Tailândia é o principal mercado do "marfim de sangue", acusam ONGs
Um dos destinos turísticos mais procurados do sudeste asiático, a Tailândia possui, além de belezas naturais, a "triste" fama de ser o principal mercado mundial de venda de produtos feitos de "marfim de sangue", segundo denúncias de organizações ambientalistas.
A tradição tailandesa da talha de marfim e as "lacunas legais" relacionadas às normas de comercialização do material transformam o país em um "paraíso para o contrabando" de presas de elefantes africanos extraídas por caçadores na região da África Central.
"A Tailândia possui uma regulação própria que permite a venda de produtos fabricados com marfim desde que a matéria-prima seja procedente do próprio país. Lei da qual os traficantes se aproveitam", explicou a responsável pelo programa da WWF para espécies na área do Mekong, Nick Cox.
"É impossível diferenciar um pedaço de marfim legal, que provém de um elefante local de um importado ilegalmente da África. A única solução é proibir toda a venda", afirmou.
A organização ambientalista lançou no começo do ano uma campanha mundial para reivindicar que o governo tailandês proíba o comércio de marfim, iniciativa que recebeu o apoio de várias estrelas de Hollywood como Leonardo DiCaprio, Alyssa Milano e Ian Somerhalder.
"Apóio a WWF e as outras petições a favor da proteção dos elefantes por meio da proibição do comércio de marfim na Tailândia", escreveu DiCaprio em uma carta enviada à primeira-ministra do país, Yingluck Shinawatra. E, sua resposta, ella afirmou que levará em "consideração" a petição que já conta com mais de meio milhão de assinaturas.
Pressão na Cites
Essa campanha coincide com a Cites (Convenção sobre o Comércio Internacional de Espécies Ameaçadas de Fauna e Flora Silvestre), que acontece em Bancoc até 14 de março.
A WWF entregou a Shinawatra, na última quarta-feira (6), 500 mil assinaturas que pediam que a Tailândia anunciasse a proibição do comércio de marfim durante a Cites.
A ONG também solicitou publicamente aos 177 países-membros da Cites que eles imponham sanções "aos países que são cúmplices do comércio ilegal de marfim", principalmente a Nigéria e a República Democrática do Congo, que são exportadoras, e a Tailândia, a principal importadora.
As autoridades tailandesas se comprometeram recentemente a garantir o cumprimento estrito das leis que regem o comércio de marfim, e a aumentar a fiscalização sobre as mais de 300 empresas que se dedicam à produção, ao processamento e ao comércio deste material no país.
"Se uma empresa descumprir as normas, receberá uma advertência. Mas se o caso for reincidente, pediremos ao Ministério de Comércio o cancelamento de sua licença", disse o diretor do Departamento de Parques Nacionais, Vida Silvestre e Conservação da Tailândia, Theerapat Prayurasiddhi.
Incentivo do turismo
No país, figuras e lembranças talhadas em marfim podem ser compradas sem problemas nos mercados das cidades e em pontos turísticos.
"Muitos turistas estrangeiros ficariam horrorizados se soubessem que as peças de marfim vendidas nessas lojas provêm de elefantes massacrados na África", afirmou Elisabeth McLellan, diretora do Programa Global de Espécies de WWF.
Existem cerca de 600 mil elefantes na África, que sobrevivem graças aos programas de proteção. Número pequeno, já que, na década de 1960, milhões deles habitavam as savanas africanas. Este dado é ainda mais preocupante se for levado em conta que os elefantes são os animais mais desejados pelos caçadores devido ao lucrativo comércio do marfim.
Segundo dados da WWF, o tráfico internacional de marfim atingiu sua maior marca da história, ficando acima de 40 mil toneladas em 2012, uma quantidade que representa a morte de cerca de 30 mil elefantes.
O tráfico ilegal de espécies é, segundo dados das Nações Unidas, o terceiro maior crime organizado em geração de volume de negócios em escala mundial, e movimenta entre US$ 18 milhões e US$ 26 milhões por ano (entre R$ 35 milhões e R$ 52 milhões).
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