Um setor secreto do Central Park será reaberto ao público
Desde os tempos em que Fiorello H. La Guardia era prefeito e Franklin D. Roosevelt era presidente, este é um segredo bem guardado de Nova York, para a população, mas não para as aves migratórias, um coiote ocasional de passagem e incômodas plantas invasoras, como as glicínias: uma península de 16 mil metros quadrados no Central Park a qual os zeladores não davam atenção e ao qual o público não tinha acesso.
Ao menos oficialmente.
Agora ela está para se tornar menos isolada. Ela não é aberta regularmente desde os anos 30, mas agora será: das 14h às 17h, três dias por semana até 30 de junho, e quatro dias por semana de 1º de julho até 31 de agosto, em horários ligeiramente diferentes.
A abertura é resultado do trabalho feito pela Iniciativa de Bosques da Conservação do Central Park, um projeto de US$ 40 milhões que envolve a revitalização de áreas do parque de 341 hectares, incluindo o Promontório, como a península era originalmente conhecida.
Ela recebeu manutenção mínima mesmo depois de ser rebatizada Santuário Natural Hallett em 1986, enquanto a Conservação cuidava de partes mais proeminentes do parque. Mas ela permaneceu fechada.
E ainda é, mas agora conta com um novo portão rústico e novas trilhas. Também há um santuário dentro do santuário, bancos no topo do Promontório, doados por Sima Ghadamian, uma mercadora de joias raras que vive perto dali há dois anos, e seu marido, Morad, um investidor e importador de tapetes, e batizado com o nome dos pais dela, Mahrokh e Iradj Sakhai.
"A história é que Robert Moses a fechou porque queria transformá-la em um santuário de aves", disse Douglas Blonsky, que como presidente da Conservação do Central Park é o administrador do parque. Moses se tornou comissário de parques em 1934.
Sim, as aves transformaram o santuário em um ponto de parada a caminho do norte na primavera ou do sul no outono. Mas as árvores e plantas que cresceram ali são do tipo errado: Acer platanoides, cerejeiras-negras, sanguinárias-do-Japão, todas invasoras.
"As glicínias também eram um enorme problema", disse Blonsky. "Em um bosque, ela sufoca tudo e era o que estava acontecendo aqui."
O santuário, em uma grande rocha feita do xisto de Manhattan, estava coberto de glicínias, ele disse. Conduzindo uma visita ao santuário na quarta-feira, ele disse que ainda há raízes nas frestas na rocha, apesar dos esforços dos funcionários do parque para arrancá-las.
Blonsky disse que os funcionários deram início ao trabalho intensivo de limpeza do santuário há cerca de 15 anos. Ele se tornou parada para excursões de alunos colegiais, com os funcionários abrindo um portão, mas não era um espaço aberto ao público, apesar dele ter dito que moradores de rua eram com frequência encontrados lá dentro.
"Eu pensei: 'Estou passando por um momento tão difícil e conto com um sistema de apoio com família e amigos'", ela disse. "Eu pensei: 'Quão difícil é estar em Nova York e não contar com isso, não ter um lugar ao qual alguém possa ir'."
O santuário Hallett deveria ser supostamente esse lugar, mas, ela disse: "O mato tomou conta de tudo". Agora, com novas trilhas e bancos, ela disse, "está exatamente como acho que Frederick Olmsted queria".
Olmsted, ao lado de Calvert Vaux, foi um dos projetistas do parque e, para Ghadamian, ele foi uma figura inspiradora, não apenas por causa do parque, mas também por suas outras realizações, incluindo seu trabalho na Comissão Sanitária dos Estados Unidos, cuja missão era melhorar as condições sanitárias nos acampamentos do Exército da União durante a Guerra Civil, e consequentemente a saúde de seus soldados.
Ghadamian, que nasceu em Teerã, Irã, chegou em Nova York em junho de 1978. Sua primeira lembrança do Central Park é do verão seguinte.
"Eu disse: 'Isto não pode ser um parque' e nunca mais voltei por talvez 15 anos", ela lembrou. "Ele não se parecia com os parques na Inglaterra, onde vivi. Era um depósito de lixo. Parecia um terreno baldio com agulhas (de viciados, antes mesmo da epidemia de crack dos anos 80). "Não tinha alma", ela disse.
Ghadamian e seu marido agora vivem em um apartamento na Quinta Avenida que já pertenceu a Nelson A. Rockefeller. Ele dá vista para o parque e eles podem ver o santuário de suas janelas, levando um visitante a se perguntar por que Rockefeller, que pressionou por tantos projetos de construção quando foi governador, não fez algo a respeito do Promontório.
"Ele provavelmente nunca o notou", ela disse. "Você poderia passar por lá muitas, muitas vezes e nunca notá-lo."
A Conservação estendeu recentemente as linhas de irrigação até o santuário, de modo que os funcionários agora podem regar a área regularmente. Os funcionários também substituíram as plantas invasoras que removeram por espécies nativas, dicentras, estrelas-cadentes e lírios-do-bosque, entre outras.
Ghadamian disse que deixou o plantio aos cuidados da Conservação, por um motivo.
"Não sou uma boa jardineira, nem um pouco", ela disse.
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