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Ibama suspende operações da mineradora Anglo American em MG

Carlos Eduardo Cherem

Colaboração para o UOL, em Belo Horizonte

30/03/2018 15h34Atualizada em 30/03/2018 20h37

Dois dias após o retorno de suas operações, as atividades da mineradora Anglo American foram novamente suspensas por tempo indeterminado pelo Ibama (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Renováveis) nesta quinta-feira (29).

A interrupção das atividades da mineradora, pela segunda vez em menos de 20 dias, por causa de vazamentos no mineroduto na zona rural de Santo Antônio do Grama (MG), distante 210 km de Belo Horizonte, também fez com que a companhia anunciasse nesta sexta-feira (30) que os empregados responsáveis pelas operações dos tubos que transportam a produção de minério de ferro de Minas Gerais para o Rio de Janeiro entrariam em férias coletivas de, pelo menos, 30 dias.

Na noite de quinta-feira, um novo vazamento de polpa de minério de ferro ocorreu sem feridos. A empresa afirma que o material vazado não é perigoso e que o abastecimento de água em Santo Antônio do Grama não foi impactado, pois a captação de água para o município é feita pelo rio Salgado desde o primeiro vazamento.

O Ibama havia suspendido as atividades da Anglo American no dia 12, após o primeiro vazamento, e autorizado a retomada dos trabalhos há dois dias, nesta terça-feira (27). A Secretaria do Meio Ambiente enviou técnicos na manhã desta sexta-feira (30) para checarem a área onde houve o novo vazamento.

MPF investiga

A empresa é alvo de investigações pelos órgãos ambientais desde o primeiro vazamento. O MPF (Ministério Público Federal) abriu inquérito para investigar o primeiro rompimento da tubulação e havia pedido à Justiça o bloqueio imediato de R$ 10 milhões da Anglo American.

Na segunda-feira (12), a tubulação da empresa, que transporta o minério de ferro, se rompeu na zona rural de Santo Antônio do Grama. Aproximadamente sete quilômetros dos rios Santo Antônio e Rio Casca foram afetados pela polpa de minério (composta por 70% de minério e 30% de água) e o abastecimento de água precisou ser suspenso nesses municípios por três dias.

Os órgãos ambientais determinaram que a mineradora cumprisse diversas medidas, sendo a mais urgente a limpeza da calha do ribeirão Santo Antônio do Grama e suas margens. Esse procedimento deve ser realizado até o fim de maio, e já havia sido iniciado. A empresa deverá ainda enviar o projeto de recuperação da área degradada.

Presidente diz que empresa só volta a operar após inspeção

O presidente da mineradora Anglo American, Ruben Fernandes, afirmou nesta sexta-feira (30) que o novo rompimento do duto da mineradora, entre Minas Gerais e o Rio de Janeiro, despejou 174 toneladas de polpa de minério no curso d'água do córrego Santo Antônio, o mesmo do desastre anterior, em 12 de março, quando foram despejadas mais de 300 toneladas.

O executivo disse também que ainda não há definição de quantos empregados do total de 2.500 entrarão em férias coletivas. Segundo Fernandes, a empresa espera voltar a operar em cerca de 30 dias. 

Fernandes disse ainda que a companhia fará uma inspeção em todo os 529 km do mineroduto, entre os dois estados. Ele afirmou que as trincas que provocaram os dois vazamentos de polpa de minério foram em peças diferentes da tubulação do mineroduto, com uma distância de 400 metros entre elas.

"A empresa só vai retomar as operações depois de rastrearmos o mineroduto", afirmou.

Fernandes disse que a previsão para produção neste ano era de 13 milhões de toneladas, mas agora este número será revisto.

Ele explicou que, com a suspensão das atividades, a empresa terá que reprogramar as entregas, pois não há mais estoque de minério no Porto do Açu, em São João da Barra (RJ), que recebe o minério por meio do duto. 

"Tínhamos estoque no porto quando do primeiro incidente, para cerca de 15 dias ou um pouco mais. Esse estoque foi consumido. Com essa parada maior, com certeza, a gente vai ter um impacto nos próximos embarques."