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Bahia quer usar recursos do Banco Mundial para monitorar região de urânio

Em Brasília

21/10/2015 13h26

O governo baiano quer usar recursos de uma operação de crédito firmada com o Banco Mundial (Bird) para iniciar o programa de monitoramento de águas profundas na região de Lagoa Real e Caetité, onde está localizada a única mina de exploração de urânio de toda a América Latina. A proposta foi anunciada na terça-feira (20), durante audiência pública realizada pela Comissão de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável da Câmara.

Segundo Eduardo Topázio, coordenador de monitoramento do Instituto do Meio Ambiente e Recursos Hídricos (Inema), órgão do governo da Bahia responsável pela gestão de águas no Estado, um termo de referência para oficializar o pedido já está pronto e será encaminhado ao Bird nos próximos dias.

A ideia é sacar recursos de um acordo firmado ainda em 2012 entre o governo baiano e o Banco Mundial, o qual prevê, entre outras ações, que o Inema receba US$ 12,8 milhões para programas ligados à água. "O projeto de monitoramento deverá custar US$ 1 milhão -- o equivalente a R$ 3,9 milhões -- e dará início ao nosso programa de fiscalização das águas profundas", disse Topázio.

A medida faz parte das mobilizações do governo baiano, que tenta dar uma resposta efetiva às denúncias de contaminação de água por urânio. No início deste mês, o Instituto do Meio Ambiente e Recursos Hídricos (Inema), órgão do governo da Bahia responsável pela gestão de águas no Estado, confirmou a presença de alto teor de urânio em um poço da zona rural de Lagoa Real, no sudoeste do Estado, em volume quatro vezes acima do limite tolerado para o consumo humano.

A promessa agora é que centenas de poços da região passem a ser alvos de um monitoramento permanente da qualidade da água. Atualmente, o único monitoramento realizado na região está restrito às águas superficiais. Segundo Eugênio Spengler, secretário de meio ambiente da Bahia, a região será a primeira do país a ter monitoramento subterrâneo, com equipamentos que forneçam dados em tempo real sobre a qualidade da água. "Nossa expectativa é de que, entre um ano e 18 meses, tudo esteja em funcionamento", disse.

No mês passado, o governo também anunciou que vai instalar uma unidade especializada em tratamento de câncer no município de Caetité, decisão que está diretamente associada ao crescente número de casos da doença identificados na região. Segundo a Secretaria de Saúde da Bahia, quando o plano de instalar uma Unidade de Alta Complexidade em Oncologia (Unacon) em Caetité passou a ser desenhado, em 2012, dados já apontavam que havia um volume de pessoas com a doença superior à média de toda Bahia.