Exigências russas estão fora da realidade, diz fonte ucraniana após reunião

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As negociações de hoje entre Ucrânia e Rússia em Istambul terminaram após cerca de duas horas de reunião. Uma fonte diplomática ucraniana afirmou à Reuters que as exigências russas estão "desvinculadas da realidade".
O que aconteceu
Negociadores russos e ucranianos sentaram à mesa de negociações hoje e não chegaram a um acordo de cessar-fogo. A mediação foi feita pelo chanceler turco Hakan Fidan, com a presença do secretário de Estado dos EUA, Marco Rubio, do embaixador norte-americano Tom Barrack e do enviado especial para a Ucrânia, Keith Kellogg.
Uma fonte diplomática ucraniana afirmou que as exigências da Rússia vão muito além do que foi discutido anteriormente. "As exigências russas estão desvinculadas da realidade. Elas incluem ultimatos para que a Ucrânia se retire de seu território para um cessar-fogo e outras condições não construtivas", afirmou a fonte à Reuters sob condição de anonimato.
A mesma pessoa afirmou que a Ucrânia "está pronta para um verdadeiro cessar-fogo". Ela concluiu, afirmando que o país quer um "processo de paz genuíno" e sem "quaisquer pré-condições".
Rússia e Ucrânia concordaram em trocar mil prisioneiros de guerra de cada lado. A informação foi revelada pelo ministro da Defesa ucraniano, Rustem Umerov, em entrevista à TV após a reunião. Se a troca for levada adiante, será a maior troca de prisioneiros em mais de três anos desde a invasão da Ucrânia pela Rússia em fevereiro de 2022.
A reunião acabou após duas horas, segundo uma fonte turca ouvida pela Reuters. A Rússia enviou uma equipe liderada por Vladimir Medinski, ex-ministro da Cultura e conselheiro de Putin, considerado de pouca influência, sem ninguém do alto escalão do governo. Do lado ucraniano, estavam presentes o chefe do gabinete de Zelensky, Andriy Yermak, e os ministros da Defesa e das Relações Exteriores.
Inicialmente, era esperado um encontro entre os presidentes dos países, o russo Vladimir Putin e o ucraniano Volodymyr Zelensky, o que não aconteceu. Zelensky desistiu de participar após confirmar que Putin não viajaria para Istambul.
Clima tenso e troca de acusações
A ausência dos líderes gerou reações duras de ambos os lados. Zelensky classificou a delegação russa como "pura fachada" e afirmou que o Kremlin "não leva as negociações a sério".
Moscou rebateu com ataques pessoais. A porta-voz do Ministério das Relações Exteriores, Maria Zakharova, chamou o presidente ucraniano de "palhaço" e "fracassado".
Segundo especialistas, Putin busca somente passar a impressão de que está negociando, enquanto evita concessões reais. "Não comparecer ao encontro que ele mesmo propôs mostra que ele está procrastinando", disse François Heisbourg, consultor do Instituto Internacional de Estudos Estratégicos.
As posições de Rússia e Ucrânia seguem difíceis de conciliar. Moscou exige que Kiev abandone o plano de adesão à Otan e reconheça a anexação de territórios ucranianos. Já a Ucrânia quer garantias de segurança do Ocidente e a retirada completa das tropas russas — que hoje ocupam cerca de 20% do país.
(Com Reuters, AFP e RFI)
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