Além de Israel e Irã: outras guerras e conflitos em andamento no mundo

Israel começou a bombardear o Irã na última sexta-feira (13), sob a justificativa de que Teerã estaria prestes a construir uma bomba nuclear. Embora Teerã afirme que enriquece urânio apenas para fins energéticos, Israel, Estados Unidos e a ONU (Organização das Nações Unidas) dizem que o Irã está cada vez mais perto de construir uma bomba atômica.

Para interromper o suposto programa nuclear, Israel promoveu o que chamou de "ataque preventivo". Até o momento, as trocas de ataques deixaram 248 mortos nos dois países, segundo autoridades locais.

Mas este não é o único conflito que está acontecendo atualmente no mundo. Veja:

Faixa de Gaza

18.mai.2025 - Tropas israelenses próximas à fronteira de Israel com a Faixa de Gaza
18.mai.2025 - Tropas israelenses próximas à fronteira de Israel com a Faixa de Gaza Imagem: Menahem KAHANA / AFP

Um conflito entre Israel e o grupo extremista Hamas está em curso desde 7 de outubro de 2023. Em março, Israel efetivamente encerrou um acordo de cessar-fogo iniciado em janeiro e renovou sua campanha militar em Gaza.

O Hamas disse estar disposto a libertar todos os reféns restantes capturados por seus pistoleiros em ataques a comunidades no sul de Israel em 2023 e a concordar com um cessar-fogo permanente caso Israel retire-se completamente de Gaza.

Benjamin Netanyahu, no entanto, disse que Israel só estaria disposto a concordar com um cessar-fogo temporário em troca da libertação dos reféns, prometendo que a guerra só terminará quando o Hamas for erradicado.

O conflito já matou quase 54 mil palestinos, de acordo com autoridades de saúde de Gaza, e devastou a faixa costeira. Grupos de ajuda humanitária dizem que os sinais de desnutrição grave são generalizados.

Continua após a publicidade

Ucrânia

10.set.2023 - Bombardeio da Rússia na região de Donestk, na Ucrânia
10.set.2023 - Bombardeio da Rússia na região de Donestk, na Ucrânia Imagem: ALEXANDER ERMOCHENKO/REUTERS

A Rússia invadiu a Ucrânia em 24 de fevereiro de 2022. Sem um fim à vista para o conflito, os russos ocupam áreas significativas no leste e no sul do país. As forças russas tomaram grandes partes do território na região de Kharkiv nos primeiros dias da invasão.

Desde então, o Exército ucraniano recuperou parte do território fronteiriço durante uma ofensiva-relâmpago lançada no final de 2022. A guerra da Ucrânia provocou uma grande mobilização internacional como poucas vezes se viu na última década.

Apesar dos esforços diplomáticos para resolver a situação, o conflito continua a ser uma fonte de instabilidade na região. Em junho de 2025, Rússia e Ucrânia continuam negociaram a troca de prisioneiros —um dos únicos consensos entre os dois países até o momento.

As negociações para um cessar-fogo estão paralisadas e a Rússia se recusa a retomá-las até que suas exigências sejam atendidas. Entre elas, de que a Ucrânia ceda quatro regiões e desista de ingressar na Otan.

Continua após a publicidade

Etiópia

Tanque de guerra é abandonado na região de Tigré, na Etiópia
Tanque de guerra é abandonado na região de Tigré, na Etiópia Imagem: Yasuyoshi Chiba/AFP

As forças pró-governo e os rebeldes da região de Tigré duelam no norte do país desde novembro de 2020, quando o primeiro-ministro Abiy Ahmed enviou o exército federal para expulsar as autoridades da área, governada até então pela TPFL (Frente de Libertação do Povo Tigré), movimento que contestava sua autoridade.

As tropas da TPLF foram derrotadas, mas, em 2021, os rebeldes tomaram o controle da região e, desde então, avançaram para locais próximos de Amhara e Afar. O conflito já deixou milhares de mortos

Em março de 2023, o governo etíope e os rebeldes da região de Tigré anunciaram um cessar-fogo. Mas uma nova frente de batalha, na região de Afar, colocou em risco as negociações de paz. Em paralelo, a região de Tigré não se recuperou totalmente do impacto desastroso do conflito.

