Com escalada de ataques, mortos chegam a 224 no Irã e a 14 em Israel

Chegou a 224 o total de mortos no Irã e a 14 as vítimas em Israel após os últimos bombardeios. A guerra começou na última sexta-feira (13), quando Israel atacou o país persa e seguem neste domingo, com ataques em Teerã, Jerusalém e Tel-Aviv.

O que aconteceu

Os ataques de hoje deixaram 11 mortos em Israel. Agora, são 14 o total de vítimas e 390 feridos, segundo os sites de notícias The Times of Israel e The Jerusalem Post. Um dos ataques atingiu edifícios residenciais no litoral e no norte de Israel. Outro bombardeio danificou estações de abastecimento para caças israelenses.

São 224 mortos e 1.277 feridos em Teerã, diz o Ministério da Saúde do Irã. O revide israelense foi um ataque à sede do Ministério da Defesa iraniano em Teerã na manhã de hoje, de acordo com a agência de notícias semioficial Tasnim. O depósito de petróleo de Shahran, a noroeste de Teerã, também foi atingido.

15.6.2025 - Bombeiros e equipes de resgate trabalham em um local atingido por um ataque de mísseis do Irã contra Israel, em Haifa
15.6.2025 - Bombeiros e equipes de resgate trabalham em um local atingido por um ataque de mísseis do Irã contra Israel, em Haifa Imagem: Rami Shlush/Reuters

O Irã disparou cerca de 280 mísseis balísticos contra Israel. A conta é do Ministério da Defesa israelense.

Os militares minimizaram os ataques que romperam o "Domo de Ferro". Um dos principais sistemas de defesa de Israel não interceptou dezenas de mísseis porque "o protocolo" permitiu que as bombas atingissem áreas abertas sem causar danos à infraestrutura crítica, "permitindo preservar os interceptadores para os mísseis que provavelmente causarão danos".

Ainda assim, algumas bombas atingiram áreas residenciais. Danos foram identificados em Tel Aviv, Ramat Gan, Rishon Lezion, Bat Yam e Rehovot, no centro de Israel. Os militares estimam que os mísseis balísticos iranianos carreguem ogivas de 500 quilos.

Há poucas informações sobre o armamento usado por Israel. Na sexta, 200 aviões israelenses lançaram 330 mísseis nos primeiros ataques. Só na noite de sábado Israel —que não admite deter 90 ogivas nucleares— diz ter acertado 80 alvos em Teerã.

15.6.2025 - Equipe de resgate ajuda uma mulher ferida no local do impacto após ataque de míssil do Irã contra Israel
15.6.2025 - Equipe de resgate ajuda uma mulher ferida no local do impacto após ataque de míssil do Irã contra Israel Imagem: Tomer Appelbaum/Reuters
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Bombeiros trabalham no resgate da população de Jerusalém. O serviço também tenta apagar um incêndio que se alastrou em uma área desabitada. O governo de Israel anunciou que aglomerações estão proibidas e escolas ficarão fechadas. Somente serviços essenciais estão permitidos.

15.6.2025 - Edifício residencial atingido por um ataque de mísseis do Irã
15.6.2025 - Edifício residencial atingido por um ataque de mísseis do Irã Imagem: Tomer Appelbaum/Reuters

No Irã, instalações de combustíveis foram atingidas. O maior campo de gás natural do mundo, em South Pars, e o depósito de petróleo de Shahran foram bombardeados por Israel, segundo a CNN Internacional.

O ministro da Defesa israelense, Israel Katz, avisou que "Teerã vai ficar em chamas". Meios de comunicação iranianos informaram sobre ataques em várias províncias do noroeste e oeste, algumas das quais abrigam bases militares. Um chefe da polícia iraniana e cinco membros da Guarda Revolucionária —o exército ideológico da república islâmica— morreram no sábado em ataques no oeste e centro do país, segundo a imprensa local.

Por que essa guerra agora?

Israel justificou o ataque ao suposto programa nuclear iraniano. Embora Teerã afirme que enriquece urânio apenas para fins energéticos, Israel, Estados Unidos e a ONU (Organização das Nações Unidas) dizem que o Irã está cada vez mais perto de construir uma bomba atômica. Para interromper o suposto programa nuclear, Israel promoveu o que chamou de "ataque preventivo".

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Segundo Israel, o Irã se aproxima do "ponto de não retorno" em seu programa nuclear. O ataque israelense ocorreu assim que a AIEA (Agência Internacional de Energia Atômica) acusou o Irã de descumprir com seu compromisso de não enriquecer urânio para fins militares. Ao contrário de Israel —que nega possuir um arsenal nuclear de 90 ogivas—, o Irã é signatário do Tratado de Não Proliferação de Armas Nucleares.

