Lutero, 'pai da genética' e santa: conheça agostinianos famosos como o papa

O papa Leão 14 declarou ser agostiniano em seu primeiro discurso como pontífice, se tornando o primeiro líder deste grupo na Igreja Católica. Inspirada pela trajetória de santo Agostinho, a Ordem é uma das mais antigas e contou com célebres membros ao longo da história.

Conheça abaixo três representantes da comunidade agostiniana, cujas trajetórias contribuíram tanto para a religião quanto para a ciência.

Martinho Lutero

Retrato de Martinho Lutero (1483-1546), feito pelo artista plástico Lucas Cranach
Retrato de Martinho Lutero (1483-1546), feito pelo artista plástico Lucas Cranach Imagem: Reprodução

Martinho Lutero é um dos principais nomes da comunidade agostiniana. O monge alemão foi o responsável pela Reforma Protestante, que dividiu a Igreja Católica.

Incomodado com a venda de indulgências —o pagamento de dinheiro à Igreja em troca da remissão de pecados—, Lutero escreveu ao arcebispo Albrecht de Mainz. Em sua tese, o monge pedia um debate sobre o assunto junto às autoridades da Igreja. Para este diálogo, Lutero preparou uma série de 95 argumentos e críticas, que foram pregados por ele na porta da igreja de Wittenberg, na Alemanha.

Como sacerdote, Lutero é responsável por feitos importantes na história da Igreja Católica. Ele compreendeu o que se tornaria o núcleo da Reforma Luterana: Deus não é apenas um juiz justo e severo, mas também um pai que ama as pessoas que criou e enviou seu filho ao mundo para pagar o preço do pecado que o estava separando das pessoas. Ao longo de sua trajetória, Lutero traduziu o Novo Testamento da Bíblia para o alemão, compôs hinos religiosos e discutia assuntos polêmicos, como o celibato.

Gregor Mendel

O biólogo Gregor Mendel
O biólogo Gregor Mendel Imagem: Domínio público

Nascido na Áustria em 1822, Gregor Mendel tinha origem humilde. Com a intenção de aprimorar os estudos, entrou para o Monastério da Ordem de Santo Agostinho em Brno, na atual República Tcheca, onde conseguiu ampliar os conhecimentos intelectuais e científicos.

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Em sua carreira acadêmica, Gregor Mendel se dedicou especialmente a temas relacionados à biologia. A partir de seus experimentos com ervilhas, Mendel notou a presença de características dominantes e recessivas na genética das plantas.

O trabalho de Mendel o deu o título de "pai da genética". As Leis de Mendel formam um conjunto de fundamentos que explicam o mecanismo da transmissão hereditária durante as gerações e são utilizadas pelos especialistas da área até hoje. São elas: a Lei da Segregação dos Fatores, a Lei da Segregação Independente e a Lei da Dominância.

Santa Rita de Cássia

Relicário com o corpo mumificado de Santa Rita de Cássia
Relicário com o corpo mumificado de Santa Rita de Cássia Imagem: Carlo Raso/Flickr

A freira, cujo nome de batismo era Margherita Lotti, nasceu em Cássia, na Itália. Ao longo da infância e da adolescência, a italiana se dedicou às orações e à vida na igreja. Antes dos 30 anos, ela já havia perdido os pais, o marido e os dois filhos. Foi então que buscou o mosteiro agostiniano de Santa Maria Madalena, na mesma cidade em que nasceu.

No Mosteiro, a jovem se aprofundou nos ensinamentos de Santo Agostinho. Santa Rita de Cássia viveu até 1457. Por conta dos milagres atribuídos a ela, a religiosa foi beatificada pelo papa Urbano 8º em 1627 e canonizada em 1900.

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A santa é conhecida por ter o chamado "corpo incorrupto". O fenômeno que acontece quando o corpo, inteiro ou de forma parcial, não se decompõe, mesmo passado muito tempo da morte. O corpo foi encontrado em perfeito estado, sem ter sido devidamente sepultado por mais de 150 anos.

Os restos mortais de santa Rita de Cássia repousam em uma basílica em sua cidade natal. Parte do rosto foi levemente reparada com cera (imagem acima). Além da preservação incomum, há relatos de cheiro de rosas no túmulo. A santa era ligada à flor por meio de um milagre: uma vez, uma rosa branca teria nascido do lugar onde ela costumava fazer suas orações.

Os agostinianos

A comunidade agostiniana surgiu nos primeiros séculos do cristianismo, inspirada pela vida de santo Agostinho de Hipona, no século 4º, no norte da África. Após sua conversão, Agostinho fundou uma pequena comunidade monástica com amigos e discípulos, baseada na vida comum, na oração e no estudo.

Em 1244, o papa Inocêncio 4º unificou diversos grupos eremitas sob a Regra de Santo Agostinho. Nesse momento, surge a Ordem de Santo Agostinho, como ela é conhecida hoje. Esse momento marcou a institucionalização oficial da espiritualidade agostiniana na Igreja.

As comunidades religiosas são formas específicas de viver o Evangelho. Grupos como jesuítas, franciscanos, e agostinianos são chamados de ordens ou congregações religiosas. Cada um segue uma regra própria, inspirada na vida de um líder religioso, como santo Inácio de Loyola (jesuítas) ou são Francisco de Assis (franciscanos). Apesar das diferenças de espiritualidade e missão, todas buscam servir a Deus e à Igreja por meio de votos religiosos, vida comunitária e ações pastorais ou sociais.

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