Por que Putin poderia ser preso se viesse ao Brasil para cúpula dos Brics

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Alvo de um mandado de prisão do TPI (Tribunal Penal Internacional), o presidente da Rússia, Vladimir Putin, não viajou para o Rio de Janeiro para participar da cúpula dos Brics.
O que aconteceu
Putin está sob ordem de prisão do TPI desde 2023. Pesam sobre ele suspeitas de deportação ilegal de crianças ucranianas para a Rússia. Moscou nega as acusações.
O Brasil é membro do TPI e, por isso, seria obrigado a executar o mandado de prisão contra ele. O Kremlin já havia informado que o presidente russo não viajaria para o compromisso e que isto se devia "a algumas dificuldades no contexto dos requisitos do TPI".
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) convidou Putin para a reunião da cúpula do Brics, que acontece neste final de semana e amanhã. A Rússia é membro fundador do bloco, formado por Brasil, Índia, China e África do Sul, ao qual também se uniram Egito, Emirados Árabes Unidos, Etiópia, Irã, Indonésia e Arábia Saudita. A organização multilateral que reúne algumas das economias emergentes mais influentes do mundo se consolidou como um contrapeso ao grupo G7, que concentra grande parte da riqueza mundial, nos últimos anos.
O encontro debate assuntos que vão de economia à saúde, além dos conflitos geopolíticos no Oriente Médio. Estava prevista a participação de quase todos os líderes dos países que compõem o bloco, à exceção dos presidentes das maiores economias: Xi Jinping, da China, e Putin. O líder chinês foi representado pelo primeiro-ministro, Li Qiang. Não foi explicado o motivo da ausência dele.
Em vídeo enviado à reunião, Putin destacou que o bloco de países emergentes se tornou uma das principais organizações-chave do mundo com enorme potencial político, econômico e tecnológico e influência em expansão. "Nossa voz é ouvida em alto e bom som em todo o cenário internacional", afirmou.
Putin também disse que o mundo "concentrado" nos EUA está se tornando ultrapassado: "[a ordem unipolar] está sendo substituída por um mundo multipolar mais justo. Tudo indica que o modelo de globalização liberal está se tornando obsoleto, o centro da atividade empresarial está se deslocando para os mercados em desenvolvimento, o que está desencadeando uma poderosa onda de crescimento, inclusive nos países do Brics."
O presidente da Rússia também agradeceu ao presidente Lula pelo "trabalho ativo" dentro do Brics. "É importante que nossos colegas brasileiros tenham se aprofundado nas iniciativas apresentadas durante a presidência da Rússia no ano passado e proposto trabalhar em sua implementação", disse.
Grupo condena ataques
O Brics condenou diretamente, pela primeira vez, os ataques contra o Irã, na declaração final da reunião de cúpula do grupo, divulgada hoje. Mesmo sem mencionar os responsáveis pelos bombardeios —Israel e Estados Unidos— o texto representa uma mudança de tom do grupo, que teve a questão iraniana como um dos impasses do encontro de líderes neste ano.
O documento final do Brics tem uma seção dedicada aos conflitos armados no mundo, intitulado de "Promovendo a Paz, a Segurança e a Estabilidade Internacionais". O grupo expressa preocupação com as guerras em curso, citando, entre outros, o conflito na Palestina, no Sudão, na Ucrânia, no Líbano, entre outros, incluindo a instabilidade no Norte da África.
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