Leão 14: novo papa foi criticado por supostamente acobertar abusos sexuais

O novo papa Leão 14, nome escolhido pelo cardeal norte-americano Robert Prevost, já foi criticado no passado por supostamente acobertar casos de abuso sexual nos EUA e no Peru.

O que aconteceu

Há 25 anos, padre da Província Agostiniana de Chicago, então liderada por Prevost, foi acusado de abusos sexuais contra menores. Mesmo após as acusações da própria igreja local, o religioso foi autorizado a se hospedar em um mosteiro próximo a uma escola primária católica, segundo o jornal The Washington Post. O Vaticano negou que Prevost tenha autorizado a hospedagem do padre.

Escolha é "chocante", diz presidente da Rede de Sobreviventes de Abusos por Padres. Ao mesmo jornal americano, Shaun Dougherty afirmou que o cardeal eleito papa é "publicamente conhecido por ter encobertado abusos sexuais".

No ano passado, surgiram questionamentos sobre o conhecimento de Leão 14 sobre abusos na diocese em que ele comandava no Peru. Dois padres da diocese de Chiclayo foram acusados de abusar sexualmente de três meninas, e uma denúncia deste ano diz que "Prevost não abriu uma investigação [e] enviou informações inadequadas a Roma".

A diocese de Chiclayo foi acusada neste ano de pagar US$ 150.000 às meninas para silenciá-las. O Vaticano nega qualquer irregularidade por parte do agora novo papa.

Extrema-direita da Igreja tenta manchar imagem do cardeal com denúncias falsas, diz especialista. Segundo Pedro Salinas, jornalista que acompanha a igreja católica do Peru, o novo papa "sempre se colocou no lugar das vítimas". O jornalista investigou abusos sexuais cometidos dentro do Sodalício de Vida Cristã, uma sociedade católica extinta pelo próprio Vaticano em abril de 2025 por casos de "abuso e corrupção", e acredita que os questionamentos contra o cardeal partiram deste grupo.

As denúncias contra Prevost vieram dos quadros internos do Sodalício, para desacreditá-lo, difamá-lo e deslegitimá-lo perante a opinião pública, como consequência das coisas que já começavam a acontecer no caso Sodalício.
Pedro Salinas, ao jornal peruano Religion Digital

Ele também acredita que a extrema-direita religiosa tem trabalhado para evitar que um papa como Francisco conduza os católicos. "Robert Prevost claramente seria um desses papas [a conduzir a Igreja como Francisco]". Ao UOL, especialistas explicaram que a escolha do americano/peruano sinaliza que as reformas do argentino continuarão.

O que Leão 14 já falou sobre abusos sexuais na Igreja

Necessidade de acolher vítimas. Questionado sobre condutas de bispos diante de denúncias de abusos sexuais por sacerdotes, o cardeal afirmou que as portas da igreja devem ficar abertas para vítimas de abusos. A fala foi dada em entrevista ao Vatican News em 2023.

Continua após a publicidade

"Silêncio não é resposta". Na ocasião, Prevost também falou que há necessidade de "transparência e sinceridade" para lidar com casos do tipo. "Devemos ser transparentes e sinceros, acompanhar e ajudar vítimas, ou suas feridas não cicatrizarão", afirmou.

Não podemos fechar o coração, a porta da Igreja, às pessoas que sofreram por abusos. A responsabilidade do bispo é grande e acho que ainda temos que fazer esforços consideráveis para responder a esta situação que causa tanta dor na Igreja.
Leão 14, quando era cardeal

Novo papa

O norte-americano Robert Prevost, 69, é o novo papa. O nome dele, escolhido no conclave e foi anunciado ao mundo da sacada da Basílica de São Pedro, no Vaticano, após quatro escrutínios.

Pontífice usará o nome de Leão 14. O anúncio foi feito pelo cardeal Dominique Mamberti em latim, seguindo a tradição da Igreja Católica. "Annuntio vobis gaudium magnum: Habemus Papam" ("Anuncio-vos uma grande alegria: temos um papa"), afirmou.

Primeira aparição e bênção. Após surgir na sacada, o novo papa fez a bênção "urbi et orbi" (à cidade e ao mundo), direcionada aos fiéis que se aglomeravam em frente à Basílica de São Pedro. Ele lembrou do papa Francisco e saudou a "todos que precisam da nossa caridade, presença, diálogo e amor".

Deixe seu comentário

O autor da mensagem, e não o UOL, é o responsável pelo comentário. Leia as Regras de Uso do UOL.