Nove países teriam a bomba: EUA, Rússia, China, França, Reino Unido, Paquistão, Índia, Israel e Coreia do Norte, segundo a Arms Control Association, que monitora os arsenais nucleares desde 1971.

13.jun.2025 - Fogo e fumaça sobem de um prédio, supostamente atingido por um míssil disparado do Irã, no centro de Tel Aviv
13.jun.2025 - Fogo e fumaça sobem de um prédio, supostamente atingido por um míssil disparado do Irã, no centro de Tel Aviv Imagem: Jack GUEZ / AFP

Irã é o único Estado não-nuclear que enriquece urânio a 60%. Em tese, esse percentual é suficiente para fabricar uma arma nuclear. As mais potentes, porém, tem enriquecimento de 90% do urânio, missão relativamente fácil para quem já atingiu 60%, diz a agência.

Para analistas, Netanyahu tenta se agarrar ao poder. Com a impopularidade internacional da atuação militar israelense na Faixa de Gaza, o primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, teria aberto uma nova frente militar para manter o país em situação de emergência e evitar sua deposição diante de protestos internacionais e domésticos.

Quem está envolvido na guerra?

Israel realizou o ataque sozinho, mas tem nos EUA um aliado militar. Israel depende diplomática e militarmente dos Estados Unidos, mas realizou os ataques sozinho, afirmou o secretário de Estado americano, Marco Rubio, segundo quem autoridades israelenses consideravam a ação "necessária para sua autodefesa".

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Para o Irã, EUA e Israel mentem. O governo de Teerã afirmou que Washington seria "responsável pelas consequências" dos ataques israelenses, afirmando que eles "não poderiam ter sido realizados sem a coordenação e a permissão dos Estados Unidos".

Arquivo - Trump e Netanyahu são aliados
Arquivo - Trump e Netanyahu são aliados Imagem: Jim Watson/AFP

Trump disse que pode auxiliar Israel. Ele admitiu que "sabia de tudo" sobre o ataque e mostrou disposição para ajudar a destruir o programa nuclear de Teerã. O republicano chamou de "excelente" o desempenho dos militares israelenses.

A França disse que pode ajudar Israel a se defender. O presidente, Emmanuel Macron, afirmou que o país não tem intenção de participar da guerra, mas ajudaria na defesa israelense, se precisasse.

Já o Reino Unido defendeu a ofensiva israelense. O primeiro-ministro, Keir Starmer, conversou por telefone com Netanyahu para enfatizar que Israel tem o direito à autodefesa, mas que o conflito precisa de uma solução diplomática.

Em resposta, Teerã ameaçou EUA, França e Reino Unido. Qualquer país que tente interferir no conflito "estará sujeito a ter todas as bases regionais do governo cúmplice atacadas pelas forças iranianas, incluindo bases militares nos países do Golfo Pérsico e navios e embarcações navais no Golfo Pérsico e no Mar Vermelho", disse o Irã em comunicado noticiado pela agência iraniana Mehr.

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China e Rússia apoiam Irã

A China afirmou que "se opõe a qualquer tipo de violação da soberania" do Irã. O gigante oriental se ofereceu para "desempenhar um papel construtivo" para acalmar a situação no Oriente Médio.

A Rússia se ofereceu para mediar o conflito. O presidente Vladimir Putin conversou com o presidente do Irã, Masud Pezeshkian, e com Netanyahu depois dos bombardeios. Em comunicado, o Kremlin informou que o presidente russo "condena as ações de Israel, que violam a Carta das Nações Unidas e o direito internacional".

Mas é "pouco provável que a Rússia mande soldados ou armamentos para o Irã". A avaliação é da coordenadora do curso de Relações Internacionais do Mackenzie Rio, Fernanda Brandão. Ela lembra que o Kremlin "tem a questão ucraniana para lidar".

Comunidade islâmica condenou Israel. A Arábia Saudita, que havia se aproximado de Israel, condenou as "agressões flagrantes". Omã, mediador nas negociações entre Teerã e Washington, criticou os ataques como uma "escalada perigosa" que ameaça a estabilidade regional.

Grupos paramilitares islâmicos são aliados do Irã. "Os grupos que poderiam apoiar o Irã são o Hamas, o Hezbollah e os Houtis", diz Brandão. Mas ela acredita que "eles se encontram em momento particularmente frágil em decorrência de recentes ataques feitos pelo próprio Exército israelense".

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Para o secretário-geral da Otan, Mark Rutte, acalmar as tensões na região é "crucial".

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