O que é o programa nuclear do Irã, alvo dos ataques de Israel

Israel atacou infraestruturas nucleares iranianas na madrugada de hoje (noite de ontem em Brasília) e matou integrantes da cúpula militar.

O que é o programa nuclear do Irã

É uma iniciativa científica para o uso da energia nuclear iniciada na década de 1950. Segundo o país, ele é voltado para fins pacíficos e segue os princípios do Tratado de Não Proliferação Nuclear. No entanto, a comunidade internacional teme que o país esteja tentando construir uma bomba atômica.

O principal ponto de divergência nas negociações para regulamentar o programa é o enriquecimento de urânio. Isto acontece a 60% no país —valor considerado próximo ao limite, já que para fabricar uma bomba nuclear seria necessário urânio enriquecido a 90%;

Oficialmente, Irã não possui armas nucleares. A Arms Control Association, organização norte-americana que monitora os arsenais nucleares pelo mundo desde 1971, divulga que apenas nove países possuem bombas nucleares. São eles: EUA, Rússia, China, França, Reino Unido, Paquistão, Índia, Israel e Coreia do Norte.

O país é o único estado não nuclear que enriquece urânio a 60%, segundo a AIEA (Agência Internacional de Energia Atômica). O país defende o direito ao desenvolvimento nuclear com fins civis, como a geração de energia, e afirma que não aceitará limites nesse aspecto.

Em 2015, após anos de negociação, um acordo foi firmado entre o Irã e a comunidade internacional. Na época, o país concordou em diminuir as atividades nucleares em troca do alívio das sanções econômica impostas contra a República Islâmica.

Mas o EUA se retirou do compromisso em 2018. Em seu primeiro mandato, Donald Trump retirou os EUA do compromisso e os esforços para retomar o diálogo fracassaram. Desde então o Irã se distancia do compromisso de não enriquecer urânio acima de 3,67% —o que foi fixado pelo pacto.

Histórico e novas negociações

Até o início da década de 2000, o Irã realizou atividades não declaradas relacionadas com a energia nuclear. Nos últimos meses, acelerou sua produção de urânio enriquecido a 60%.

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Teerã anunciou ontem que pretende aumentar "significativamente" sua produção de urânio enriquecido. Essa é uma resposta à adoção de uma resolução da AIEA que o condena por "não cumprimento" de suas obrigações nucleares.

Há um mês, o presidente do Irã, Massoud Pezeshkian, classificou como "inaceitáveis" os pedidos para desmantelar as instalações nucleares do país. No início de junhos, os EUA enviaram uma proposta de acordo sobre o programa nuclear de Teerã.

Segundo o jornal "The New York Times", grupo de países pede que o Irã interrompa completamente o enriquecimento de urânio. Eles propõem a criação de um grupo regional para produzir energia nuclear, que incluiria Irã, Arábia Saudita e outros países árabes, além dos EUA. Hoje, Trump afirmou que foi dado ao Irã um ultimato de 60 dias para um acordo nuclear, antes dos ataques de Israel de hoje, o 61º dia.

Israel considera a República Islâmica uma ameaça existencial. Segundo o Exército israelense, informações de inteligência indicam que o Irã está se aproximando de um "ponto de não retorno" em seu programa nuclear.

Instalações nucleares do Irã

A AIEA condenou ontem o Irã por violar suas obrigações de não proliferação nuclear pela primeira vez em quase duas décadas. A agência, além de órgãos de inteligência americanos, acredita que o país persa tenha um programa secreto de armas nucleares, que foi interrompido em 2003.

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As instalações nucleares iranianas foram fortalecidas ao longo de anos, espalhadas por vários locais, algumas em bunkers subterrâneos. A AIEA diz que o Irã dobrou o enriquecimento de urânio em três meses.

Principais instalações nucleares do Irã estão em Natanz, Isfahan, Teerã, Bushehr e Arak. A AIEA confirmou hoje que a instalação de Natanz estava entre os alvos dos recentes ataques israelenses. Há imagens de nuvens de fumaça saindo da instalação.

*Com informações da AFP, RFI e Reuters

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