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Quem eram os Tupamaros, grupo guerrilheiro onde Pepe Mujica atuou

José Mujica ao ser libertado em 1985 pela ditadura militar uruguaia Imagem: Getty Images

Do UOL, em São Paulo

13/05/2025 18h29

O ex-presidente uruguaio José Pepe Mujica, que morreu hoje aos 89 anos, era um líder do Movimento de Libertação Nacional-Tupamaros (MLN-T).

Quem eram os Tupamaros

Os Tupamaros foram uma guerrilha urbana que teve uma atuação recorrente antes e durante a ditadura militar do Uruguai. A trajetória foi iniciada na década de 1960 e se estendeu até 1985.

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O fundador do grupo foi Raúl Sendic. O nome é uma homenagem ao inca Túpac Amaru II, líder de uma rebelião indígena no século 18, que era contrário ao domínio espanhol no Peru. A principal influência do movimento era a Revolução Cubana.

O movimento ficou marcado por ações armadas —como atentados e sequestros—contra a ditadura uruguaia. A lista inclui assaltos a bancos e empresas. Eles se apresentavam como benfeitores do povo e distribuíam alimentos e bens em bairros pobres de Montevidéu.

Dois sequestros em 1970. O policial norte-americano Daniel Anthony "Dan" Mitrione, que aplicava aulas de tortura a agentes uruguaios. Mitrione foi morto com dois tiros. E o cônsul brasileiro Aloísio Dias Gomide, libertado após ficar seis meses no cativeiro.

Muitos participantes do grupo cumpriram longas penas de prisão. As atividades foram classificadas como terroristas durante o regime militar.

Na sequência, num período democrático, alguns nomes iniciaram a carreira política. Entre eles estão José Mujica, Raúl Sendic e Eleuterio Fernández Huidobro. Outros, por outro lado, se aposentaram.

Como Pepe Mujica atuou

Por volta dos 30 anos, Mujica decidiu se radicalizar e aderir ao Tupamaros. Nascido em uma família de pequenos agricultores em Montevidéu, ele trabalhou no campo e, desde cedo, atraiu-se pelas lutas sociais, iniciando a militância no movimento estudantil.

O Movimento Tupamaros em manifestação em 1973 Imagem: Arquivo da Declaração Universal de Direitos Humanos

Mujica liderou roubos a bancos e a empresas, distribuindo o saque entre os mais pobres. Um dos episódios mais conhecidos foi em 8 de outubro de 1969, quando cerca de 50 guerrilheiros invadiram a delegacia de polícia, o corpo de bombeiros, a central telefônica e bancos da cidade de Pando. O grupo costumava realizar ainda sequestro de políticos.

O político disse não se arrepender de nenhuma de suas ações como guerrilheiro. A declaração foi dada em seu livro biográfico, intitulado ''Mujica'' e publicado pelo romancista e ensaísta Miguel Ángel Campodónico em 1999.

O uruguaio foi preso três vezes ao longo da vida. Nas duas primeiras, ele conseguiu escapar da prisão de Carretas em uma fuga em massa ao lado de outros companheiros guerrilheiros. A terceira prisão, durante a ditadura militar uruguaia, custou 13 anos de sua vida.

Na noite de sua detenção em 1972, o ex-presidente estava em uma pizzaria. As autoridades pediram que ele se identificasse e, em vez disso, ele sacou um revólver. Mujica foi alvejado por seis tiros de policiais e quase sangrou até a morte na calçada.

Morte de Mujica

O ex-presidente do Uruguai Pepe Mujica morreu hoje, aos 89 anos. O político estava em cuidados paliativos. A informação foi confirmada pelo atual presidente uruguaio, Yamandú Orsi.

Em abril de 2024, Mujica anunciou que foi diagnosticado com câncer de esôfago. Em uma entrevista coletiva, o ex-político disse que descobriu o tumor em um exame de rotina, e que sua saúde ficou "muito comprometida". O ex-presidente também sofria de Síndrome de Strauss, uma doença imunológica crônica.

Mas, em janeiro de 2025, ele disse que o câncer espalhou e que não seguiria o tratamento. Mujica explicou que a doença chegou ao fígado e que após o diagnóstico pediu aos médicos que não o fizessem "sofrer em vão".

O câncer no esôfago está colonizando o fígado. Não tem nada que eu faça que consiga parar. Por quê? Porque sou um idoso e porque tenho duas doenças crônicas. Meu corpo não aguenta. Pepe Mujica, ao jornal uruguaio Búsqueda, em 7 de janeiro de 2025

Meses depois, em maio, a esposa contou que ele recebia cuidados paliativos para alívio da dor em casa. O político estava em 'fase terminal', segundo Lucía Topolanski explicou a um veículo de comunicação do Uruguai, explicando porque ele não participou nas eleições regionais.

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