Influência e diplomacia: por que a escolha do papa importa para o mundo
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O papa é a autoridade suprema da Igreja Católica, uma das maiores religiões do mundo, e também chefe de Estado do Vaticano. A escolha do pontífice tem repercussões religiosas, políticas, sociais e culturais e, por isso, é relevante saber quem assumirá o posto — mesmo aos não católicos.
Entenda
O papa exerce influência sobre um expressivo número de pessoas. O Catolicismo soma cerca de 1,4 bilhão de seguidores ao redor do mundo, que estão presentes em todos os continentes, conforme o Vaticano. "Ele é o pastor de todo esse povo, que o reconhece como figura de unidade. É alguém que escutamos, que influencia nossas decisões e nossos comportamentos enquanto Igreja'', explica o padre Dayvid da Silva, professor da Faculdade de Teologia da PUC-SP.
Leão 14 definirá o perfil e os próximos passos da Igreja Católica. Enquanto Bento 16 foi mais teológico e conservador, Francisco ampliou o diálogo com o mundo contemporâneo. O cardeal eleito indicará se a Igreja continuará nesse caminho ou voltará a uma postura mais tradicional. ''As posições que ele assume influenciam diretamente como a Igreja será percebida e como vai se comunicar com diferentes públicos'', avalia Juliano Marcel, filósofo e especialista em Teologia e Literatura Cristã.
Assuntos diplomáticos terão interferência do pontífice. Além de liderar a Igreja Católica, ele também será chefe de Estado do Vaticano e, portanto, desempenhará funções políticas. O papa deve dialogar com governos e organismos internacionais, inclusive a respeito de conflitos como os da Palestina e da Ucrânia. Pio 12, por exemplo, é criticado ainda hoje por sua atuação durante a Segunda Guerra Mundial, já que teria preferido o silêncio em alguns momentos, apesar de receber informações precoces sobre massacre de civis e extermínio de judeus.
Leão 14 pode escolher falar sobre assuntos emergentes ou ignorá-los. Marcel diz que, quando o papa se posiciona sobre algum assunto, desperta o interesse da mídia e de líderes políticos, dando visibilidade a questões muitas vezes pouco faladas. Francisco foi o único a escrever uma encíclica papal sobre o meio ambiente e abordar de forma enfática as emergências climáticas.
A Igreja não pode se fechar como se estivesse fora do mundo. Ela está no mundo. Ela precisa dizer algo relevante ao mundo se quiser ser considerada uma instituição que colabora com a humanidade
Dayvid da Silva
Postura do religioso ditará como casos de abuso sexual serão conduzidos a partir de agora. Ao longo da história, alguns papas foram criticados pela maneira como lidaram com escândalos dessa categoria. Bento 16, por exemplo, foi acusado de ter acobertado situações de pedofilia na época de cardeal. Para os especialistas ouvidos pelo UOL, Francisco assumiu uma postura firme ao reconhecer a existência desses crimes, buscar punição e dar assistência às vítimas.
Gestão de crise financeira da Igreja também dependerá do novo líder. Leão 14 herdará uma instituição endividada, com queda de recursos e dificuldades para pagar pela aposentadoria dos religiosos. ''Isso afeta diretamente a confiança dos fiéis, e por consequência, a arrecadação. O novo papa precisa fortalecer a transparência na gestão de recursos, incluindo leigos técnicos nos processos administrativos, não só como voluntários, mas como gestores especializados'', diz Marcel.
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