Jamil: Mujica foi defensor de América Latina unida, mas projeto não avançou
O ex-presidente do Uruguai José "Pepe" Mujica, que morreu nesta terça-feira (13) aos 89 anos, foi defensor de uma América Latina unida, mas o projeto não avançou. A análise é do colunista Jamil Chade no UOL News, do Canal UOL.
Pepe Mujica era um defensor da democracia, dos direitos humanos, de um mundo multipolar e, claro, de uma América Latina forte e unida para enfrentar toda a realidade internacional.
Ele era um enorme aliado de um projeto de integração latino-americano que o Brasil pretendia retomar agora no governo Lula, mas esse projeto não avançou, porque, obviamente, a América Latina é outra, não é mais a mesma de 2001, 2002, 2003 ou 2004. A América Latina é uma região fragilizada e dividida. Jamil Chade, colunista do UOL
Mujica anunciou, em abril de 2024, que havia sido diagnosticado com câncer durante entrevista coletiva. Na ocasião, o ex-político disse que descobriu o tumor em um exame de rotina, e que sua saúde ficou "muito comprometida". O ex-presidente também sofria de Síndrome de Strauss, uma doença imunológica crônica.
Na segunda (12), Lucía Topolanski, mulher de Mujica, contou à imprensa local que ele estava em "fase terminal" e recebendo cuidados paliativos para alívio da dor em casa. Ela disse que a família fazia todo o possível para garantir que o ex-presidente vivesse a parte final de sua vida "da melhor maneira possível".
O Mujica tinha a ideia de integração da América Latina presente nos seus discursos e atuações. O Brasil e o projeto de integração latino-americano perdem, obviamente, um enorme político. Jamil Chade, colunista do UOL
Jamil: Esquerda do Uruguai deverá viver 'encruzilhada' sem Mujica
Em relação à política interna, Jamil acredita que a esquerda uruguaia deverá viver um novo desafio sem a presença do Mujica - que foi peça importante na vitória de Yamandú Orsi nas eleições presidenciais de 2024.
Quanto à política doméstica, será um grande teste. A transição de líderes funcionou com ele dando apoio, chancelando, pondo a mão no ombro e dizendo 'é esse o nosso candidato'.
Agora, tudo isso vai ser testado sem a presença do Mujica. E aí, sim, será uma encruzilhada que irá viver a esquerda uruguaia. Jamil Chade, colunista do UOL
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Opinião
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