Sakamoto: China cola imagem de criança mimada em Trump ao falar de bullying
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Xi Jinping, presidente da China, associa Donald Trump à imagem de uma criança mimada ao falar que o presidente dos Estados Unidos pratica bullying ao impor o 'tarifaço', analisou o colunista Leonardo Sakamoto na edição de hoje do UOL News.
Durante encontro da China com representantes latino-americanos, Xi Jinping disse, sem citar Trump e os EUA, que "bullying e hegemonismo só levam ao autoisolamento". No mesmo evento, Lula afirmou que "a imposição de tarifas arbitrárias só agrava a situação" de desequilíbrio no comércio mundial.
Nas relações internacionais, as palavras precisam ser interpretadas muitas vezes na sua singularidade. Elas não são colocadas aleatoriamente.
Quando o presidente da China traz a palavra 'bullying', mesmo sem mencionar Trump e os EUA, imediatamente o mundo inteiro remete à figura de um valentão, sem miolos na cabeça, cheio de ódio e sem razão alguma. Muitas vezes é uma criança mimada, mal-educada, que não consegue conviver em sociedade.
Xi Jinping está falando do Trump e da atual gestão do governo dos EUA sem precisar apelar para um ataque direto. De forma muito elegante, ele chama Trump de 'criança mimada' nesse processo. Para o Brasil, por estar ao lado e não refutar, isso está muito claro. Nas relações internacionais, quem cala consente, apoia e endossa. Leonardo Sakamoto, colunista do UOL
Sakamoto ressaltou que o governo Lula está aproveitando bem a oportunidade de fortalecer suas relações comerciais com a China diante do cenário de imprevisibilidade trazido por Trump.
A presença do Lula na China é muito esperta. O presidente não precisa abandonar a posição histórica do Itamaraty de independência, que não deve ser confundida com neutralidade. O governo Lula tomou partido e critica a imposição de tarifas pelos EUA, mas faz isso ao lado de Xi Jinping sem perder a independência do Brasil.
Com isso, ele não está fazendo um alinhamento automático tal qual Jair Bolsonaro fez com os EUA, quando o ex-presidente colocou o interesse norte-americano à frente. O Brasil não está cedendo à China e não entrou de cabeça na questão da Rota da Seda. A China é o maior parceiro comercial do Brasil, que quer continuar assim. Temos um superávit muito grande na relação com os chineses, algo que os incomoda, enquanto temos um déficit com os EUA.
É bom que Lula tenha ido para a China. Ele não foi lá para defender os interesses e acordos chineses, mas do Brasil. Em meio a essas águas revoltas, vamos fazer mais negócios com aquele país que não faz bullying e atua pela previsibilidade, coisa que os EUA sob Trump e a extrema-direita apontam para o lado contrário.
Os EUA vão abandonando a América Latina. Pode chegar o momento em que Trump mude de comportamento e resolva apelar para um lado violento; não de invasão, mas de bloqueio para volte a ser 'amado'. Mas amor de verdade não é conquistado através do grito. Leonardo Sakamoto, colunista do UOL
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