Quebra-gelo abre caminho para pesquisas no polo Sul

Joe Eastman
O quebra-gelo Nathaniel B. Palmer, de bandeira norte-americana, iniciou uma expedição na Antártida, em fevereiro de 2013. A bordo, estão cientistas do mundo todo interessados na biodiversidade - tanto a que vive acima quanto a abaixo do gelo - no mar de Ross, local que, por mais de 150 anos, tem sido um "laboratório natural". Ele é considerado o local mais rico (e também um dos mais isolados) do oceano no extremo Sul do planeta devido à grande presença de fitoplânctons
Cassandra Brooks/Stanford
Uma das últimas "aparições" do Sol sobre o mar de Ross, na Antártida, ocorreu no fim de fevereiro, "dando início a mais um longo e duro inverno", relata a pesquisadora Cassandra Brooks em seu blog. Junto com colegas de um programa multidisciplinar da Universidade de Stanford, no Reino Unido, ela estuda a dinâmica do mar congelado com o ecossistema antártico, com foco sobre os fitoplânctons
NOAA/Nasa
Fitoplânctos são micro-organismos vegetais responsáveis pela captação do CO2 e liberação de oxigênio na superfície do oceano - assim como ocorre com as árvores e plantas terrestres -, contribuindo para controlar a temperatura do planeta. Mesmo sendo organismos microscópicos, o fitoplâncton pode ser visto do espaço quando floresce (manchas verdes), como mostra registro no mar de Ross, na Antártida, feito por satélite da Nasa (Agência Espacial Norte-Americana)
Cassandra Brooks/Stanford
O grupo da Universidade de Stanford pretende ser o primeiro a identificar o caminho deste fluxo massivo de carbono através da coluna de água à medida que o verão leva embora o Sol e dá lugar a estações mais frias, com ventos, ondas e neve mais furiosos. Acima, Cassandra Brooks examina um crustáceo coletado na Antártida durante a expedição no mar de Ross
Cassandra Brooks/Stanford
Em paralelo com as pesquisas de fitoplânctons, Cassandra Brooks colocou uma câmera na proa do quebra-gelo Nathaniel B. Palmer por dois meses. O equipamento captou a passagem e os desafios do navio pelo mar de Ross, na Antártida, enfrentando temperaturas abaixo de zero e ventos fortes a mais de 110 quilômetros por hora
John B. Weller
O navio gigantesco rasga as placas de gelo até chegar no mar aberto, abrindo caminho para a água salgada escorrer continente gelado adentro. Esses novos cursos não carregam só água, mas, também, peixes, crustáceos e outros organismos marinhos que são alimentos de pinguins, focas e leões-marinhos - que até então estavam isolados. Quando os blocos de gelo ficavam muito grossos, quando não encalhava (foto), o quebra-gelo Nathaniel B. Palmer navegava de "marcha a ré" para conseguir avançar até outro ponto com os pesquisadores
Rob Robbins
Por dois meses, Cassandra Brooks escreveu em seu blog sobre os animais que vivem sob condições severas do clima antártico. Segundo ela, o mar de Ross guarda espécies de peixes que têm substâncias "anticongelantes" no sangue, pinguins que sobrevivem ao choque do mergulho na água gelada (equivalente a um ataque do coração para as pessoas) e leões-marinhos que usam seus dentes para abrir buracos nas placas de gelo para respirar debaixo d'água
Cassandra Brooks/Stanford
De acordo com a pesquisadora Cassandra Brooks, da Universidade de Stanford, um em cada quatro pinguins da espécie Imperador que habitam o globo são encontrados no mar de Ross. A região antártica é protegida pela distância e pelas camadas de gelo, impedindo o avanço da poluição, da ação humana, da pesca predatória e de espécies invasivas (animais que vêm de outras regiões e desequilibram o ecossistema)
Rob Dunbar
Acima, pinguins Imperador que foram etiquetados pela equipe de pesquisadores a bordo do quebra-gelo Nathaniel B. Palmer. Esses rastreadores vão monitorar os mergulhos, as viagens em busca de comida e o retorno para a colônia, dados úteis para os pesquisadores entenderem mais sobre os hábitos migratórios, de alimentação e reprodução dos pinguins
Cassandra Brooks/Stanford
O Imperador é a maior espécie de pinguim do mundo, chegando a pesar cerca de 40 quilos e ter quase um metro de altura na fase adulta. Além disso, eles são um dos melhores mergulhados entre as aves, capazes de ficar cerca de 20 minutos a 450 metros de profundidade
Cassandra Brooks/Stanford
O pinguim Imperador viaja cerca de 80 quilômetros para o polo Sul no inverno para se reproduzir, ao contrário da maioria das aves e mamíferos antárticos. Por volta do meio do ano, em junho, as fêmeas colocam um ovo e entregam para seus parceiros antes de voltarem para água em busca de crustáceos, peixes e lulas - elas passam cerca de dois meses sem se alimentar, descreve Cassandra Brooks
Kim Goetz
Mas não são apenas os animais que passam fome na Antártida. A pesquisadora Cassandra Brooks também ilustra o seu dia a dia com bom humor, mostrando que briga pelo útlimo pedaço de tomate em alto-mar. Segundo ela, as frutas, como bananas, abacates e abacaxis, não duraram uma semana na dispensa do quebra-gelo Nathaniel B. Palmer, que cruzou o mar de Ross