Aborto, casais LGBT+ e celibato: o que pensam os favoritos a papa

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Os dez nomes mais cotados por especialistas para substituir o papa Francisco se manifestam de forma mais discreta sobre temas sensíveis e delicados na Igreja Católica.
Temas polêmicos e os papáveis
O UOL selecionou seis temas controversos para a instituição. São eles: aborto, bênção a casais do mesmo sexo, celibato opcional, comunhão para divorciados e recasados, ordenação de mulheres e restrição de missa em latim.
A reportagem procurou as opiniões dos cotados em diferentes meios. Entre eles, declarações públicas dos cardeais, entrevistas e reportagens publicadas pela mídia local e especializada. Em alguns casos, a opinião do cardeal não foi encontrada.

Jean-Marc Aveline

Nascido na Argélia, o cardeal de 66 anos é o atual Arcebispo Metropolitano de Marselha, na França. Foi nomeado ao cargo pelo papa Francisco.
Assim como todos os outros nove papáveis, Aveline se manifesta contra o aborto. Também é contra o celibato opcional na Igreja Católica. Em 2024, Aveline foi um dos que assinou um comunicado de bispos franceses que considerava inadequado abençoar um casal homossexual, e sugeria dar a bênção individualmente a cada um.
Em muitos temas, Aveline adota uma postura cautelosa. Ele prefere não abordar questões delicadas, segundo o site The College of Cardinals Report.
Péter Erdó

Nascido na Hungria, tem 72 anos e é arcebispo metropolitano de Esztergom-Budapeste. Foi nomeado cardeal pelo papa João Paulo 2º.
Erdó também é contra abençoar casais do mesmo sexo. Em dezembro de 2023, a Conferência Episcopal Católica Húngara, presidida pelo cardeal, publicou um comunicado sugerindo "sempre evitar a dar uma bênção conjunta a casais em um relacionamento entre pessoas do mesmo sexo".
Mario Grech

Nascido em Malta, tem 68 anos e é secretário do Vaticano, responsável por administrar os sínodos. Foi nomeado cardeal por Francisco em 2020.
Grech é a favor da comunhão para divorciados e recasados. Em 2015, disse que as pessoas divorciadas e que buscam por Cristo são bem-vindas na igreja, segundo o site The Malta Independent.
O religioso aprova a bênção a casais do mesmo sexo e a ordenação de mulheres. No ano passado, declarou que um diaconato feminino não seria uma revolução, mas um "aprofundamento natural da vontade do Senhor".
Juan Jose Omella

Nascido na Espanha, tem 79 anos e é arcebispo metropolitano de Barcelona. Também foi nomeado cardeal pelo papa Francisco.
Omella é favorável ao celibato opcional. Em documento de 2022, a arquidiocese de Barcelona, liderada pelo cardeal, aponta "a necessidade de discernir mais profundamente sobre a questão do celibato opcional para padres e ordenação de pessoas casadas". A ordenação de mulheres "em menor grau" também é citada no documento, que aponta ser preciso repensar o papel das mulheres na igreja.
Pietro Parolin

Nascido na Itália, tem 70 anos e é secretário de Estado do Vaticano. Papa Francisco foi quem o nomeou cardeal.
Nos temas delicados para a Igreja Católica, Parolin costuma ficar em cima do muro; ele não se manifesta sobre polêmicas e age de maneira diplomática. Em 2018, por exemplo, sugeriu que a igreja poderia olhar gradualmente para a questão do celibato opcional, mas descartou qualquer "mudança drástica".
Luis Antonio Gokim Tagle

Nascido nas Filipinas, tem 67 anos e é pró-prefeito do Dicastério para a Evangelização. Papa Bento 16 o nomeou cardeal.
Tagle é contrário à ordenação de mulheres. Ele também já criticou as "palavras duras" da instituição contra indivíduos LGBTQIA+, apesar de não ter se manifestado sobre a autorização de Francisco para a bênção a casais do mesmo sexo.
Joseph Tobin

Nascido nos EUA, o cardeal de 72 anos é arcebispo metropolitano de Newark, em Nova Jersey, nos EUA. Papa Francisco foi quem o nomeou.
É associado ao pensamento progressista. Em 2015, desafiou o então governador de Indiana, Mike Pence, que no ano seguinte se tornou vice-presidente no primeiro mandato de Donald Trump. Pence havia se recusado a receber uma família de refugiados sírios. Tobin disse que a ação era imoral e ilegal e ainda afirmou que receberia os sírios na arquidiocese de Indianápolis, que comandava na época. A decisão de Pence acabou sendo anulada na Justiça.
Também é defensor de interesses da população LGBTQIA+ na Igreja Católica. Em 2017, chegou a receber fiéis católicos gays e lésbicas e seus familiares na arquidiocese, afirmando a importância da igreja estar de "portas abertas" para o acolhimento de todos.
Em 2023, divulgou uma declaração de apoio à autorização de Francisco para a bênção a casais do mesmo sexo. "A manifestação ressalta a importância das bênçãos como apoio às pessoas em sua jornada espiritual, reconhecendo que todos podem se beneficiar do amor e da misericórdia curadoras de Deus", escreveu Tobin.
Peter Kodwo Appiah Turkson

Nascido em Gana, o cardeal de 76 anos é chanceler da Pontifícia Academia das Ciências e Ciências Sociais. Quem o nomeou foi João Paulo 2º.
É favorável ao celibato opcional. Para Turkson, esta pode ser uma solução para regiões onde não há padres para atender a população. Ele não apoia a ordenação de mulheres.
Matteo Maria Zuppi

Nascido na Itália, o cardeal de 69 anos, é arcebispo de Bolonha. O papa Francisco o nomeou.
É favorável à bênção a casais do mesmo sexo, afirmando que o "dever da Igreja é cuidar de todos". "Estamos abertos ao diálogo, mas não deixaremos que outros nos digam qual é o conteúdo da ação caritativa ou da missão, que nunca são partidárias, porque a única parte da Igreja é Cristo e a defesa da pessoa, da vida, do começo ao fim", declarou.
Zuppi evita declarações quando o tema é a restrição de missa em latim. Em 2021, porém, assinou um decreto permitindo a realização do rito em latim na sua arquidiocese.
Pierbattista Pizzaballa

Nascido na Itália, tem 60 anos e é patriarca latino de Jerusalém. Foi nomeado cardeal pelo papa Francisco.
Pizzabala pouco se manifesta sobre temas controversos na Igreja Católica. Não há falas públicas dele sobre assuntos sensíveis, como celibato opcional ou comunhão para divorciados e recasados. Chegou a se oferecer como refém para o Hamas, em troca da liberdade de crianças israelenses, após o ataque a Israel em 7 de outubro de 2023.
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