Sem mísseis tão precisos, Irã pode não ter mirado hospital, diz professor
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O hospital israelense atingido por mísseis pode não ter sido o alvo principal do ataque promovido pelo Irã, afirmou Paulo Filho, mestre em Ciências Militares, em entrevista ao UOL News hoje.
Filho explicou que o tipo de míssil utilizado pelos iranianos não garante uma precisão tão exata quanto os usados por Israel. Por isso, segundo o professor, há uma chance de o país ter planejado atingir outra estrutura, mas acertado o centro médico.
Essa guerra é diferente, por exemplo, do conflito entre Rússia e Ucrânia, que são dois países vizinhos e suas tropas atuam no terreno. É uma guerra de atrito, com combates em trincheira e as tropas se enfrentando. Israel e Irã estão separados por mais de mil quilômetros e é muito pouco provável que eles enviem tropas para o território inimigo.
A maneira como eles têm que se enfrentar é nessa troca de salvas de mísseis. Nesse aspecto, Israel tem enorme superioridade em relação ao Irã por estabelecer uma supremacia aérea. Só aeronaves israelenses podem voar; a força aérea iraniana não tem mais essa capacidade. A defesa antiaérea do Irã é incapaz de impedir o sobrevoo das aeronaves israelenses.
Os mísseis lançados por Israel em direção ao Irã partem predominantemente de aeronaves e são bastante precisos. Já os mísseis utilizados pelo Irã são balísticos, com uma trajetória parabólica. Eles são mais efetivos para penetrar a melhor defesa antiaérea do mundo, mas são muito menos precisos.
É provável que o Irã tenha tentado acertar essa instalação militar nas proximidades do hospital, mas não dá para ter essa certeza por conta das características do armamento. O Irã certamente poderia lançar outros tipos de mísseis, mas eles não chegariam aos alvos porque a excelente defesa antiaérea de Israel os intercepta no caminho. Essa diferença de capacidades militares está muito clara nessa guerra. Paulo Filho, mestre em Ciências Militares
Tanto Irã como Israel traçaram como estratégia atingir pontos nevrálgicos do adversário no menor tempo possível por conta dos gastos elevados do conflito, na visão do especialista.
Essa troca de salvas de mísseis não é sustentável por muito tempo; eles são finitos. Estima-se que o Irã tinha dois mil mísseis no início da guerra. Cada míssil lançado por Israel para interceptar um do Irã custa US$ 3 milhões. É uma guerra caríssima.
A estimativa é de que eles mantenham essa troca de mísseis de um lado para outro por cerca de quinze dias. Eles não têm tanto tempo e, por isso, querem atingir as capitais, causando o maior número possível de baixas e danos ao adversário para que o custo da guerra se torne insustentável. A partir daí, cada um buscaria uma paz vantajosa. Paulo Filho, mestre em Ciências Militares
Ronilso: Irã aparenta usar estratégia política de não perder tempo
A tática usada pelo Irã em seus ataques a Israel demonstra que o país não quer perder tempo no conflito e espera resolvê-lo em um curto prazo, analisou o colunista Ronilso Pacheco.
Vemos claramente que o Irã aparenta uma estratégia política de não perder tempo. É uma frase que cabe mal em um contexto de guerra, mas é isso. São dois países orientados por uma ética internacional diferente. Israel já fez isso diversas vezes em Gaza, mas o país sempre colocou que hospitais, escolas e universidades estão escondendo terroristas e membros do Hamas e do Hezbollah ou escondendo armas.
Nesse aspecto, o Irã não tem muito a perder. Até pelo histórico de decisões do aiatolá Ali Khamenei e da Guarda Revolucionária nesses embates com o Ocidente, é difícil que o Irã gaste seu tempo fazendo ataques periféricos, buscando instalações militares de Israel. Há aí uma estratégia de desestabilização.
É um difícil um conflito começar já com um ataque direto à capital e ao coração do país. Eles sempre acontecem perifericamente e vão chegando gradativamente à capital. O Irã foi direto no coração de Israel para desestabilizar e dizer a que veio. Não tem os mesmos armamentos, tecnologias e aparato militar, mas faz ataques cirúrgicos. Ronilso Pacheco, colunista do UOL
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