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A cidade que espera há 10 anos para mudar de lugar após contaminação

16/08/2018 12h53

Cerro de Pasco, no Peru, é, em sua essência, uma enorme mina a céu aberto - localizada a 4,3 mil metros de altitude.

Os níveis de metais pesados no solo e na água são extremamente altos e vem causando sérios problemas de saúde em seus moradores.

“Meu filho tem chumbo, arsênio, cádmio, mercúrio e todo tipo de minerais em seu sangue”, diz Irma Estrella, mãe de Jhan Estrella.

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“Ele não consegue andar e movimentar o joelho, e seus nervos estão ficando paralisados.”

Ela conta que a poeira da mina entra nas casas pela janela e contamina a água, as frutas, recipientes e panelas.

“Então, estamos consumindo isso. Tudo em Pasco é contaminado pela mineração.”

Em 2008, o Congresso peruano aprovou uma lei para mudar a cidade inteira de lugar.

Os moradores ainda estão esperando por isso.

A filha de Marcos Castañeda, Sherli, de 11 anos, foi diagnosticada com leucemia.

“Foi da noite para o dia. Seu nariz passou a sangrar. Pensamos que era por causa de uma gripe ou de uma dor de cabeça”, conta Castañeda.

“Fomos na farmácia, compramos umas pastilhas e demos para ela. No dia seguinte, o sangramento voltou e não parou mais.”

O governo do Peru já decretou estado de emergência de saúde pública três vezes em Cerro de Pasco.

Mas não concorda que a causa seja a mineração.

A empresa peruana Volcan opera a mina da cidade.

Desde o ano passado, a gigante anglo-suíça Glencore é dona da maioria de suas ações.

Ela diz que a Volcan tem trabalhado com as principais partes interessadas e tomado, há décadas, as medidas necessárias para lidar com as questões ambientais na região.

Os moradores discordam. “Fico revoltada que meu filho esteja tão doente. Ele não é hoje uma criança saudável por causa da mineração”, diz Estrella.

“As empresas que atuam em Pasco lucram muito enquanto nós e nossas crianças temos problemas de saúde por causa de intoxicação por chumbo.”