'Não perca o humor e sorria': o que Francisco disse ao novo papa

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Enquanto ainda cardeal, Robert Prevost, eleito ontem o novo pontífice da Igreja católica, sob o nome de Leão 14, mantinha uma relação próxima e de admiração com o papa Francisco, conforme relatou o norte-americano em sua última entrevista ao Vatican News.
O que aconteceu
Prevost se declarou inspirado pelas ações de Francisco à frente da Igreja. Ao portal de notícias oficial do Vaticano, o então cardeal afirmou que sempre admirou o pontífice argentino por seu "autêntico coração cristão", sua "generosidade" e "caridade".
Os dois mantinham encontros semanais ao longo dos últimos dois anos. Como prefeito do Dicastério para os Bispos antes de ser nomeado papa, Prevost se encontrava com Francisco todo sábado pela manhã. "No início, era às 8 horas da manhã. Mas, às vezes, eu chegava às 7h30 e ele já estava me esperando, então comecei a ir um pouco mais cedo e às vezes ele se antecipava".
Francisco dava conselhos pessoais a Prevost, como não perder o sensor de humor. "Me dizia, entre outras coisas, no final das audiências: 'não perca o senso de humor, é preciso sorrir'", contou o então cardeal.
Prevost compartilhou outras recordações pessoais sobre seu antecessor. O religioso de origem norte-americana e cidadania peruana contou que conheceu Jorge Mario Bergoglio quando o argentino ainda era arcebispo de Buenos Aires. "Na época em que eu era Prior Geral dos Agostinianos, várias vezes, durante as visitas aos meus irmãos na Argentina, quando ele ainda era cardeal, tive a oportunidade de encontrá-lo e falar com ele, informalmente e sobre assuntos mais institucionais", relatou Prevost sobre Francisco.
Eleito papa, Francisco se reencontrou com Prevost em sua primeira missa pública no Vaticano, em março de 2013. Sobre a ocasião, o cardeal recordou: "Eu me perguntava se ele se lembraria de mim e, quando chegou e entrou na sacristia, ao me ver, imediatamente me reconheceu e começamos a conversar".
Novo papa também relembrou dos momentos de preocupação de Francisco com o seu trabalho. No fim de 2014, Francisco nomeou Prevost administrador apostólico da diocese de Chiclayo, no Peru, e, mais tarde, bispo. O religioso agostiniano conta ainda que, naquela época, já se encontrava com o papa, que, segundo Prevost, expressava preocupação com o seu trabalho.
Ele me perguntava: 'Como você está? Como vão as coisas?'. Ele deu tanto para a Igreja (...) seus gestos de proximidade falavam com tanta eloquência. Robert Prevost, em entrevista ao Vatican News, em 21 de abril
Cardeal também afirmou que, assim como Francisco, deseja "uma Igreja pobre, que caminhe com os pobres e sirva aos pobres". "Acredito que, nesse sentido, o papa deixou um grande exemplo para o mundo. Para mim, pessoalmente, ele deixou isso, para meu trabalho como bispo no Peru, como missionário, e para muitas outras coisas", acrescentou.
Penso que a mensagem do Evangelho pode ser compreendida muito melhor a partir da experiência dos pobres, que não têm nada, que tentam viver a fé e encontram tudo em Jesus Cristo. Robert Prevost, em entrevista ao Vatican News, no fim de abril
"Difícil de responder", disse ainda o então cardeal sobre como seria assumir o legado de Francisco. "Pessoalmente, acredito que esse período de perda, de tristeza, deve ser vivido, antes de tudo, em silêncio, com profunda reflexão, gratidão. Eu, pelo menos, precisarei de muito tempo para apreciar, para compreender, verdadeiramente, o que o papa deixou para mim, para a Igreja e para o mundo", concluiu.
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