Inédito: diocese que deu ao mundo 3 papas não tem ninguém neste conclave

Pela primeira vez neste século, não haverá indicação de nenhum representante da maior diocese da Europa para compor o conclave, que escolherá nos próximos dias o novo líder da Igreja Católica após a morte do papa Francisco.
O que aconteceu
Da Igreja de Milão, já saíram três papas: Urbano 3º, em 1185, Paulo 6º, em 1963 e Pio 11, em 1922. No próprio site, a diocese se classifica como uma das mais importantes do mundo em termos de história, extensão e estrutura eclesial, além de ser "a primeira da Europa em número de católicos".
Diocese é composta por mais de 1.100 paróquias. O corpo de membros possui 1.700 padres diocesanos, 160 diáconos, aproximadamente 800 religiosos e mais de 6.000 freiras, em um território que inclui as províncias de Milão, Varese e Lecco, Monza-Brianza, parte de Como e alguns municípios das províncias de Bérgamo e Pavia —uma população de mais de 5,5 milhões.
Religiosos de Milão não atingiram requisitos necessários para fazer parte do conclave. São eles: ter sido nomeado cardeal pelo papa, ter menos de 80 anos, estar em plena comunhão com a Igreja Católica e, por fim, não estar impedido por causas graves, como doenças.
Mesmo o arcebispo de Milão, Mario Delpinio, não poderá participar. Em 2017, ele foi escolhido por Francisco para ocupar a posição, mas não foi indicado como cardeal pelo pontífice. No lugar dele, Oscar Cantoni, bispo de Como, foi elevado a alto membro do clero em 2022.
Dois cardeais de Milão também estão impossibilitados. O cardeal Angelo Scola e o cardeal Francesco Coccopalmerio foram excluídos do conclave devido à idade, já que eles têm 83 e 87 anos, respectivamente.
Quando o conclave deve começar?
Após a morte do papa, os cardeais eleitores, no máximo 120, devem esperar quinze dias completos para dar início ao conclave. O prazo foi estipulado pela "Universi Dominici Gregis", uma Constituição Apostólica publicada por João Paulo 2º em 1996, que trata das normas para a vacância da Sé Apostólica e a eleição do Romano Pontífice.
No entanto, os cardeais podem adiar o início do conclave. O Colégio dos Cardeais tem a faculdade de postergar o início da eleição por mais alguns dias, caso existam motivos graves.
O período máximo de espera, porém, é de 20 dias. Passado esse tempo desde o início da Sé vacante, todos os cardeais eleitores presentes no Vaticano são obrigados a proceder à eleição.
Como é um conclave

A eleição acontece dentro da Capela Sistina, no Vaticano. O voto é secreto e depositado em uma urna. O número de votos do escolhido não é divulgado.
Os cardeais são proibidos de qualquer tipo de comunicação com o exterior durante o conclave. Eles não podem enviar mensagens eletrônicas ou alimentar suas contas nas redes sociais, por exemplo.
No início do conclave, os cardeais fazem um juramento de silêncio. Além deles, todos os funcionários do serviço também deverão jurar que manterão segredo sobre tudo o que tiver relação com as reuniões, sob pena de excomunhão.
Os cardeais passam em cortejo da Capela Paulina até a Sistina. Em seguida, as portas são fechadas, as chaves retiradas, e o isolamento é assegurado pelo cardeal camerlengo, no interior, e pelo prefeito da Casa Pontifícia, no exterior.
Para ser eleito, um cardeal precisará de pelo menos dois terços dos votos. Os cardeais não têm direito de se abster, nem de votar em si mesmos.
Não há um prazo específico para o conclave. Segundo a BBC, uma das maiores eleições da história foi a do papa Gregório 10º, em 1268. Na ocasião, a escolha do papa durou quase três anos. Na história moderna, os conclaves já não demandam tanto tempo. A eleição do papa Francisco, por exemplo, durou dois dias.
Fumaça anuncia que novo papa foi eleito
Três cardeais são escolhidos para a contagem dos votos. A cor da fumaça que sairá da chaminé anuncia ao mundo o resultado. Preta, se ainda não houver uma decisão, e branca, se um novo papa tiver sido eleito.
Depois de ser parabenizado pelos cardeais, o sucessor escolhe livremente o seu nome. Na sequência, o escolhido se dirigirá a uma pequena sala contígua onde o esperam três hábitos papais (de tamanhos pequeno, médio e grande) para se vestir.

O local é chamado de "Sala das Lágrimas". Explica-se: os eleitos, sem exceção, choram ali em relativa intimidade diante da magnitude da responsabilidade que acabam de assumir.
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