Cidade egípcia perdida de 2.500 anos é encontrada por arqueólogos

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Resquícios da antiga cidade de Imet, na região ao norte do Nilo, foram descobertos por especialistas da Universidade de Manchester, no Reino Unido, e de Sadat City, no Egito, e as evidências indicam uma forte cultura espiritual cultivada pela população local.
O que aconteceu
Os achados datam de 2.500 anos atrás, segundo comunicado da universidade britânica. Durante a expedição, os arqueólogos descobriram diversas instalações antigas, como habitações e celeiros.
As escavações aconteceram em Tell el-Fara'in e fazem parte de um projeto liderado por Nicky Nielsen, autor e egiptólogo. Utilizando imagens de satélite de alta resolução, a equipe identificou aglomerados de tijolos de barro antigos. A partir destes achados, foram detectados amplos vestígios arquitetônicos, incluindo torres residenciais.
À rede britânica BBC, Nielsen explicou que os arqueólogos escavaram a área pela primeira vez no século 19. À época, no entanto, os especialistas se concentraram no templo e no cemitério próximos, e não no assentamento.
Os artefatos encontrados no sítio arqueológico refletem uma cultura espiritual bastante presente. Entre os objetos se destacam um ushabti de faiança —pequena estatueta, colocada em tumbas-- datada da 26ª Dinastia, há cerca de 2.300 anos; um monumento conhecido como "stela" em homenagem ao deus Harpócrates que seria usado na proteção contra doenças; e um sistro— instrumento em forma de arco com hastes metálicas— de bronze, enfeitado com as cabeças gêmeas de Hator, deusa da música e da alegria.
Região tinha infraestrutura urbana e comercial
Os arqueólogos verificaram a presença de edifícios de vários andares, sustentados por paredes de fundação espessas. Segundo a equipe, estes edifícios foram projetados pela civilização local para acomodar a população crescente na região, que passava a ser cada vez mais urbanizada.
Essas casas-torre são encontradas principalmente no Delta do Nilo, entre o Período Tardio e a era romana, e são raras em outras partes do Egito. Sua presença aqui demonstra que Imet era uma cidade próspera e densamente construída, com uma infraestrutura urbana complexa. Nicky Nielsen, ao portal da Universidade de Manchester
Com o projeto, Nielsen e sua equipe ampliaram o conhecimento da vida urbana, religiosa e econômica da região durante o século 4 a.C. Foram descobertos também uma área pavimentada destinada ao processamento de grãos e cercados para animais. Segundo os arqueólogos, essa infraestrutura indica uma economia local ativa e importante no contexto religioso.
Uma grande construção com piso de gesso calcário e pilares maciços faz parte do complexo observado durante as escavações. As instalações datam de meados do Período Ptolomaico, que se estendeu até 30 a.C. Segundo Nielsen, a construção está localizada do outro lado de uma estrada ao templo de Wadjet, divindade tida como a padroeira da cidade.
O uso desta rota cerimonial foi reduzido em meados do Ptolomaico. Conforme os especialistas, a interrupção deste costume ilustra as mudanças nas paisagens religiosas do antigo Egito.

Um dos objetos mais curiosos encontrados na missão foi uma panela, posicionada sobre uma lareira. À BBC, Nielsen contou que a panela continha os ossos de tilápia, no que seriam os restos de um ensopado. Ao lado da panela, havia travessas onde o pão teria sido fermentado ao sol.

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