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Da cremação às águas-vivas: 5 fontes alternativas de energia que você talvez não conheça

Jessica Lee/Eyeem
Imagem: Jessica Lee/Eyeem

21/07/2017 19h19

Organizações internacionais e gigantes petrolíferas, como a British Petroleum, estimam que até 2035 a demanda global por energia aumentará em cerca de 40%.

Segundo a companhia, os combustíveis fósseis - como petróleo, carvão, gás natural e gás liquefeito de petróleo - vão satisfazer dois terços dessa demanda.

Mas, em determinado momento, vão acabar. Por isso, se fala cada vez mais em energia renovável.

Algumas - como o vento, o sol ou a água da chuva - são bem conhecidas.

No entanto, há outras fontes naturais de geração de energia renovável - e sustentável - menos convencionais das quais você talvez ainda não tenha ouvido falar.

É o que chamamos de tecnologias passivas, uma vez que as ativamos inconscientemente.

1. Energia cinética: como seus passos podem iluminar uma boate

As 250 mil pessoas que circulam por dia na Estação Central de Estocolmo, na Suécia, geram calor ao se movimentar.

E uma empresa de ventilação sueca usa esse calor para fornecer calefação à estação.

Tudo isso graças a um sistema que permite capturar esse calor e usá-lo para aquecer a água por meio do próprio sistema de ventilação do metrô. Com isso, é possível economizar até 25% de energia.

Além disso, há boates em diferentes partes do mundo, como na Holanda e no Japão, em que os passos do público na pista de dança possibilitam gerar energia elétrica.

A empresa holandesa Energy Floors é uma das líderes nesse mercado, que contempla várias empresas chinesas.

A tecnologia funciona da seguinte maneira: a energia gerada pela movimentação das pessoas faz com que as luzes de LED da pista de dança acendam e funcionem como sistema de iluminação.

É como se fosse uma pista de dança sustentável.

Há também calçadas com uma tecnologia que gera energia quando os pedestres caminham sobre ela. O sistema foi patenteado pela empresa britânica Pavegen e usado, por exemplo nos Jogos Olímpicos de 2012, realizados em Londres.

A ideia é poder usar essa alternativa para alimentar sistemas elétricos da cidade, como painéis publicitários e sinais de trânsito.

2. Energia limpa que vem de crematórios

A cremação também pode ser usada como uma fonte de energia sustentável.

A iniciativa teve início há cerca de cinco anos, no crematório da pequena cidade de Halmstad, na Suécia, após uma vistoria ambiental nas instalações do cemitério ter recomendado a construção de novos fornos para cremação.

Pouco tempo depois, isso se converteu em uma possibilidade de energia renovável ​​em diferentes partes do mundo, como o Reino Unido e a Dinamarca.

O objetivo é reciclar o calor gerado durante a cremação e aproveitar essa energia.

John Troyer, vice-diretor do Centro para Morte e Sociedade (CDAS, na sigla em inglês) da Universidade de Bath, no Reino Unido, disse à BBC que esse processo é conhecido como "captura de calor" e esclareceu que a energia usada é proveniente do gás, e não do corpo cremado.

Em Redditch, uma pequena cidade do condado inglês de Worcestershire, esse calor permite aquecer uma piscina pública - o projeto recebeu o Prêmio Green Applede práticas ambientais em maio de 2013, pouco antes de sair do papel.

E na Áustria há escritórios que também recebem iluminação possibilitada pela energia gerada assim.

Há, no entanto, questionamentos éticos em relação a esse sistema no que se refere ao respeito aos mortos - há quem considere a prática um "escândalo moral".

De acordo com o código de ética da Federação Internacional de Cremação, criado em 1937, "os produtos ou resíduos de uma cremação não devem ser usados para fins comerciais".

3. Lixo que se transforma em energia

Detritos deixados na lata de lixo também podem se converter em uma forma interessante de energia renovável.

Esse sistema já funciona em várias províncias do Uruguai e em países europeus, como a Noruega, que chegou a importar lixo de outros países diante da experiência bem-sucedida.

"Minimizamos os impactos ambientais por meio do controle e tratamento das emissões líquidas e gasosas", afirmou a Divisão de Engenharia Sanitária e Ambiental do Município de Maldonado, no Uruguai, que diz obter cerca de 1,5 mil megawatts por hora a cada ano, graças a esse sistema.

É que, quando os componentes são reduzidos a líquido e biogás (composto 50% de gás metano), é possível transformá-los em energia reutilizável.

O gás metano também está sendo aproveitado por uma cidade às margens do Lago Kivu, entre Ruanda e a República Democrática do Congo, onde a companhia americana Contour Global instalou uma usina de energia.

O projeto usa o gás metano encontrado nas águas profundas do lago para gerar eletricidade com baixa emissão de carbono.

Com essa iniciativa, o governo de Ruanda espera aumentar o número de domicílios com acesso à eletricidade.

Estima-se que nas águas do lago haja cerca de 60 milhões de metros cúbicos de metano e 300 bilhões de metros cúbicos de dióxido de carbono.

4. O poder das algas e da água-viva

Já no mar podemos encontrar outras fontes inusitadas de energia, como a água-viva.

Pesquisadores descobriram que uma proteína verde (GFP, na sigla em inglês) desses seres marinhos permite gerar luz fluorescente.

Cientistas da Universidade de Tecnologia Chalmers, na Suécia, estudam como usar essa proteína para criar um dispositivo que possa ser usado para gerar energia solar e permita baratear os custos dessas instalações.

Eles também estão estudando como criar dispositivos flutuantes mecânicos que usem essa fonte de biotecnologia.

5. Café, chocolate e outros combustíveis naturais

O empresário Arthur Kay, dono da empresa Biobean, quer, por sua vez, que os famosos ônibus de turismo de Londres sejam movidos a café.

A companhia converte os resíduos que sobram dos grãos de café de cadeias internacionais - como o Costa Café - em combustível.

Em cidades como Londres, que sofrem com a poluição, o projeto pode ajudar a melhorar a qualidade do ar.

"Enquanto as pessoas continuarem a tomar café, haverá resíduos para a gente aproveitar", disse o empresário à BBC.

Outras opções que têm sido testadas são o chocolate (em lugares como Warwick, na Inglaterra) e águas residuais (na Espanha).