De acordo com a BBC, moradores de Mekelle, a principal cidade de Tigré, na Etiópia, devastada pela guerra, disseram que temem ser arrastados para um novo conflito em breve. Tensões crescentes ameaçam o frágil acordo de paz assinado no final de 2022, que pôs fim a uma guerra civil brutal — que matou meio milhão de pessoas.

Continua após a publicidade

Ainda segundo a BBC, quase um milhão de pessoas deslocadas ainda não retornaram para casa e algumas infraestruturas essenciais — incluindo escolas e unidades de saúde — ainda não foram reconstruídas.

Iêmen

3 de novembro de 2021 - Campo para pessoas que foram forçadas a sair de suas casas em Marib. no Iêmen
3 de novembro de 2021 - Campo para pessoas que foram forçadas a sair de suas casas em Marib. no Iêmen Imagem: AFP

O Iêmen vive hoje um dos períodos mais violentos desde 2014, quando iniciou a guerra civil no país que coloca em embate direto duas potências do Oriente Médio. De um lado estão as forças do governo de Abd-Rabbu Mansour Hadi, apoiadas por uma coalizão sunita liderada pela Arábia Saudita. Do outro, a milícia rebelde houthit, de xiitas, apoiada pelo Irã, que controla a capital, Sanaa, e partes do oeste do país.

Só em fevereiro de 2023, foram mais de 700 ataques aéreos registrados por lá. O conflito foi motivado pelo fracasso da transição política após a Primavera Árabe, que obrigou o antigo presidente do Iêmen, Ali Abdullah Saleh, a entregar o poder ao seu vice, Abdrabbuh Mansour Hadi, em 2011.

A ONU (Organização das Nações Unidas) chegou a classificar o Iêmen como a pior situação humanitária do mundo. A guerra na região já causou mais de 233 mil mortes, incluindo 131 mil por causas indiretas, como falta de alimentos, serviços de saúde e infraestrutura. Mais de 10 mil crianças morreram como consequência direta dos combates.

Continua após a publicidade

Em 2025, a região trava um conflito com Israel. Em maio, o país destruiu o aeroporto internacional de Sanaa, principal terminal aéreo do Iêmen. Segundo as Forças de Defesa de Israel, o local era utilizado como centro operacional pelos houthis.

Mianmar

31 de jan. 2022 - Grupo de mulheres protesta contra golpe militar em Mianmar
31 de jan. 2022 - Grupo de mulheres protesta contra golpe militar em Mianmar Imagem: Stringer/REUTERS

Em fevereiro de 2021, o exército de Mianmar derrubou o governo eleito do país, prendeu líderes políticos, fechou o acesso à internet e suspendeu os voos internacionais. Isso resultou em uma guerra civil que já dura mais de quatro anos entre militares e grupos organizados de civis armados.

De acordo com o grupo de monitoramento de conflitos Acled (sigla em inglês para "Projeto de Localização de Conflitos Armados e Dados de Eventos"), os confrontos estão espalhados por todas as regiões do país e cerca de 12 mil pessoas foram mortas desde que os militares tomaram o poder.

Segundo a Acnur (Alto Comissariado das Nações Unidas para Refugiados), mais de quatro milhões de pessoas deixaram suas casas no país e há 1,5 milhão de refugiados. Os grupos que lutam contra as forças do governo são conhecidos coletivamente como PDF (Força de Defesa do Povo, na sigla em inglês), uma rede informal de grupos de milícias civis composta em grande parte por jovens.

Continua após a publicidade

Em abril de 2025, um terremoto matou mais de 2,7 mil pessoas, deixou mais de 4,5 mil feridos e mais de 400 desaparecidos. Na época, a aliança rebelde anunciou um "cessar-fogo humanitário" — temporário e unilateral — para reagir ao desastre natural.

