EUA, China, Rússia, Brasil: quem está do lado de quem na guerra Israel-Irã?

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O conflito entre Irã e Israel chegou hoje ao nono dia, sem sinais de trégua. Os ataques sem precedentes entre os países, que já causaram a morte de mais de 600 pessoas, vêm fazendo aliados das nações se posicionarem em busca de soluções, mas também para resguardar seus interesses.
EUA querem 'rendição total' do Irã
Quando o conflito começou, os Estados Unidos tentaram se distanciar de Israel, embora afirmassem apoiar o país. O governo americano declarou que foi informado do ataque previamente por Israel, de quem é aliado histórico, mas não deu ajuda militar para ação, que teria partido de decisão "unilateral" do primeiro-ministro Benjamin Netanyahu. Ainda alertou que qualquer retaliação contra cidadãos ou bases americanas teria consequências para o Irã.
Agora, Donald Trump tem dado mostras de que pode entrar na guerra. Na terça, afirmou perseguir "um fim real" do conflito, e que isso poderia incluir "uma rendição completa" por parte do Irã. Também declarou que o país precisaria abandonar seu programa nuclear.
O presidente americano disse também saber onde está escondido o aiatolá Ali Khamenei, líder supremo do Irã. "Ele é um alvo fácil, mas está seguro ali —não vamos eliminá-lo (matar!), pelo menos por enquanto", escreveu em sua rede social, a Truth Social, na terça.
EUA anuciaram que decidirão em duas semanas se entram no conflito contra o Irã. De acordo com comunicado à imprensa lido pela porta-voz da Casa Branca ontem, Trump busca uma solução diplomática com Teerã, mas mantém como prioridade evitar que o país desenvolva uma arma nuclear. A imprensa americana informou que ele já aprovou planos para um possível ataque ao Irã.
China apoia direito de defesa do Irã
O ministro das Relações Exteriores da China, Wang Yi, condenou o ataque de Israel e defendeu direito de "salvaguarda" iraniano. "A China condena explicitamente a violação por parte de Israel da soberania, segurança e integridade territorial do Irã [...] e apoia o Irã na salvaguarda da sua soberania nacional, defendendo os seus direitos e interesses legítimos", disse Wang, em um comunicado oficial divulgado pelo governo da China.
O líder chinês, Xi Jinping, conversou ontem com o presidente russo, Vladimir Putin sobre o conflito. Segundo comunicado divulgado pelo Kremlin, os dois condenaram as ações de Israel contra o Irã durante a conversa, e Putin se ofereceu para mediar uma solução entre as nações.
Xi pediu que grandes potências ajudem a acalmar tensões. Sem citar os EUA, ele afirmou que "a comunidade internacional, especialmente as grandes potências, com influência especial sobre as partes em conflito, devem se esforçar para promover o apaziguamento da situação, e não o contrário", segundo um comunicado do Ministério das Relações Exteriores da China.
A China é o maior importador de petróleo do Irã, hoje sob sanções dos Estados Unidos. Apesar das medidas restringirem o comércio chinês com os iranianos, 90% da produção de petróleo do país é adquirida pela China, segundo o jornal New York Times.
Brasil critica ataques de Israel
Governo brasileiro adotou tom crítico a Israel. Na sexta-feira, após o ataque israelense ao Irã, o Ministério das Relações Exteriores do Brasil expressou em nota "firme condenação" e disse acompanhar com "forte preocupação a ofensiva aérea israelense lançada na última madrugada contra o Irã, em clara violação à soberania desse país e ao direito internacional".
Itamaraty afirmou que os ataques "ameaçam mergulhar toda a região em conflito de ampla dimensão". O Brasil pediu que as partes façam "exercício da máxima contenção", com "fim imediato das hostilidades", sob pena de "elevado risco para a paz, a segurança e a economia mundial".
Até o momento, governo brasileiro não condenou ofensiva do Irã. Em discurso no G7 na terça, o presidente Lula disse que o conflito ameaça fazer do Oriente Médio "um único campo de batalha, com consequências globais inestimáveis". Ele pediu diálogo para acabar com conflitos no Irã, na Ucrânia e em Gaza. "Só o diálogo entre as partes pode conduzir a um cessar-fogo e pavimentar o caminho para uma paz duradoura", afirmou.
Rússia condena Israel
Putin conversou ontem à noite, em separado, com Benjamin Netanyahu e o presidente iraniano, Masoud Pezeshkian. Segundo o Kremlin, Putin condenou as ações israelenses e também "expressou a disposição de fornecer serviços de mediação para evitar uma nova escalada de tensões", embora viva uma guerra com a Ucrânia.
A Rússia é uma importante aliada militar e política do Irã. A imprensa russa indicou que Moscou pode até se beneficiar do conflito entre Israel e Irã. "Por mais cínico que isso possa parecer em um nível tático, há vantagens [para a Rússia] no conflito entre Irã e Israel", disse artigo do jornal russo Moskovsky Komsomolets .
G7 defende direito de defesa de Israel
Grupo que reúne as 7 maiores economias do mundo defendeu que Israel tem direito de se defender do Irã. Após participarem de reunião no Canadá na segunda, líderes do grupo divulgaram comunicado conjunto em que pediram o fim da escalada de tensão entre os países. Por outro lado, classificaram o Irã como principal fonte de instabilidade e terrorismo no Oriente Médio e disseram ser preciso deixar claro que o país jamais poderá adquirir armas nucleares.
Integrante do G7, o Japão se distanciou da declaração. De acordo com o diário econômico japonês Nikkei Asia, o primeiro-ministro, Shigeru Ishiba, reafirmou a posição do país, pedindo que Irã e Israel exerçam "máxima contenção", mas evitou falar em "direito de Israel de se defender", como no comunicado do G7. "O que o ministro das Relações Exteriores disse é a posição do governo japonês. O G7 é o G7", afirmou Ishiba. O Japão mantém relações diplomáticas amistosas com o Irã e, historicamente, adota posição neutra sobre conflitos no Oriente Médio
Países retiram embaixadores do Irã
Reino Unido e outros países anunciaram a retirada de seus funcionários diplomáticos no país devido à guerra com Israel. De acordo com a agência de notícias AFP, entre as nações que adotaram a medida, está a Suíça, que representa oficialmente os interesses dos EUA no país desde 1980, por meio de sua embaixada em Teerã. Isso ocorre porque os americanos romperam relações diplomáticas ou consulares com o Irã.
Austrália suspendeu as operações em sua embaixada em Teerã. O governo australiano ordenou a saída de sua equipe diplomática e suas famílias do Irã e ainda aconselhou todos os seus cidadãos a deixaram o país se puderem fazê-lo com segurança. Portugal, Bulgária, República Tcheca e Nova Zelândia também fecharam temporariamente missões diplomáticas no Irã.
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