem "e estava apenas se divertindo".
Apresentou currículo fake. De acordo com o jornal The New York Times, Santos admitiu em entrevistas que teria "embelezado" o seu currículo profissional. "E eu sinto muito, e isso não deveria ser feito. E as palavras não podem expressar 100% como me sinto, mas ainda sou o mesmo cara. Eu não sou uma fraude", disse ele à publicação City & State. Ele também teria falado sobre uma experiência de trabalho no Citigroup e na Goldman Sachs, mas as empresas disseram que não tinham registro de trabalho dele.
Mas voltou atrás nas declarações. Depois disso, o deputado disse que não trabalhou, de fato, para essas empresas. Ele afirmou que atuou junto às companhias quando trabalhava na empresa LinkBridge Investors, que diz conectar investidores e gestores de fundos.
Acusações de crimes
Acusação de estelionato. Ele foi acusado por irregularidades nas contas da sua campanha nos Estados Unidos e de estelionato no Brasil, conforme registros também descobertos pelo The New York Times. O ex-deputado teria ido a uma pequena loja de roupas em Niterói (RJ) e gastado mais de R$ 2.000 usando um talão de cheques roubado e um nome falso.
Também foi acusado de assédio sexual. Após trabalhar brevemente no escritório de George Santos, o ex-assessor Derek Meyers acusou o deputado de assédio sexual. Ele encaminhou uma denúncia ao Comitê de Ética da Câmara e à Polícia do Capitólio. Meyers relatou que estava com Santos no escritório quando o deputado teria questionado se ele tinha um perfil em aplicativo de relacionamentos. Após responder que não, o congressista teria tocado em sua perna e feito um convite para que fossem a um caraoquê, ao que ele teria recusado.
Suspeita em contas de campanha. O órgão de fiscalização Campaign Legal Center, que é ligado ao governo dos EUA, solicitou à Comissão Federal Eleitoral (FEC, na sigla em inglês) a abertura de uma investigação contra Santos, pois ele teria ocultado doadores em sua campanha. Ele também teria utilizado uma parcela dos recursos arrecadados para pagar o aluguel do imóvel onde morava.
Desistência e ressurgimento
No ano passado, ele desistiu de candidatura nos EUA após não arrecadar dinheiro. Na ocasião, porém, ele sugeriu que pode se candidatar no futuro. "O futuro reserva inúmeras possibilidades, e estou pronto, disposto e capaz de assumir a responsabilidade e lutar pelo meu país a qualquer momento", disse em uma publicação no X.
No mês seguinte ao anúncio, postou um vídeo como drag queen. Ele apareceu como Kitara Ravache "depois de 18 anos no armário". "George Santos me trouxe de volta", disse.
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