Mujica tomou seis tiros e participou de fuga em massa de prisão no Uruguai

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O ex-presidente uruguaio José Pepe Mujica, que morreu hoje aos 89 anos, levou seis tiros quando era líder do Movimento de Libertação Nacional-Tupamaros, guerrilha urbana responsável por roubos, sequestros e assassinatos e que lutava contra a ditadura militar.
Relembre o caso
Mujica foi baleado pela polícia uruguaia. O caso aconteceu no fim da década de 1960 em um confronto com policiais enquanto preparava um assalto a uma rica família de Montevidéu em um bar.
Ele foi preso na ocasião, mas escapou em 1971 junto com outros 110 presos. Um túnel foi usado no episódio que ficou conhecido como uma das maiores fugas da história do país.
O líder uruguaio foi preso novamente em 1972. Ele passou a integrar a lista dos nove "reféns" da ditadura, os chefes do MLN que foram submetidos a condições especialmente duras de prisão pelos militares.
Mujica foi solto em 1985, após o retorno da democracia e aprovação de uma lei de anistia para presos políticos. Ele se encarregou de comunicar aos uruguaios que o MLN estava depondo as armas.
Eu não sigo o caminho do ódio, nem mesmo (para) aqueles que nos perseguiram. O ódio não se constrói.
José Pepe Mujica, após ser solto e abandonar as armas
Ele chegou à Câmara dos Deputados com as eleições de 1994 e ao Senado com as de 1999. Foi também ministro da Pecuária durante o primeiro governo de Tabaré Vázquez (2005-2010 e 2015-2020).
Chegou à Presidência do Uruguai em 2009. Alheio a protocolos, continuou a viver em sua fazenda e dirigindo seu próprio carro.
Apoiou a legalização do casamento entre pessoas do mesmo sexo, o aborto e a regulamentação do mercado de maconha. Não conseguiu, no entanto, cumprir promessas de reformar a educação, fechou a companhia aérea nacional e a estatal ficou com um buraco em suas finanças. A economia, todavia, cresceu no período.
Mujica retirou-se da política ativa em 2020. Ele renunciou ao cargo de senador por causa da pandemia de covid-19. Na ocasião, fez um discurso de despedida no Parlamento Uruguaio:
Tenho meu quinhão de defeitos. Sou apaixonado. Mas há décadas não cultivo o ódio em meu jardim. Aprendi uma dura lição que a vida me ensinou: o ódio acaba estupidificando porque nos faz perder a objetividade frente às coisas. O ódio é cego, como o amor, mas o amor é criativo, e o ódio destrói-nos.
José Pepe Mujica
* Com AFP
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