Após atacar base dos EUA, líder do Irã diz que país 'não agrediu ninguém'
Horas após ter lançado um ataque com mísseis contra a base militar dos Estados Unidos, no Qatar, o líder do Irã publicou no X que o país "não agrediu ninguém". O governo do Qatar informou que não há feridos e nem mortos.
O que aconteceu
O aiatolá Khamenei, 86, afirmou que o Irã não vai aceitar agressão de nenhum país. "Não agredimos ninguém. E não aceitaremos nenhuma agressão de ninguém, sob nenhuma circunstância", publicou.
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Khamenei escreveu que essa é a lógica da nação iraniana. "Não nos submeteremos a agressão de ninguém, sob nenhuma circunstância", afirmou.
O aiatolá do Irã se isolou em bunker temendo ser alvo de ataques. Enfraquecido após perder vários auxiliares e ciente de que pode ser ele mesmo vítima de um atentado em breve, o líder supremo do Irã nomeou à Assembleia dos Peritos três clérigos como candidatos à sucessão, informou o jornal americano The New York Times neste sábado (21).
Khamenei, que comanda os militares, o Judiciário, o Legislativo e o Executivo, é também o mais alto clérigo na hierarquia dos muçulmanos xiitas. Ele conduz o país com mão de ferro desde 1989 e é o mais longevo chefe de Estado em todo o Oriente Médio.
'Era do espancamento chegou ao fim', diz Irã
Irã diz que ataque contra bases dos EUA foram feitos porque o país violou o direito internacional. Em comunicado divulgado pela emissora estatal do país, o regime iraniano justifica que os bombardeios de hoje foram retaliações ao que chamou de "flagrante agressão militar do regime criminoso dos Estados Unidos contra as instalações nucleares pacíficas da República Islâmica do Irã".
O país afirmou que não deixará sua integridade territorial, soberania e segurança nacional sem respostas, em nenhuma circunstância. "Com a agressão do inimigo americano, tornou-se claro para todos que a maldade dos sionistas era uma extensão dos desígnios americanos. Assim, lembramos que, nesta defesa nacional, as bases e os alvos militares móveis dos EUA na região não são um ponto forte, mas sim uma grande fraqueza e um espinho no pé deste regime belicista", diz comunicado.
Mais uma vez alertamos os inimigos do Irã islâmico de que a era de espancamento e enfrentamento chegou ao fim, assim como a vontade das poderosas forças armadas populares do país. Qualquer repetição de atos de vandalismo levará à aceleração do colapso dos pilares militares dos EUA na região.
Irã, em comunicado divulgado hoje
Ataque ocorreu na maior base dos EUA no Oriente Médio
Base americana de Al-Udeid, no Qatar, foi o alvo do ataque na noite de hoje (horário local). Irã lançou seis mísseis em direção às instalações dos EUA, segundo o site Axios. O governo do Qatar informou que não há feridos e nem mortos.
Inicialmente, relatos diziam que a base aérea de Ain al-Asad, no Iraque, também teria sido atingida. Mas um oficial militar dos EUA afirmou à Reuters que nenhum ataque do Irã foi registrado em qualquer base americana além de Al Udeid, no Qatar.
O sistema de defesa aérea foi ativado na base aérea americana no Iraque. A recomendação do governo é que soldados devem se abrigar em bunkers.
Irã anunciou que começou uma operação no Oriente Médio. Em comunicado divulgado nas redes sociais, a TV estatal iraniana informou o início da "Operação Anunciação da Vitória" contra as forças militares dos EUA, em resposta aos ataques anteriores a três usinas nucleares iranianas.
EUA monitoram ataques do Irã e Trump convocou uma reunião de emergência com sua equipe de segurança, no Salão Oval. Um alto funcionário do governo norte-americano disse à Reuters que a Casa Branca e o Departamento de Defesa dos Estados Unidos estão cientes e monitorando de perto as potenciais ameaças à base aérea de Al Udeid, no Qatar.
Por enquanto, o governo de Donald Trump insiste em adotar a narrativa de que o ataque foi apenas "simbólico". O posicionamento inicial é de que o ataque de hoje seria uma tentativa do regime em Teerã de mostrar "sua suposta força" a sua própria população, na esperança de manter sua credibilidade. O volume de mísseis seria apenas uma fração do que foi lançado nos primeiros dias dos ataques entre Israel e Irã.
Trump não deve retaliar, segundo avaliação da diplomacia americana. Caso ataque do Irã tenha se limitado aos mísseis lançados contra a base militar dos EUA no Qatar, a avaliação é de que há uma possibilidade de que Trump opte por não retrucar, em especial diante do caráter "telegrafado" da ofensiva iraniana nesta segunda-feira.
Criada em 1996, a base militar dos EUA em Doha, no Qatar, tem hoje 10 mil soldados. A base, com 24 hectares, é localizada ao sudoeste da capital Doha, e é o quartel-general avançado do Comando Central dos EUA. Trata-se de uma das bases mais estratégicas dos americanos no mundo e dirige operações militares dos EUA em uma faixa de território que se estende do Egito, até o Cazaquistão.