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Zelensky cancela participação em negociação com Rússia após Putin não ir

O presidente ucraniano Volodymyr Zelensky cancelou a sua participação na negociação com representantes da Rússia após confirmar que Vladimir Putin não estaria presente. Encontro aconteceria na Turquia hoje.

O que aconteceu

Zelensky se mostrou muito decepcionado por não ter a oportunidade de falar diretamente com Putin. "Não vai ter nada para eu fazer lá. São apenas conversas agora", disse o presidente ucraniano, cancelando a sua participação na conversa.

Putin propôs reunião após ser pressionado por líderes de Reino Unido, França, Alemanha e Polônia, com apoio do presidente dos EUA, Donald Trump. O grupo exige que a Rússia aceite um cessar-fogo de 30 dias, sob ameaça de novas sanções. "Chega de 'ses' e 'mas', chega de condições e atrasos", afirmou o premiê britânico Keir Starmer.

Presidente russo ignorou apelos de Zelensky para ir ao encontro e mandou representantes de segundo escalão. A delegação não tem ministros, apenas vice-ministros, porta-vozes e assessores especiais, liderados pelo assessor Vladimir Medisnky, conhecido pela posição linha-dura em relação ao conflito. Ele também participou das primeiras conversas com a Ucrânia, ainda em 2022. A porta-voz do Ministério das Relações Exteriores da Rússia, Maria Zakharova, afirmou que os representantes russos estão "dispostos a conduzir negociações sérias".

Presidente ucraniano afirmou que ausência de Putin "não sugere intenções sérias". Zelensky conversou com a imprensa ao desembarcar no aeroporto de Ancara hoje.

Todos nós sabemos quem toma decisões na Rússia. Ainda não sabemos o nível da delegação russa, qual é o seu mandato e se eles podem tomar alguma decisão, mas pelo que vemos, parece falso
Volodymyr Zelensky, presidente da Ucrânia

Especialista diz que Rússia está tentando ganhar tempo. "Não comparecer à reunião que ele mesmo propôs, esperando que Zelensky desistisse devido à falta de um cessar-fogo prévio, demonstra que, na realidade, [o presidente russo] está procrastinando, pois não tem desejo de parar a guerra", afirmou o consultor sênior do Instituto Internacional dos Estudos Estratégicos, François Heisbourg, ao jornal Libération.

Os russos não querem o cessar-fogo incondicional exigido por Trump e, portanto, estão tentando ganhar tempo, para dar a impressão de movimento e incomodar os americanos, mas sem ceder um centímetro.
François Heisbourg, consultor sênior do Instituto Internacional dos Estudos Estratégicos

"Cautelosamente otimista"

Trump declarou que pode viajar para a Turquia amanhã se negociações avançarem. O enviado especial de Washington, Steve Witkoff, e o emissário americano para a Ucrânia, Keith Kellogg, devem representar os Estados Unidos na reunião de hoje.

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Secretário-geral da Otan, Mark Rutte, diz estar "cautelosamente otimista" sobre as negociações. "Progressos podem acontecer nas duas próximas semanas", afirmou, dizendo que "a bola está claramente no campo da Rússia".

Rússia e Ucrânia mantêm posições difíceis de conciliar. A Rússia exige que a Ucrânia renuncie ao processo de adesão à Otan e a garantia de que vai manter os territórios ucranianos anexados por Moscou, condições inaceitáveis para Kiev e seus aliados. A Ucrânia, por sua vez, quer "garantias de segurança" ocidentais sólidas para evitar novos ataques russos e que o Exército de Moscou, que controla quase 20% do território ucraniano, se retire do país.

*Com informações de AFP e RFI

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