Francisco abriu caminho para um papa que não seja europeu?

Jorge Mario Bergoglio, o papa Francisco, foi o primeiro papa sul-americano da história do Vaticano. Em 2013, quando foi eleito, o argentino também quebrou a tradição milenar de 1.200 anos de papas europeus.

Com sua morte, discussões sobre quem poderá assumir seu lugar se abrem: será que o próximo papa pode ser de qualquer continente do mundo?

Papa fora da Europa?

É possível, mas pouco provável. Segundo o jornalista Filipe Domingues, diretor do Lay Centre e professor na Pontifícia Universidade Gregoriana, ambos em Roma, o papa nomeou em seu pontificado muitos cardeais de diversos continentes, o que pode abrir precedentes para que seu sucessor seja de qualquer lugar do mundo. "Mas, hoje, os cardeais que são mais conhecidos e que estão em posições de maior visibilidade são europeus", diz.

Os nomes indicados [pelo papa] não são muito conhecidos, pois são líderes daquela igreja local, daquele ambiente de uma igreja pequena. Filipe Domingues

Líderes de conferência e líderes de dicastério (departamento Cúria Romana), são os mais prováveis. Para o jornalista, por viajarem muito e terem maior contato com as demais lideranças, um caminho mais natural seria um desses líderes assumir o pontificado.

"Não vai ser outro latino-americano", acredita o especialista. "O papa Francisco foi o primeiro e já deixou uma marca latino-americana muito forte, então acho difícil que se escolha de novo [alguém desse continente], restando África, Ásia, Europa e América do Norte."

De Francisco ao próximo papa

Conclave (ou eleição) deve ocorrer em pelo menos duas semanas após o funeral do papa. Segundo Domingues, até que esse momento aconteça, muita água pode rolar.

Antes da votação, acontecem as Congregações Gerais, reuniões abertas entre os cardeais. O jornalista aponta que é neste momento em que nomes e temas são discutidos.

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Conversas se baseiam em prioridades da Igreja e não na popularidade do papa Francisco. Embora haja divisões ideológicas dentro da Igreja — e que estão sendo discutidas nos últimos dias por causa de algumas das ações e falas de Francisco—, a instituição tende a pensar em suas prioridades.

Historicamente, a Igreja tende a nomear alguém que seja uma pessoa de continuidade. Não há uma ruptura radical como as pessoas especulam, pelo menos não na história moderna. Mas, às vezes, há uma mudança de estilo e prioridade. Filipe Domingues

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