Conteúdo publicado há 26 dias

Imagens de satélite mostram danos a usina nuclear do Irã após bombardeio

Israel bombardeou, na sexta-feira passada, a usina nuclear de Natanz, uma instalação de enriquecimento de urânio que fica no Irã. O ataque destruiu a parte externa da usina, segundo o governo iraniano, mas o subsolo do complexo não teria sido atingido.

O que aconteceu

A AIEA (Agência Internacional de Energia Atômica) e o governo iraniano confirmaram que parte dessa instalação havia sido destruída pelos ataques israelenses. A usina de Natanz, no centro do país, é a mais conhecida das instalações nucleares iranianas, e sua existência foi revelada em 2002.

Ontem, o primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, afirmou que seu exército destruiu a principal instalação em Natanz. "É a principal instalação de enriquecimento de urânio" do país, afirmou à emissora norte-americana Fox News.

A AIEA afirmou que não há indícios de que ataques israelenses atingiram a parte subterrânea. "Não houve novos danos" desde os bombardeios de sexta-feira, que destruíram edifícios da superfície, disse Rafael Grossi, diretor-geral da agência nuclear da ONU.

Imagens de satélites (em destaque) mostram o antes e o depois do complexo de Natanz ser bombardeado. As imagens permitem visualizar alguns danos provocados à parte externa da usina, que fica acima do solo, alvejada pelos bombardeios israelenses.

Imagens de satélite mostram destruição no complexo nuclear de Natanz
Imagens de satélite mostram destruição no complexo nuclear de Natanz Imagem: Reprodução/X

Parte principal fica no subsolo

A usina possui duas construções, sendo uma subterrânea para proteção contra esse tipo de ataque. No total, a usina de Natanz possui quase 70 cascatas de centrífugas, usadas para enriquecer urânio.

Segundo Grossi, a principal planta de enriquecimento de urânio fica abaixo do solo. "Nada indica que houve um ataque físico contra a parte subterrânea", afirmou.

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O diretor da AIEA também afirmou que os níveis de radiação seguem inalterados nos complexos iranianos após os ataques. Grossi revelou que a agência "está pronta para responder a qualquer emergência nuclear ou radiológica em até uma hora". O Centro de Incidentes e Emergências atua 24 horas desde o início das ofensivas.

Enriquecimento de urânio e negociações

Israel iniciou as hostilidades com o objetivo declarado de acabar com o controverso programa nuclear iraniano. Desde então, os dois países trocaram ataques.

Existem dois tipos de programas nucleares: civil e militar. Os programas civis são voltados exclusivamente para usinas nucleares, com o objetivo de gerar eletricidade, enquanto os militares têm como meta a produção de bombas atômicas.

Potências ocidentais, incluindo EUA e Israel, suspeitam que o Irã tem intenção de produzir armas nucleares. Teerã nega e afirma que se trata de um programa civil.

No entanto, o avanço nos níveis de enriquecimento de urânio do Irã pode indicar um objetivo militar, o que é motivo de preocupação. Segundo a AIEA, em 3 meses, a República Islâmica dobrou seu estoque de urânio enriquecido a 60% de pureza, chegando a um nível muito acima do necessário para produção de energia civil.

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Oficialmente, Irã não possui armas nucleares. A Arms Control Association, organização norte-americana que monitora os arsenais nucleares pelo mundo desde 1971, divulga que apenas nove países possuem bombas nucleares. São eles: EUA, Rússia, China, França, Reino Unido, Paquistão, Índia, Israel e Coreia do Norte.

O país é o único estado não nuclear que enriquece urânio a 60%, segundo a AIEA (Agência Internacional de Energia Atômica). O país defende o direito ao desenvolvimento nuclear com fins civis, como a geração de energia, e afirma que não aceitará limites nesse aspecto.

Em 2015, após anos de negociação, um acordo foi firmado entre o Irã e a comunidade internacional. Na época, o país concordou em diminuir as atividades nucleares em troca do alívio das sanções econômica impostas contra a República Islâmica.

Mas o EUA se retirou do compromisso em 2018. Em seu primeiro mandato, Donald Trump retirou os EUA do compromisso e os esforços para retomar o diálogo fracassaram. Desde então o Irã se distancia do compromisso de não enriquecer urânio acima de 3,67% —o que foi fixado pelo pacto.

No início do mês, os EUA enviaram uma proposta de acordo sobre o programa nuclear de Teerã. Segundo o New York Times, a proposta pede que o Irã interrompa completamente o enriquecimento de urânio e propõe a criação de um grupo regional para produzir energia nuclear, que incluiria Irã, Arábia Saudita e outros países árabes, além dos Estados Unidos. Sexta-feira, Trump afirmou que foi dado ao Irã um ultimato de 60 dias para um acordo nuclear antes dos ataques de Israel, que aconteceram no 61º dia.

Israel considera a República Islâmica uma ameaça existencial. Segundo o Exército israelense, informações de inteligência indicam que o Irã está se aproximando de um "ponto de não retorno" em seu programa nuclear.

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Trump afirmou que o Irã deve fechar o acordo para que o "massacre" acabe. "Já houve grande morte e destruição, mas ainda há tempo para que esse massacre, com os próximos ataques já planejados sendo ainda mais brutais, chegue ao fim", disse Trump em publicação no Truth Social.

O presidente dos EUA chegou a escrever em tom ameaçador: "Chega de morte, chega de destruição, simplesmente façam, antes que seja tarde demais".

(Com AFP, DW, ONU News e Reuters)

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