Operário culpa Romney por perda de emprego

Corine Lesnes

Na propaganda, ele fala calmamente do emprego que perdeu por causa de "Mitt Romney e seus amigos no Congresso". Na vida, ele tem o mesmo ar determinado. A casa é a mesma, térrea de poucos cômodos no cruzamento de Canterbury Lane com Hollywood Drive. O capô de sua picape está aberto. Ele está fazendo reparos, usando seu boné da Vestas. A gigante da indústria eólica o demitiu em agosto junto com 90 outros operários, ou seja, cerca de 20% dos funcionários. Chris Maese equipava o interior dos postes. Ele colocava a escada, instalava os fios elétricos.

Eleições 2012 nos EUA
Eleições 2012 nos EUA

Chris Maese, 33, nunca havia participado de política, nem estudado muito. Ele nunca saiu de Pueblo, uma cidadezinha trabalhadora do sul do Colorado. E, quando dizemos Pueblo, na verdade é mais Pueblo do Sul, o bairro abaixo da usina de carvão. Seu pai trabalhava na construção civil, e quando ele "teve idade", Chris entrou na mesma profissão. Ele sempre foi sindicalizado. "Escolhi fazer aquilo sobre o qual o país foi fundado: o trabalho. Faço o melhor possível e sustento minha família de forma honesta".      

Norte-americano responsabiliza Romney por perda de emprego

Com a crise, a construção civil quebrou. Em 2010, quando a Vestas começou a contratar, ele se candidatou. O salário era US$ 8 menor que o da construção civil, de US$ 16,91 (R$ 34,33) a hora, mas o seguro-saúde era bem melhor. A Vestas, uma empresa dinamarquesa, é a maior fabricante mundial de turbinas eólicas. O Colorado conseguiu atraí-la com incentivos fiscais. Os dinamarqueses não suspeitavam que seriam vítimas da política nacional e da grande briga ideológica entre democratas e republicanos sobre a energia e o meio ambiente.      

Já no início de 2012, os funcionários foram avisados de que as encomendas estavam diminuindo, com a expectativa de um acordo no Congresso sobre as reduções tributárias para a produção de energia eólica. Em agosto, quando o Senado se recusou a estendê-las, a Vestas começou a demitir. Sem esses auxílios, os parques eólicos não são lucrativos. Segundo o jornal online "Politico", a extensão dos créditos de impostos estava praticamente certa (até os republicanos locais eram a favor), quando Mitt Romney, o candidato republicano, a frustrou, por acreditar que não existe nenhuma razão para que o governo escolha os vencedores e perdedores da lei do mercado.    

"Eles não se importam"   

Em todo o Estado, 5.000 empregos estão ameaçados. Em Pueblo, de 1.700 operários a usina passou a ter 1.200. Em um domingo de agosto, a direção reuniu os funcionários para anunciar que eles seriam recebidos individualmente a partir do dia seguinte. Na segunda-feira de manhã, os operários tiveram de passar por filas marcadas com cores diferentes, dependendo do destino que lhes havia sido atribuído. Papéis logo foram assinados. "Seu posto foi suprimido". Chris Maese recebeu uma indenização de US$ 2.700. "Mas ela é tributada. No final, só recebi US$ 1.500".   

Chris encontrou um emprego de carpinteiro em meados de setembro. Mas é uma obra de somente quatro meses, e ele leva duas horas por dia para chegar ao trabalho com sua caminhonete. Em setembro, uma amiga que trabalha para a reeleição de Barack Obama lhe propôs gravar uma propaganda para contar sua história. Ele aceitou. "Eu sempre consegui encontrar trabalho. A política não me interessava. Mas tiraram meu trabalho. O seguro de saúde foi tirado de meus filhos. O mais novo só tinha três meses, mas eles não se importam".

A divulgação do vídeo foi financiada pela League of Conservation Voters, uma associação de defesa ambiental que possui seu Super-Pac (comitê de campanha). Desde então, Chris se registrou para votar. E podemos ter certeza disso: esse é um voto que Mitt Romney não terá.      

Tradutor: Lana Lim

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