Pouco mais de um mês depois, um bombardeio da junta militar matou 22 pessoas, incluindo 20 crianças.

Síria

28.dez.2021 - Foto divulgada pela agência Sana (Agência de Notícias Árabe Síria) mostra contêineres em chamas no porto de Latakia, após um ataque aéreo israelense
28.dez.2021 - Foto divulgada pela agência Sana (Agência de Notícias Árabe Síria) mostra contêineres em chamas no porto de Latakia, após um ataque aéreo israelense Imagem: AFP/SANA

Protestos contra o presidente Bashar al-Assad da Síria, em 2011, se transformaram em uma guerra civil que já dura mais de uma década. O confronto já deixou mais de 380 mil mortos, 200 mil desaparecidos, arrasou cidades e envolveu outros países estrangeiros.

A Guerra na Síria foi deflagrada após denúncias de corrupção no governo do país. Em março de 2011, vieram os protestos ao sul de Derra em favor da democracia. A população revoltou-se contra a prisão de adolescentes que escreveram palavras revolucionárias nas paredes de uma escola.

Continua após a publicidade

Centenas de grupos rebeldes surgiram e não demorou muito para que o conflito se tornasse mais do que apenas uma batalha entre sírios a favor ou contra Assad. Países como Rússia, Estados Unidos, Reino Unido e França também tomaram partido no conflito, enviando dinheiro, armas e combatentes. Além disso, organizações jihadistas, como o grupo extremista autodenominado Estado Islâmico (EI) e a Al-Qaeda, também se envolveram.

A guerra na Síria diminuiu sua intensidade entre 2021 e 2022, com Assad conseguindo dominar boa parte do país, mas com resistência de diversas partes. No fim de 2024, o conflito se intensificou novamente, e em janeiro de 2025 um governo de transição, liderado por Ahmed al-Shar'a, foi empossado.

Sudão do Sul

Um soldado do Exército do Sudão do Sul se posiciona próximo a uma metralhadora montada em um caminhão em Malakal, cidade a 497 km a nordeste da capital Juba, após a retomada da cidade de combatentes rebeldes
Um soldado do Exército do Sudão do Sul se posiciona próximo a uma metralhadora montada em um caminhão em Malakal, cidade a 497 km a nordeste da capital Juba, após a retomada da cidade de combatentes rebeldes Imagem: James Akena/ Reuters

O Sudão do Sul é o país mais novo do mundo. Foi reconhecido em 2011, após a separação com o Sudão. Mas a nova nação enfrenta uma guerra civil desde 2013 e está mergulhada em um quadro de violência político-étnica e instabilidade crônica.

De acordo com o Comitê Internacional da Cruz Vermelha, das 12 milhões de pessoas que habitam o Sudão do Sul, seis milhões estão em situação de fome e necessitam de assistência alimentar.

Continua após a publicidade

Um acordo de paz assinado em 2018 pelos inimigos Riek Machar e Salva Kiir continua sendo, em grande parte, inaplicável. Mais de dois milhões de sul-sudaneses fugiram do país, constituindo a "maior crise de refugiados da África", segundo o Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados (Acnur). Em março de 2025, o acordo de paz foi revogado pela oposição e o país voltou a um estado iminente de conflitos.

Militantes Islâmicos na África

Manifestantes apoiam militares de Burkina Faso na capital do país, Ouagadougou
Manifestantes apoiam militares de Burkina Faso na capital do país, Ouagadougou Imagem: Olympia de Maismont/AFP

Após a queda do Estado Islâmico no Oriente Médio, em 2017, grupos de militantes islâmicos se voltaram cada vez mais para a África, onde governos fragilizados não possuem força suficiente para combater a sua influência. Esses grupos jihajistas tentam dominar várias regiões em países como Mali, Niger, Burkina Faso, Somália, Congo e Moçambique.

Em Moçambique, o Ministério da Defesa enviou tropas para a cidade de Palma, no norte do país, para conter o avanço na região. O local possui ricas reservas de gás natural que estão sendo exploradas em colaboração com empresas multinacionais de energia.

