Israel pede desculpas após atirar na direção de delegação de diplomatas
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O Exército de Israel pediu desculpas após disparar hoje contra uma delegação de diplomatas da União Europeia que estava em uma viagem oficial à Cisjordânia. O caso gerou um mal-estar diplomático entre os países envolvidos.
O que aconteceu
Delegação teria entrado em uma área não autorizada. Nadav Shoshani, porta-voz das Forças de Defesa de Israel, comentou sobre o incidente pelo X e disse que o grupo estava viajando pela cidade de Jenin.
Soldados que estavam no local teriam feito ''disparos de advertência'' para distanciá-los. Ainda segundo Shoshani, os diplomatas haviam sido instruídos a seguir uma rota aprovada pelo Exército devido à região ser uma zona de combate ativa, mas acabaram desviando.
Não houve feridos ou danos, disse Israel. Em uma nota de pedido de desculpas, os militares afirmaram que estão em contato com os representantes dos países envolvidos para esclarecer o que aconteceu e atualizá-los sobre o inquérito inicial.
O momento do ataque foi gravado. Nas imagens, é possível ouvir uma sequência de tiros e dois soldados aparecem apontando contra a delegação com rifles, enquanto as pessoas correm na direção contrária.
Um diplomata europeu contou que faziam a visita para ver a destruição em Jenin. "Era a última parte da visita e, de repente, ouvimos tiros vindos do acampamento. Não foi uma ou duas vezes. Foram tiros repetidos. Então, naquele momento, começamos a correr de volta para os carros", relatou à AFP.
A Cisjordânia é um território de disputa que fica entre Israel e a Jordânia. A região é o lar de mais de 3 milhões de palestinos que vivem sob ocupação militar israelense, mas também de centenas de milhares de judeus que começaram a se estabelecer ali há cerca de 57 anos.
Ações de Israel na Cisjordânia têm sido centradas em Jenin. A cidade é foco de grupos de resistência armada ao Estado judeu na região. Para líderes locais ouvidos pela Folha de S.Paulo, o objetivo israelense é tornar a vida insustentável para os moradores palestinos e abrir caminho para mais assentamentos judaicos ilegais na Cisjordânia.
Países condenaram a reação
Ahmad al-Deek, conselheiro político do Ministério das Relações Exteriores da Palestina, estava liderando o grupo. ''Condenamos esse ato imprudente do exército israelense, especialmente num momento em que deu à delegação diplomática uma impressão da vida que o povo palestino está vivendo'', declarou à AFP.
Itália pediu esclarecimentos. Alessandro Tutino, vice-cônsul italiano, estava entre os que foram alvos de tiros. ''Pedimos ao governo de Israel que esclareça imediatamente o que aconteceu. As ameaças contra diplomatas são inaceitáveis'', falou o primeiro-ministro italiano, Antonio Tajani, nas redes sociais.
O governo brasileiro aproveitou o incidente diplomático para condenar a nova ofensiva israelense na Faixa de Gaza. Em nota, o Itamaraty disse que a intensificação dos bombardeios aéreos e a expansão das operações terrestres deixaram mais de 300 palestinos mortos nos últimos dias.
O Brasil conclama o governo de Israel a permitir acesso imediato e desimpedido de ajuda humanitária ao território, em consonância com suas obrigações de Direito Internacional Humanitário, assim como reitera apelo em favor da cessação permanente das hostilidades, retirada completa das forças israelenses de Gaza e da libertação dos reféns remanescentes
Itamaraty
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