Quem é a espiã que será a 1ª mulher na chefia do serviço secreto britânico

O MI6, serviço secreto de inteligência britânica no exterior, será liderado pela primeira vez nos seus 116 anos de história por uma mulher, anunciou o primeiro-ministro do Reino Unido, Keir Starmer.

Quem é a nova 'espiã-chefe'?

Blaise Metreweli, 47, atualmente é chefe das equipes de tecnologia e inovação do serviço. Este é o cargo da personagem Q dos filmes de James Bond. Ela deve assumir seu novo cargo no outono europeu, que se inicia em setembro.

A diretora se disse "orgulhosa e honrada" por ser escolhida para a liderança do MI6. Já o primeiro-ministro Starmer descreveu a escolha de seu nome como "histórica" em um momento "em que o trabalho de nossos serviços de inteligência nunca foram mais vitais", em meio aos conflitos na Europa e no Oriente Médio.

Metreweli deixará de ser a "Q" para ser a "C", o código da liderança máxima do MI6. No entanto, o dela será o único nome de agente do serviço conhecido pelo público, como já é tradição.

Ela substitui o atual 17º chefe do MI6, sir Richard Moore, que ocupou a função por cinco anos. "Blaise é uma oficial de inteligência altamente talentosa, uma líder e uma das nossas melhores pensadoras em tecnologia", comemorou ele em comunicado.

A nova chefe se juntou ao serviço secreto de inteligência em 1999. Formada em antropologia pela Universidade de Cambridge, ela já ocupou posições de alto escalão tanto no MI5, o serviço de inteligência doméstica, quanto no MI6.

Ela passou boa parte de sua carreira em missões de inteligência pela Europa e Oriente Médio. Atualmente como "Q", ela garante que as identidades de outros agentes secretos permaneçam desconhecidas, assim como desenvolve estratégias para protegê-los da vigilância biométrica de países como a China, segundo informações da rede britânica BBC.

Em dezembro de 2021, quando ainda estava no MI5, ela revelou ameaças à segurança nacional que o Reino Unido enfrenta sob o pseudônimo "Diretora K". Ao jornal Telegraph, ela afirmou que as atividades estatais russas "permaneciam uma ameaça" e que a China estava "mudando como o mundo é e isso apresenta incríveis oportunidades e ameaças para o Reino Unido". Sua identidade foi revelada agora pela BBC.

As ameaças que estamos analisando ocorrem, em primeiro lugar, em relação a proteger o governo, seus segredos, nosso povo — [em caso de] contra-assassinatos— proteger nossa economia, tecnologias sensíveis e conhecimentos de máxima importância. Blaise Metreweli

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Em 2024, ela recebeu a comenda CMG (Companion of the Order of St. Michael and St. George) do rei Charles 3º. Ela entrou para a lista de reconhecimentos anuais da Coroa, em comemoração ao aniversário do monarca, pelos seus serviços à política externa britânica.

O que é o MI6 e o que a "C" fará?

MI6 tem a missão de "roubar segredos", ou seja, obter informações sensíveis fora do Reino Unido para melhorar a segurança do país. Uma de suas principais funções é combater o terrorismo, interromper atividades de "nações hostis" e melhorar a cibersegurança britânica. Blaise ainda descreveu como papel da organização "manter o povo seguro" e "promover interesses britânicos no exterior".

Como "C", ela vai se reportar ao Secretário de Estado do Reino Unido. Além disso, ela será parte do Comitê de Inteligência Conjunta, composto por membros de alto escalão de outros departamentos do governo britânico. Ela receberá todos os relatórios inteligências, analisará as situações e aconselhará o primeiro-ministro.

Curiosamente, seu codinome não vem da inicial da palavra "chefe". O líder da primeira agência espiã do governo britânico, nos anos 1900, era um oficial da Marinha Real, Capitão Mansfield Cumming, que tinha o hábito de assinar suas cartas apenas com a inicial do seu sobrenome: C. O apelido pegou. Outro hábito de Cumming, o de usar tinta verde nos documentos, também é mantido até hoje: apenas o chefe do MI6 pode escrever com caneta verde em todo o governo.

A "C" não terá e não poderá dar aos seus agentes "licença para matar", como nos filmes de James Bond. Mas, a seção 7 do Ato dos Serviços de Inteligência de 1994 exime os agentes do MI6 de responsabilidade legal no exterior diante de ordens recebidas diretamente do Secretário de Estado, mas não são discriminadas quais exatamente seriam estas ações, o que pode resultar em um complexo processo legal.

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