Por 25 anos, Canadá teve a 'capital mundial' de assassinos em série
Justin Bieber, Ryan Gosling e Rachel McAdams nasceram lá. Mas, durante muito tempo, London --em Ontário, no Canadá-- foi famosa por um tipo bem diferente de personalidade: os assassinos em série.
Apelidada de "Forest City" por sua grande concentração de árvores e parques, a cidade fica situada 240 quilômetros a oeste de Toronto. Entre 1959 e 1984, ela recebeu a maior concentração de assassinos em série do mundo, uma estatística tirada de um livro sobre crimes não elucidados da cidade, mencionada pelo "Guardian".
Em "Murder City: The Untold Story of Canada's Serial Killer Capital", Michael Arntfield, um inspetor de polícia de London, revela documentos conservados por um antigo inspetor da cidade, Dennis Alsop, que havia investigado os assassinatos cometidos durante esse período. Foi seu filho, após a morte de seu pai em 2012, que os repassou para Michael Arntfield, criminologista fascinado por "cold cases" (ou casos não solucionados).
Maior concentração do mundo
Por meio dos documentos reunidos por seu antecessor e com a ajuda de novas tecnologias a sua disposição, Arntfield hoje levanta uma nova hipótese sobre a onda de assassinatos que tomou conta da cidade durante 25 anos. Dos 29 assassinatos cometidos durante esse período, 13 foram atribuídos a três homens: Gerald Thomas Archer, o chamado "assassino de camareiras de London"; Christian McGee, apelidado de "o matador louco"; e Russel Johnson, conhecido como "o assassino da sacada", pois ele subia em sacadas para entrar na casa de suas vítimas.
Dezesseis assassinatos continuam sem solução. Com a ajuda de anotações de Dennis Alsop e de suas próprias pesquisas, o autor conseguiu identificar dois outros assassinos em série, sendo que um deles também seria responsável pela morte de quatro crianças em Toronto. Considerando o modus operandi dos outros casos, ele acredita que entre um e quatro outros assassinos em série estariam envolvidos, e no total, seis assassinos em série teriam agido em London, no mínimo.
Em relação à população da cidade na época, de 170 mil habitantes, esse número valeu à cidade a maior concentração de assassinos em série do mundo, segundo o autor. Proporcionalmente, é como se entre 80 e 90 assassinos em série tivessem agido ao mesmo tempo em cidades como Nova York e Los Angeles.
Proximidades da estrada 401
Além da questão dos números, Michael Arntfield procurou entender o que poderia ter atribuído essa especificidade a London. Ele observou os fatores geográficos: London é uma cidade de porte médio (11ª com maior população no Canadá) e relativamente isolada, próxima da estrada 401, que percorre o sul de Ontário. Um estudo do FBI de fato mostrou que as grandes estradas que atravessam os Estados norte-americanos haviam mudado consideravelmente o cenário criminal dos Estados Unidos, favorecendo as ações de assassinos em série.
O autor também destaca um dado surpreendente: London faz parte dessas cidades que são escolhidas por marcas para efetuar testes quando querem introduzir um novo produto em um país e onde, assim como em Rochester (Nova York), Richmond (Virgínia) e Muncie (Indiana), se constata "uma presença desproporcional de delinquentes violentos ou sexualmente pervertidos".
Embora ele afirme que a proposta de seu livro seja menos "dar nomes aos autores dos assassinatos do que dar sentido a tudo o que aconteceu em London", Michael Arntfield continua sua busca, com ajuda de seu grupo de trabalho na Universidade de Oregon e o público de seu programa de TV "To Catch the Killer".
Tradução: UOL