Na República Democrática do Congo, a milícia conhecida como Forças Democráticas Aliadas já deixou centenas de mortos. Os Estados Unidos consideram esse grupo aliado do Estado Islâmico. Existe o temor de que esses conflitos possam ser prolongados, gerando ainda mais mortes e problemas humanitários.

Continua após a publicidade

Em 2025, a província de Tanganica recebeu ao menos 50 mil refugiados de Kivu do Sul, região à leste da República Democrática do Congo, que vive uma grave crise humanitária após o avanço do grupo rebelde M23 (nome remete à data de assinatura de um acordo de paz não cumprido, 23 de março de 2009).

Em janeiro, os rebeldes tomaram várias cidades estratégicas e chegaram à capital provincial, Bukavu. Com a retirada da missão de paz da ONU (Organização das Nações Unidas) e o recuo do exército congolês, a população enfrenta saques, tiroteios e deslocamentos em massa.

Afeganistão

Explosão deixa mortos e feridos em mesquita no Afeganistão, em 2021
Explosão deixa mortos e feridos em mesquita no Afeganistão, em 2021 Imagem: JAVED TANVEER / AFP

O Afeganistão já foi palco de um dos conflitos mais noticiados do mundo, após os ataques de 11 de setembro de 2001 nos Estados Unidos. O governo norte-americano invadiu o país sob a acusação de que o Talibã esteve por trás dos atentados. Foram quase duas décadas de intensos combates e milhares de mortes, até que o grupo voltou ao poder em 2020.

Com isso, o nível de violência caiu no país, mas a nação enfrenta uma das mais graves crises humanitárias que já se viu por causa das sanções e isolamento impostos por grande parte do mundo.

Continua após a publicidade

Desde que retornaram ao poder em 2021, as autoridades talibãs têm imposto gradualmente a sua visão ultrarrigorosa do islã, proibindo certas atividades e esportes, como o xadrez e o MMA. Em maio de 2025, 14 pessoas foram presas por por tocar música e cantar.

As mulheres e meninas são as mais afetadas pelo conflito, privadas de direitos fundamentais. Interrupção no financiamento de serviços essenciais já resultou no fechamento de 200 unidades de saúde. impactando cerca de 1,8 milhão de pessoas.

Nagorno-Karabakh

Refugiados de Nagorno-Karabakh deixam a região durante guerra entre Armênia e Azerbaijão
Refugiados de Nagorno-Karabakh deixam a região durante guerra entre Armênia e Azerbaijão Imagem: Stanislav Krasilnikov\TASS via Getty Images

Armênia e Azerbaijão lutaram por décadas pelo controle de Nagorno-Karabakh. O exército do Azerbaijão tomou a região separatista no final de setembro de 2023 e a Armênia afirma que recebeu mais de 50 mil pessoas que deixaram a região.

Para os habitantes que deixaram Nagorno-Karabakh, esta região faz parte da Grande Armênia, um teórico conjunto de áreas historicamente povoadas pelo grupo étnico armênio cristão ortodoxo. Já o Azerbaijão é um território de maioria muçulmana. Para os sucessivos dirigentes de Baku, a região montanhosa de Nagorno-Karabakh mais a extensa faixa adjacente do sul da Armênia provocam uma descontinuidade territorial indesejada.

Continua após a publicidade

Em setembro de 2024, Baku promoveu uma ofensiva relâmpago para tomar os territórios que ainda permaneciam sob controle de separatistas, desencadeando uma fuga em massa de cidadãos de etnia armênia. Segundo o The Guardian, os dois países concordaram com um acordo de paz em março de 2025.

Quase todos os 100 mil residentes étnicos armênios fugiram da região depois que ela caiu para o Azerbaijão.

*Com reportagem publicada em 10/10/2023 e agências internacionais

Deixe seu comentário

O autor da mensagem, e não o UOL, é o responsável pelo comentário. Leia as Regras de Uso do UOL.